Blade - O primeiro grande sucesso de um heroi negro
Este filme faz parte da minha coleção por vários motivos. Um deles é que o protagonista é negro, num tipico filme de ação, onde em geral, somos retratados como bandidos.
O ponto positivo vai também da "mocinha", também ser negra e o vilão é branco. A mensagem do diretor não poderia ser mais direta: ele não está falando de vampiros.
Mas ele foi tão obvio, que nas sequências seguintes a coisa foi diluida em mais ação inconsequênte, sem dar chance a estas comparações.
Mesmo assim, veja e reveja.
Blog criado maio de 2005 para divulgação da História Antiga e Contemporânea do Povo Negro.
segunda-feira, novembro 27, 2006
quarta-feira, novembro 22, 2006
DJAVAN É TUDO DE BOM
NEM UM DIA (Djavan)
Nem um dia
Djavan
Composição: Djavan
Um dia frio
Um bom lugar prá ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo
Um dia triste
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você
E tudo me divide (bis)
Longe da felicidade e todas as suas luzes
Te desejo como ao ar
Mais que tudo
És manhã na natureza das flores
Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes
Não te esquecerei um dia
Nem um dia
Espero com a força do pensamento
Recriar a luz que me trará você
E tudo nascerá mais belo
O verde faz do azul com o amarelo
O elo com todas as cores
Pra enfeitar amores gris(bis)
Um dia frio
Um bom lugar prá ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo
Um dia triste
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você
E tudo me divide
Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes
Não te esquecerei um dia
Nem um dia
Espero com a força do pensamento
Recriar a luz que me trará você
E tudo nascerá mais belo
O verde faz do azul com o amarelo
O elo com todas as cores
Pra enfeitar amores gris(bis)
Nem um dia
Djavan
Composição: Djavan
Um dia frio
Um bom lugar prá ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo
Um dia triste
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você
E tudo me divide (bis)
Longe da felicidade e todas as suas luzes
Te desejo como ao ar
Mais que tudo
És manhã na natureza das flores
Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes
Não te esquecerei um dia
Nem um dia
Espero com a força do pensamento
Recriar a luz que me trará você
E tudo nascerá mais belo
O verde faz do azul com o amarelo
O elo com todas as cores
Pra enfeitar amores gris(bis)
Um dia frio
Um bom lugar prá ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo
Um dia triste
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você
E tudo me divide
Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes
Não te esquecerei um dia
Nem um dia
Espero com a força do pensamento
Recriar a luz que me trará você
E tudo nascerá mais belo
O verde faz do azul com o amarelo
O elo com todas as cores
Pra enfeitar amores gris(bis)
quinta-feira, novembro 16, 2006
Quem foi Zumbi ?
Ainda hoje, passados, 311 de seu assassinato há duvidas históricas se Zumbi realmente existiu. Se este era mesmo seu nome, se era apenas uma lenda, ou seja, quem foi Zumbi?
O termo Zumbi, pode ter derivado segundo alguns historiadores de Jimvi ou Jimbi, que traduzido da língua N`angola, que dizer – o de barbas brancas, o pai, o velho, o chefe. O polemico estudioso baiano Francisco Nina Rodrigues relata a palavra Zambi, como rei. Vários zambis seriam generais, sendo assim, não um nome próprio e sim um cargo de comando.
O historiador Décio Freitas faz uma pesquisa mais minuciosa no livro “Palmares: Guerra dos Escravos”, lançado em 1984, onde calcula o nascimento de Zumbi, em 1655, numa das comunidades que formavam o grande Quilombo dos Palmares. A data coincide com a primeira expedição militar contra a comunidade, ordenada pelo então governador de Pernambuco, Francisco Barreto. As tropas foram comandadas por Brás da Rocha Cardoso, que fracassou no seu objetivo principal - destruir o quilombo, mas conseguiu capturar várias pessoas, entre elas um bebê – o pequeno Zumbi.
O recém-nascido foi entregue ao padre português, Antônio Melo, no povoado de Porto Calvo. Isto é comprovado através de cartas do religioso, que retornou a Portugal em 1682. Ele batiza o menino de Francisco, e lhe ensinou a ler e escrever em português e latim – língua usada nas celebrações eucarísticas da época. Com 10 anos Zumbi já demonstrava uma inteligência incomum.
Aos 17 anos, Zumbi, foge de volta para Palmares, onde devido sua coragem em batalha, é escolhido para o exercito de resistência. Em 1673, consegue a façanha, aos 18 anos, de derrotar as tropas de Antonio Jacome Bezerra, sendo promovido assim a cabo-de-guerra. Em 1677 ajuda a desbaratar a expedição de Fernão Carrilho, contra Palmares, e aos 22 anos, é elevado a general-das-armas. Nesta mesma época, acaba se casado com uma mulher branca de nome Maria, oriunda de uma fazenda vizinha ao Quilombo.
Contra a expedição militar de Manoel Lopes Galvão Zumbi recebe um grave ferimento na perna e fica coxo pelo resto da vida. Em novembro de 1678, ele substitui no comando central de Palmares, seu tio Ganga Zumba, traído e envenenado num acordo com o Governo de Pernambuco, do qual era contra, por não confiar no tratado de paz assinado.
No dia 26 de março de 1680, é oferecido um outro tratado de paz, mas para Zumbi, em troca da deposição das armas dos palmerinos. Zumbi não responde e continua a luta. No dia 26 de fevereiro de 1685, o próprio rei de Portugal endereça uma carta assinada, oferecendo paz a Zumbi, o nomeando Capitão de Palmares, mas dando liberdade apenas à parte dos moradores de Palmares. Ele recusa, mas conseguia diplomaticamente, mas tempo de trégua das invasões contra o Quilombo.
Em 1686 os senhores de engenho e o Governo de Pernambuco patrocinam um enorme exercito mercenário, chefiado pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho. Com ajuda de canhões, comprados da Inglaterra, consegue derrubar as defesas do Quilombo, na madrugada no dia 6 de fevereiro de 1694. Zumbi escapa ferido, mas se recupera e em menos de um ano organiza uma tropa com mais de 2 mil pessoas e trava uma luta de guerrilha nas matas, emboscando as tropas que o perseguiam, e ainda liberta negros das senzalas.
No dia 20 de novembro de 1695, o bandeirante André Furtado, captura Antonio Soares, um dos companheiros de Zumbi, e sob tortura, consegue armar uma emboscada. Ele e mais 5 guerreiros são praticamente fuzilados, nas matas da Serra dos Dois irmãos. Para comprovar o feito, o bandeirante transportou o corpo até o Povoado de Porto Calvo e apresentou na Câmara Municipal. Num exame corporal Zumbi apresentava 15 ferimentos à bala. Teve seu órgão sexual cortado, e um olho arrancado num ato de selvageria, além de ter decepado a mão direita.
Atestaram a identidade de Zumbi, Banga, companheiro de Zumbi capturado, os escravos negros Francisco e João e o senhor de engenho Antonio Pinto. Salgada em sal fino a cabeça do líder negro foi exibida por ordem do então governador Melo e Castro em praça pública, como forma de intimidação a novas rebeliões negras ou formação de quilombos.
Segundo o historiador Irineu Joffily Zumbi, teve um filho, capturados aos 20 anos, durante a tomada do Quilombo dos Palmares. Na primeira oportunidade ele fugiu e teria formado no estado da Paraíba, juntamente com outros sobreviventes de Palmares, o Quilombo dos Craúnas, no vale do Piancó.
Zumbi realmente existiu, a Historia confirma com farta documentação.
O termo Zumbi, pode ter derivado segundo alguns historiadores de Jimvi ou Jimbi, que traduzido da língua N`angola, que dizer – o de barbas brancas, o pai, o velho, o chefe. O polemico estudioso baiano Francisco Nina Rodrigues relata a palavra Zambi, como rei. Vários zambis seriam generais, sendo assim, não um nome próprio e sim um cargo de comando.
O historiador Décio Freitas faz uma pesquisa mais minuciosa no livro “Palmares: Guerra dos Escravos”, lançado em 1984, onde calcula o nascimento de Zumbi, em 1655, numa das comunidades que formavam o grande Quilombo dos Palmares. A data coincide com a primeira expedição militar contra a comunidade, ordenada pelo então governador de Pernambuco, Francisco Barreto. As tropas foram comandadas por Brás da Rocha Cardoso, que fracassou no seu objetivo principal - destruir o quilombo, mas conseguiu capturar várias pessoas, entre elas um bebê – o pequeno Zumbi.
O recém-nascido foi entregue ao padre português, Antônio Melo, no povoado de Porto Calvo. Isto é comprovado através de cartas do religioso, que retornou a Portugal em 1682. Ele batiza o menino de Francisco, e lhe ensinou a ler e escrever em português e latim – língua usada nas celebrações eucarísticas da época. Com 10 anos Zumbi já demonstrava uma inteligência incomum.
Aos 17 anos, Zumbi, foge de volta para Palmares, onde devido sua coragem em batalha, é escolhido para o exercito de resistência. Em 1673, consegue a façanha, aos 18 anos, de derrotar as tropas de Antonio Jacome Bezerra, sendo promovido assim a cabo-de-guerra. Em 1677 ajuda a desbaratar a expedição de Fernão Carrilho, contra Palmares, e aos 22 anos, é elevado a general-das-armas. Nesta mesma época, acaba se casado com uma mulher branca de nome Maria, oriunda de uma fazenda vizinha ao Quilombo.
Contra a expedição militar de Manoel Lopes Galvão Zumbi recebe um grave ferimento na perna e fica coxo pelo resto da vida. Em novembro de 1678, ele substitui no comando central de Palmares, seu tio Ganga Zumba, traído e envenenado num acordo com o Governo de Pernambuco, do qual era contra, por não confiar no tratado de paz assinado.
No dia 26 de março de 1680, é oferecido um outro tratado de paz, mas para Zumbi, em troca da deposição das armas dos palmerinos. Zumbi não responde e continua a luta. No dia 26 de fevereiro de 1685, o próprio rei de Portugal endereça uma carta assinada, oferecendo paz a Zumbi, o nomeando Capitão de Palmares, mas dando liberdade apenas à parte dos moradores de Palmares. Ele recusa, mas conseguia diplomaticamente, mas tempo de trégua das invasões contra o Quilombo.
Em 1686 os senhores de engenho e o Governo de Pernambuco patrocinam um enorme exercito mercenário, chefiado pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho. Com ajuda de canhões, comprados da Inglaterra, consegue derrubar as defesas do Quilombo, na madrugada no dia 6 de fevereiro de 1694. Zumbi escapa ferido, mas se recupera e em menos de um ano organiza uma tropa com mais de 2 mil pessoas e trava uma luta de guerrilha nas matas, emboscando as tropas que o perseguiam, e ainda liberta negros das senzalas.
No dia 20 de novembro de 1695, o bandeirante André Furtado, captura Antonio Soares, um dos companheiros de Zumbi, e sob tortura, consegue armar uma emboscada. Ele e mais 5 guerreiros são praticamente fuzilados, nas matas da Serra dos Dois irmãos. Para comprovar o feito, o bandeirante transportou o corpo até o Povoado de Porto Calvo e apresentou na Câmara Municipal. Num exame corporal Zumbi apresentava 15 ferimentos à bala. Teve seu órgão sexual cortado, e um olho arrancado num ato de selvageria, além de ter decepado a mão direita.
Atestaram a identidade de Zumbi, Banga, companheiro de Zumbi capturado, os escravos negros Francisco e João e o senhor de engenho Antonio Pinto. Salgada em sal fino a cabeça do líder negro foi exibida por ordem do então governador Melo e Castro em praça pública, como forma de intimidação a novas rebeliões negras ou formação de quilombos.
Segundo o historiador Irineu Joffily Zumbi, teve um filho, capturados aos 20 anos, durante a tomada do Quilombo dos Palmares. Na primeira oportunidade ele fugiu e teria formado no estado da Paraíba, juntamente com outros sobreviventes de Palmares, o Quilombo dos Craúnas, no vale do Piancó.
Zumbi realmente existiu, a Historia confirma com farta documentação.
quinta-feira, setembro 14, 2006
Eu e Elas
Mais uma amostra de bom seriado norte-americano, protagonizado por um elenco negro. Aqui no Brasil tirando os seriados "Cidade dos Homens" e "Turma do Gueto", o fato real é que somos meros figurantes nas produções nacionais.
O seriado em questão é excelente , pois trata de um tema pouco debatido: os filhos de pais separados. O texto aborda de forma humoristica, a adaptação da vida do pai dentro de um novo casamento.
Vai ao ar todo sábado por volta das 18 horas no SBT. O horário as vezes muda, mas não se esqueçam, é a TV do Silvio Santos, ele é imprevisível, e a qualquer momento a atraçao saiu do ar.
E esse é mais um motivo para assisti-lo, pois talvez seja uma das poucos oportunidades de ver algo etnicamente diferente.
quarta-feira, agosto 16, 2006
EM MINHA TERRA
Um dos filmes que deve estar chegando às locadoras é o Em Minha Terra, estrelado pelos oscarizados Juliette Binoche e Samuel L. Jackson. É uma história madura de amor e tem como pano de fundo as Comissões da Verdade e da Reconciliação na África do Sul. O que era isso? Assim que tomou posse como presidente Nelson Mandela criou comissões regionais ou municipais para ouvir vitimas e acusados de crimes durante o Apartheid. As pessoas que assumissem suas responsabilidade durante a audiência pública, teriam judicialmente a anistia dos seus crimes.
A Argentina também está fazendo o julgamento dos acusados de crimes durante o Regime Militar, e o mesmo ocorre, de forma lenta, no Chile. Olhando para o Brasil, percebemos que a Anistia de 1979 serviu tanto para os presos políticos, quanto para os torturadores. Mas nunca a nação parou para refletir se isso foi o mais correto.
Muitos dos problemas que hoje temos, começaram neste período nefasto. A abordagem inadequada que a Segurança Publica é tratada. Temos a suspeita que as práticas de torturas para obter confissões ou mesmo dobrar o espírito dos detentos, ainda é aplicada. A forma das policias militar, civil e federal agirem desarticulada no combate ao crime, é fruto de uma redemocratização mal feita. Incrível que na Repressão Política as autoridades tinham uma articulação para prender as pessoas acusadas de subversão política e agora, não.
Mas o filme toca no assunto da culpa de uma forma de agir e pensar africana. Não aconteciam nestas comissões, atos de vinganças das vitimas contra os opressores. Isso não ajuda: é preciso saber que assim, a maldição continuaria. A pedagogia usada na África do Sul foi da Ubuntu – ou seja, do perdão e reunificação do país e das etnias em torno de uma só nação. Feitas as confissões, parentes de mortos e sobreviventes, deveriam seguir juntos para construir um futuro. Ubuntu - todos somos interligados, e uma ação contra qualquer pessoa, atinge o mundo, pois somos também responsáveis.
Nelson Mandela conseguiu assim conduzir eu seu mandato presidencial o país por uma transição que poderia ter acabado em banho de sangue.
O Brasil precisa disso: analisar o que foram as ditaduras Vargas e Militar e seus efeitos sobre o desenvolvimento econômico e social, inclusive sobre os problemas que eram jogados para debaixo do tapete, em nome da Lei de Segurança Nacional e da Ordem e Progresso.
sexta-feira, julho 28, 2006
FRANCISCO SOLANO TRINDADEDO
- Eita negro!
quem foi que disse
que a gente não é gente?
quem foi esse demente,
se tem olhos não vê...
O autor destes versos, Solano Trindade nasceu no dia 26 de junho em 1908, em Pernambuco, sendo um dos maiores poetas, pintores, teatrólogos do Brasil, oriundo da periferia, é que tinha militância afro-brasileira. Este recifense era filho de sapateiro Manuel Abílio, mestiço, sapateiro, e da quituteira Emerenciana, do bairro São José.
Logo na adolescência, deixou a cidade, em direção ao Rio Maravilha – Rio de Janeiro, onde juntamente com lideranças negras como Abdias do Nascimento, organizou o Primeiro Congresso Afro-Brasileiro e posteriormente ajudou a idealizar o Teatro Experimental Negro. Em editorial, o jornal O Globo chegou a afirmar que se tratava de "um grupo palmarista tentando criar um problema artificial no País", ou seja, o racial, na opinião deles, não existia no Brasil, e Solano estaria praticamente o criando. Visão jornalística racista.
Em 1950 conseguiu junto com o sociólogo Edson Carneiro fundar o Teatro Popular Brasileiro, e cinco anos depois organizou a criação do Brasiliana – grupo de dança étnica – revolucionário, e que excursionou pelo Brasil e pelo exterior com muito sucesso.Também no exterior realizou o documentário "Brasil Dança".
Sob a direção inovadora do teatrólogo Solano foi encenada pela primeira vez a peça Orfeu, que depois virou filme, dirigido pelo francês Marcel Cammus, e tornou-se um clássico cinematográfico. Embu, sua cidade adotada, passou a virar parte do mapa cultural do Brasil, com as apresentações do teatro Popular Brasileiro.Nos filmes “Agulha no Palheiro”, “Mistério da Ilha Vênus” e “Santo Milagroso” Solano atuou como ator. Foi também co-produtor no premiado “Magia Verde”.
Na literatura sua atuação pode ser constatada em “Poemas de uma Vida Simples”, “Seis tempos de Poesia” e “Cantares ao meu Povo”.
Ele ainda teve atuação política, como um dos fundadores da Frente Negra Brasileira, e sua poesia sempre tinham como tema a contestação social e racial da realidade brasileira. Entretanto sofreu na carne com isso, um de seus filhos, Francisco, morreu, durante o Regime Militar, torturado.
Morreu no dia 20 de fevereiro de 1974, em um hospital do Rio de Janeiro, praticamente anonimamente.
Fonte: O Negro Escrito, de Oswaldo de Camargo
Tem gente com fome
Tem gente com fome
Tem gente com fome
Só nas estações
Quando vai parando
Lentamente, começa a dizer
Dá de comer
Se tem gente com fome
Dá de comer
Se tem gente com fome
Dá de comer
quarta-feira, julho 26, 2006
TONI TORNADO
Ele já está com 76 anos de idade, mas semelhante a outros membros de nossa etnia, isso não é percebido visualmente – ainda é aquele jovem, que no V Festival da Canção, cantava BR-3, com o punho levantado, imitando a atitude dos integrantes dos Panteras Negras. Antonio Viana Gomes, ou, Toni Tornado.
O ator e cantor nasceu no dia 26 de maio de 1930, em Mirante de Paranapanema, estado de São Paulo, região hoje muito mais conhecida pela concentração de assentamentos do Movimento Sem Terra, liderados por José Rainha.
Sua vida mudou quando aos 11 anos, em 1941, resolveu sozinho, ir para o Rio de Janeiro, onde foi morar na rua como menino de rua. Para sobreviver, ganhava alguns trocados como engraxate e vendedor de amendoim, na praia e nos sinais de transito. Após uma breve passagem por uma instituição de acolhimento a adolescentes carentes, acaba se alistando no Exercito do Brasil, chegando a servir na expedição ao Oriente Médio.
A rápida convivência com soldados norte-americanos, Toni passa a cantar rock, e logo é revelado na Radio Mayrink Veiga, no programa Hoje é dia de rock. Seu talento, logo lhe gerou a oportunidade de integrar o elenco da peça Brasiliana. Foram anos de excursões internacionais, e na passagem pelos Estados Unidos, acabou separando-se do grupo.
Toni Tornado viveu clandestinamente nos Estados Unidos por três anos, sendo fortemente influenciado pelo Movimento Black Power e por James Brown. Em Nova Iorque, no bairro harlem, de predominância negra, por falta de oportunidade acaba trabalhando para traficantes. Neste período também conhece um brasileiro, que viria se tornar famoso no país: o Tião Maconheiro, hoje conhecido como Tim Maia. Mas quando compra um Cadillac chama atenção da policial, e acaba preso e deportado para o Brasil.
Em solo nacional Toni Tornado tem o primeiro choque com o Governo Militar – agentes do DOPS, assustam-se com as cores berrantes e sua roupa, e sua postura altiva, incomum no afro-brasileiro do período e prendem o artista. Mas sua sabedoria negra, o estimula a dar declarações desconexas, deixando nos agentes a imagem de um negro doido. O libertam, mas antes o humilha.
Mas não seria seu primeiro problema com a Ditadura Militar. Em um show da Elis Regina, quando ela canta a musica Black is Beautiful, sobe no palco, dança com o punho levantando, novamente lembrando uma atitude Black Power. Policiais o prendem novamente e eles tentam de novo o humilhar, sem conseguir sucesso. O negrão tinha uma grande força de vontade e resistência.
Em 1972, a fama teatral o leva para a TV Tupi onde interpreta em novelas. Tornado fez inúmeros filmes, com destaque para o papel de Ganga Zumba em Quilombo, dirigido pro Caca Diegues.
Nesta fase televisiva, dois fatos o marcaram: os seis anos de namoro com a atriz Arlete Salles, que foi inclusive perseguida por namorador um negro. E o papel como Rodesio, capanga da viúva Porcina e Roque Santeiro, onde Dias Gomes, o novelista, queria mostrar um final, onde os dois ficassem juntos, mas que o medo do preconceito racial, fez que a idéia fosse abandonada.
Recentemente em entrevista a Revista Carta Capital, o velho Toni Tornado renasceu ao criticar inclusive as novelas da Rede Globo, onde ele e outros atores negros são relegados a pequenos papeis, e as histórias não ajudam na auto-estima da comunidade negra.
O que vai marcá-lo é sua interpretação de Br-3, com o Trio Ternura. Uma atitude no palco que faz falta em muitos cantores negros, excetos nos rappers – alguém que assuma a própria cor.
O ator e cantor nasceu no dia 26 de maio de 1930, em Mirante de Paranapanema, estado de São Paulo, região hoje muito mais conhecida pela concentração de assentamentos do Movimento Sem Terra, liderados por José Rainha.
Sua vida mudou quando aos 11 anos, em 1941, resolveu sozinho, ir para o Rio de Janeiro, onde foi morar na rua como menino de rua. Para sobreviver, ganhava alguns trocados como engraxate e vendedor de amendoim, na praia e nos sinais de transito. Após uma breve passagem por uma instituição de acolhimento a adolescentes carentes, acaba se alistando no Exercito do Brasil, chegando a servir na expedição ao Oriente Médio.
A rápida convivência com soldados norte-americanos, Toni passa a cantar rock, e logo é revelado na Radio Mayrink Veiga, no programa Hoje é dia de rock. Seu talento, logo lhe gerou a oportunidade de integrar o elenco da peça Brasiliana. Foram anos de excursões internacionais, e na passagem pelos Estados Unidos, acabou separando-se do grupo.
Toni Tornado viveu clandestinamente nos Estados Unidos por três anos, sendo fortemente influenciado pelo Movimento Black Power e por James Brown. Em Nova Iorque, no bairro harlem, de predominância negra, por falta de oportunidade acaba trabalhando para traficantes. Neste período também conhece um brasileiro, que viria se tornar famoso no país: o Tião Maconheiro, hoje conhecido como Tim Maia. Mas quando compra um Cadillac chama atenção da policial, e acaba preso e deportado para o Brasil.
Em solo nacional Toni Tornado tem o primeiro choque com o Governo Militar – agentes do DOPS, assustam-se com as cores berrantes e sua roupa, e sua postura altiva, incomum no afro-brasileiro do período e prendem o artista. Mas sua sabedoria negra, o estimula a dar declarações desconexas, deixando nos agentes a imagem de um negro doido. O libertam, mas antes o humilha.
Mas não seria seu primeiro problema com a Ditadura Militar. Em um show da Elis Regina, quando ela canta a musica Black is Beautiful, sobe no palco, dança com o punho levantando, novamente lembrando uma atitude Black Power. Policiais o prendem novamente e eles tentam de novo o humilhar, sem conseguir sucesso. O negrão tinha uma grande força de vontade e resistência.
Em 1972, a fama teatral o leva para a TV Tupi onde interpreta em novelas. Tornado fez inúmeros filmes, com destaque para o papel de Ganga Zumba em Quilombo, dirigido pro Caca Diegues.
Nesta fase televisiva, dois fatos o marcaram: os seis anos de namoro com a atriz Arlete Salles, que foi inclusive perseguida por namorador um negro. E o papel como Rodesio, capanga da viúva Porcina e Roque Santeiro, onde Dias Gomes, o novelista, queria mostrar um final, onde os dois ficassem juntos, mas que o medo do preconceito racial, fez que a idéia fosse abandonada.
Recentemente em entrevista a Revista Carta Capital, o velho Toni Tornado renasceu ao criticar inclusive as novelas da Rede Globo, onde ele e outros atores negros são relegados a pequenos papeis, e as histórias não ajudam na auto-estima da comunidade negra.
O que vai marcá-lo é sua interpretação de Br-3, com o Trio Ternura. Uma atitude no palco que faz falta em muitos cantores negros, excetos nos rappers – alguém que assuma a própria cor.
segunda-feira, julho 24, 2006
Josephine Baker
Este ano ela estaria completando 100 anos de idade, mas quando nasceu em St. Louis, Missouri, Freda Josephine Carson, filha de uma lavadeira e de um musico não dava a menor pista de que seria esta grande estrela e até heroína de guerra, condecorada pelo General Charles De Galle.
Sua infância foi similar a de muitas meninas afro-americanas em um estado sulista e segregacionista, trabalhando como empregada domestica, lavadeira, baba e garçonete. Mas desde a adolescência descobriu se talento artístico e só não começou antes, por causa da recusa de teatros em aceitá-la ainda menor de idade.
Aos 18 anos, surgiu a grande chance, quando trabalhava como camareira da cantora de blues Clara Smith. Cinco anos implorando por uma chance e na ausência da diva, ela foi substituí-la de última hora e foi aplaudida. Um ano depois já estava em Paris com o show Revue Nègre, com uma ousadia incomum, dançava no teatro da Champs Elysées apenas de tanga e coberta por penas. Simplesmente a platéia ficou boquiaberta por gente como Léger, VanDongen, Jean Cocteau e Dorius Milhaud. Não demorou e transformou em marca registrada uma tanga de banana.
E a menina do Missouri foi aceita na Europa, chegando a virar sinônimo de brilhante = Bakerfix. O sucesso veio junto com conquistas materiais, sendo vistas nas noites francesas com um carro de luxo Voisin e um leopardo acoleirado de nome Chiquita. E na vida pessoa pode ser cortejada por muitos homens, mas nenhum definitivamente conquistou seu coração.
Quando estoura a Segunda Guerra Mundial, foi chamada para animar os soldados da Resistência Francesa, chegando inclusive a trabalhar para o serviço secreto dos Aliados. Após a guerra morou majestosamente no Castelo de Milandes, em Castelnau-la-Chapelle. Lá adotou doze crianças órfãs, de diversas etnias.
Uma de suas poucas frustrações foi à falta de reconhecimento em seu país, só corrigido em 1973, no Carnegie Hall, Nova Iorque, mas quando visitava os Estados Unidos foi muito discriminada. Isso a motivou a engajar na luta norte-americana de Combate ao Racismo, chegando a participar da Marcha de Washington, em 1963. Ela chegou a processar a loja Stork Club de Nova York, por causa de um atendimento que considerava racista.
Ela esteve no Brasil pela primeira vez em 1929, apresentou-se no Teatro Casino, no Rio de Janeiro. Retornou com sucesso em 1952, contracenando com Grande Otelo no show "Casamento de Preto", onde cantava "Boneca de Piche" em português. Voltou mais uma vez em 1963 para uma temporada no Copacabana Palace. A última vez no Brasil em 71, no Rio, em Belo Horizonte e Porto Alegre quando também se apresentou no programa do polemico Flávio Cavalcanti.
Consagrada e aplaudida no mundo todo Josephine Baker morreu em 1975.
Josephine Baker
Sua infância foi similar a de muitas meninas afro-americanas em um estado sulista e segregacionista, trabalhando como empregada domestica, lavadeira, baba e garçonete. Mas desde a adolescência descobriu se talento artístico e só não começou antes, por causa da recusa de teatros em aceitá-la ainda menor de idade.
Aos 18 anos, surgiu a grande chance, quando trabalhava como camareira da cantora de blues Clara Smith. Cinco anos implorando por uma chance e na ausência da diva, ela foi substituí-la de última hora e foi aplaudida. Um ano depois já estava em Paris com o show Revue Nègre, com uma ousadia incomum, dançava no teatro da Champs Elysées apenas de tanga e coberta por penas. Simplesmente a platéia ficou boquiaberta por gente como Léger, VanDongen, Jean Cocteau e Dorius Milhaud. Não demorou e transformou em marca registrada uma tanga de banana.
E a menina do Missouri foi aceita na Europa, chegando a virar sinônimo de brilhante = Bakerfix. O sucesso veio junto com conquistas materiais, sendo vistas nas noites francesas com um carro de luxo Voisin e um leopardo acoleirado de nome Chiquita. E na vida pessoa pode ser cortejada por muitos homens, mas nenhum definitivamente conquistou seu coração.
Quando estoura a Segunda Guerra Mundial, foi chamada para animar os soldados da Resistência Francesa, chegando inclusive a trabalhar para o serviço secreto dos Aliados. Após a guerra morou majestosamente no Castelo de Milandes, em Castelnau-la-Chapelle. Lá adotou doze crianças órfãs, de diversas etnias.
Uma de suas poucas frustrações foi à falta de reconhecimento em seu país, só corrigido em 1973, no Carnegie Hall, Nova Iorque, mas quando visitava os Estados Unidos foi muito discriminada. Isso a motivou a engajar na luta norte-americana de Combate ao Racismo, chegando a participar da Marcha de Washington, em 1963. Ela chegou a processar a loja Stork Club de Nova York, por causa de um atendimento que considerava racista.
Ela esteve no Brasil pela primeira vez em 1929, apresentou-se no Teatro Casino, no Rio de Janeiro. Retornou com sucesso em 1952, contracenando com Grande Otelo no show "Casamento de Preto", onde cantava "Boneca de Piche" em português. Voltou mais uma vez em 1963 para uma temporada no Copacabana Palace. A última vez no Brasil em 71, no Rio, em Belo Horizonte e Porto Alegre quando também se apresentou no programa do polemico Flávio Cavalcanti.
Consagrada e aplaudida no mundo todo Josephine Baker morreu em 1975.
Josephine Baker
quinta-feira, julho 20, 2006
Correções e contribuições na História de Esmeraldo Tarquínio
Um dos principios que norteiam na contrução deste blog, é que não sou dono da verdade. E mantendo este compromisso vou expor a contribuição do jornalista Antonio Lucio sobre a História do Esmeraldo Tarquínio, que abordei, quando analisei a comunidade negra e a Ditadura Militar.
Segue Abaixo o texto:
MARCO ANTONIO, meu objetivo é apenas o de colaborar, fazendo com que não sejamos alvo de chacotas por desconhecermos fatos relacionados com a participação política de cidadãos negros no processo político brasileiro nos últimos 40 anos.Como colaborador, eleitor e ex-secretário político de ESMERALDO SOARES TARQUINIO DE CAMPOS FILHO (ESMERALDO TARQUNIO)de 1962/1969, tenho o dever de fazer as devidas correções no texto postado sobre sua atuação política. Nascido em São Vicente, Esmeraldo realmente fez politica na vizinha cidade de Santos, onde se elegeu Vereador em 1959 pelo então Partido Socialista Brasileiro (PSB), tendo como Vereador sido´Líder do Prefeito José Gomes na Câmara Municipal de Santos. Em 1962, como candidato da coligação MTR/PTN, foi eleito Deputado Estadual com 7.193 votos (5.800 conquistados em Santos). Foi candidato pela primeira vez em 1965, tendo sido derrotado por Silvio Fernandes Lopes. No ano de 1966, foi re-eleito Deputado Estadual com mais de 30.000 votos pelo então emergente partido político MDB que teve sua atuação política concedida pelos governantes da época, em função da extinção das antigas greis partidárias, cuja posse para o novo mandato ocorreu em 1967. Em novembro de 1968, foi eleito pelo MDB prefeito de Santos com expressiva maioria de votos com a posse prevista para abril de 1969. No dia 13 de março de 1969, teve cassado seu mandado de Deputado Estadual e suspenso seus direitos políticos por 10 anos, fato que impediu sua posse no cargo de Prefeito para o qual foi eleito no ano anterior. SÓMENTE ESTA É A REALIDADE DE SUA ATUAÇÃO POLÍTICA. Em reconhecimento a sua luta política em benefício da cidade e da Baixada Santista, a Prefeitura da Estância Balneária de Santos, perpetuou seu nome num prédio público, denominando SALA PREFEITO ESMERALDO TARQUÍNIO, o salão nobre do sodalício municipal. A denominação de PONTE DEPUTADO ESMERALDO TARQUINIO, que liga São Paulo ao litoral sul paulista, foi o reconhecimento do governo do Estado por sua luta para a construção de nova ponte em substituição a antiga ponte sobre o estuário.
ANTONIO LUCIO - Jornalista, Político e mentor de POLCOMUNE (POLÍTICA & COMUNIDADE NEGRA).
segunda-feira, julho 17, 2006
Syriana - A Indústria do Petróleo
Assistam. É simplesmente inteligente. Sem moralismo e discursos. Bem direto. E vale também pela atuação do ator afro americano Jeffrey Wright.
Recomendação: Veja o DVD vagarosamente, um pouco por dia, como um livro. Assim terá tempo para refletir. Parece um conselho esquisito, mas Syriana não é um roteiro típicamente americano fast food. É bem melhor.
Veja abaixo o trailer
Syriana
sexta-feira, julho 14, 2006
Antonio Frederico de Castro Alves
Antonio Frederico de Castro Alves nasceu no dia 14 de março de 1847, filho de Clélia Brasília da Silva Castro e Antonio José Alves. Com oito anos de idade, em Salvador, perde a mãe. Seu pai foi uma grande influencia na sua formação abolicionista, pois era tinha um comportamento como médico assistencialista junto a população negra.
Aos 15 anos de idade, ele e o irmão, José Antonio vão continua seus estudos na capital de Pernambuco, Recife. Lá toma contato com os movimentos abolicionista. Já em 1963 publica seu primeiro poema sobre afro-brasileiro: “A Canção do Africano”. No mesmo tempo acaba se apaixonando por uma atriz portuguesa de teatro, Eugênia Câmara.
O ano de 1864, o poeta sofre um forte abalo emocional, seu irmão José, entra em depressão que depois se mata. Nem sua admissão na Faculdade de Direito do Recife, o acaba animando. Passa longos períodos de tristeza e dedica-se cada vez mais a literatura. É neste clima que escreve seus poemas “Mocidade e Morte”, “O Século” e “Os Escravos”.
Em 1866 acontece mais um fato triste na vida de Castro Alves, seu pai, morre. Ele acaba entrando assim de cabeça no abolicionismo, para esquecer a situação e por convicção e acaba conhecendo um promissor estudante e político, Rui Barbosa e juntos fundam uma organização de combate a escravidão.
No mesmo tempo que se dedica a política abolicionista, o poeta é também um sucesso no mundo artístico, quando declama no Teatro Santa Isabel o poema “Pedro Ivo”, e relaciona-se amorosamente com sua paixão, Eugênia. Os dois têm uma intensa e forte paixão, que se mudam do Recife e vão morar em Salvador. Inspirado nela, ele escreve “Gonzaga”, que o consagra como poeta..
Em uma viajem a capital do Império, conhece os escritores Machado de Assis e José de Alencar, onde ambos trocam impressões sobre literatura e política. Fascinado pelo desenvolvimento da região sudeste, Castro pede transferência de curso para a Faculdade de Direito do Largo São Francisco – na capital do Estado de São Paulo, onde se matricula no terceiro ano.
No ambiente progressista e republicano do Largo São Francisco, Castro escreve “O Navio Negreiro”, e em sua primeira declamação pública, foi aplaudido em pé. No mesmo ano, 1868, sua peça teatral “Gonzaga”faz um sucesso estupendo. Mas o ano não acaba bem, quando ele, em um acidente de caça acaba dando um tiro no próprio pé esquerdo.
O que vem na seqüência de sua vida, só o faz deprimir-se: Eugenia termina o relacionamento e seu pé que, sob ameaça de gangrena, foi afinal amputado no Rio, em meados de 69. Castro Alves acaba assim abandonando os estudos e retorna para o Nordeste, retornando a residir em Salvador.Na capital baiana, ainda tenta recuperar o vigor pela vida, quando nutre paixão platônica pela cantora Agnese Trinci Murri. Mas seu estado de saúde piora, e acaba morrendo no dia 6 de julho de 1871. É o patrono da Cadeira nº. 7 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Valentim Magalhães.
Aos 15 anos de idade, ele e o irmão, José Antonio vão continua seus estudos na capital de Pernambuco, Recife. Lá toma contato com os movimentos abolicionista. Já em 1963 publica seu primeiro poema sobre afro-brasileiro: “A Canção do Africano”. No mesmo tempo acaba se apaixonando por uma atriz portuguesa de teatro, Eugênia Câmara.
O ano de 1864, o poeta sofre um forte abalo emocional, seu irmão José, entra em depressão que depois se mata. Nem sua admissão na Faculdade de Direito do Recife, o acaba animando. Passa longos períodos de tristeza e dedica-se cada vez mais a literatura. É neste clima que escreve seus poemas “Mocidade e Morte”, “O Século” e “Os Escravos”.
Em 1866 acontece mais um fato triste na vida de Castro Alves, seu pai, morre. Ele acaba entrando assim de cabeça no abolicionismo, para esquecer a situação e por convicção e acaba conhecendo um promissor estudante e político, Rui Barbosa e juntos fundam uma organização de combate a escravidão.
No mesmo tempo que se dedica a política abolicionista, o poeta é também um sucesso no mundo artístico, quando declama no Teatro Santa Isabel o poema “Pedro Ivo”, e relaciona-se amorosamente com sua paixão, Eugênia. Os dois têm uma intensa e forte paixão, que se mudam do Recife e vão morar em Salvador. Inspirado nela, ele escreve “Gonzaga”, que o consagra como poeta..
Em uma viajem a capital do Império, conhece os escritores Machado de Assis e José de Alencar, onde ambos trocam impressões sobre literatura e política. Fascinado pelo desenvolvimento da região sudeste, Castro pede transferência de curso para a Faculdade de Direito do Largo São Francisco – na capital do Estado de São Paulo, onde se matricula no terceiro ano.
No ambiente progressista e republicano do Largo São Francisco, Castro escreve “O Navio Negreiro”, e em sua primeira declamação pública, foi aplaudido em pé. No mesmo ano, 1868, sua peça teatral “Gonzaga”faz um sucesso estupendo. Mas o ano não acaba bem, quando ele, em um acidente de caça acaba dando um tiro no próprio pé esquerdo.
O que vem na seqüência de sua vida, só o faz deprimir-se: Eugenia termina o relacionamento e seu pé que, sob ameaça de gangrena, foi afinal amputado no Rio, em meados de 69. Castro Alves acaba assim abandonando os estudos e retorna para o Nordeste, retornando a residir em Salvador.Na capital baiana, ainda tenta recuperar o vigor pela vida, quando nutre paixão platônica pela cantora Agnese Trinci Murri. Mas seu estado de saúde piora, e acaba morrendo no dia 6 de julho de 1871. É o patrono da Cadeira nº. 7 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Valentim Magalhães.
quinta-feira, julho 13, 2006
A MÃO DA LIMPEZA - GILBERTO GIL & CHICO BUARQUE (1984)
A mão da limpeza
Gilberto Gil
Composição: Gilberto Gil
O branco inventou que o negro
Quando não suja na entrada
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Que mentira danada, ê
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o negro penava, ê
Mesmo depois de abolida a escravidão
Negra é a mão
De quem faz a limpeza
Lavando a roupa encardida, esfregando o chão
Negra é a mão
É a mão da pureza
Negra é a vida consumida ao pé do fogão
Negra é a mão
Nos preparando a mesa
Limpando as manchas do mundo com água e sabão
Negra é a mão
De imaculada nobreza
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
Eta branco sujão
A mão da limpeza
Gilberto Gil
Composição: Gilberto Gil
O branco inventou que o negro
Quando não suja na entrada
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Que mentira danada, ê
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o negro penava, ê
Mesmo depois de abolida a escravidão
Negra é a mão
De quem faz a limpeza
Lavando a roupa encardida, esfregando o chão
Negra é a mão
É a mão da pureza
Negra é a vida consumida ao pé do fogão
Negra é a mão
Nos preparando a mesa
Limpando as manchas do mundo com água e sabão
Negra é a mão
De imaculada nobreza
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
Eta branco sujão
quinta-feira, julho 06, 2006
terça-feira, julho 04, 2006
O GOLEIRO BARBOSA
Sempre que o Brasil perde uma Copa do Mundo, recordo-me do grande goleiro Barbosa, execrado dos gramados, por ter tomado o gol que tirou no país a conquista do titulo, no mundial de 1950, realizado aqui. Vejo o lateral Roberto Carlos ter que suportar a teoria: que ao ajeitar as meias, deu um gol a seleção da França, como se o time não tivesse mais 10 jogadores.
Vamos ao goleiro, que nasceu no dia 27 de março de 1927, em Campinas, batizado de Moacir Barbosa. Deu seus primeiros passos no gramado jogando no Comercial de São Paulo. Seu bom desempenho, logo lhe rendeu um contrato pelo time Ypiranga e posteriormente chegou a uma das maiores agremiações esportivas do Brasil, o Vasco da Gama. O ano? 1946.
Defendendo as traves da cruzmaltina, Barbosa ganhou os campeonatos cariocas de: 1945, 1947, 1949, 1950, 1952 e 1958, pelo então intitulado. Em 1948 ajudou a equipe a conquistar no Chile o Campeonato Sul-americano de Campeões, em cima do já forte River Plate, da Argentina, segurando uma cobrança de pênalti.
Entretanto nada disso foi levado em conta quando na final da Copa do Mundo de 1950, em pleno Maracanã, recebeu o gol de desempate do ponta uruguaiano Gigghia, pelo lado direito do gol. O clima era tão ruim, naquele dia, que o uniforme de cor branca, foi abolido, e duas pessoas morreram no estádio, por conseqüência de ataques cardíacos e uma pessoa se jogou das tribunas, morrendo na seqüência.
A seleção do Uruguai conquistou o titulo, e mesmo Barbosa, uma verdadeira maldição, no dia 16 de julho de 1950, que o perseguiu até o ano 2000, 7 de abril, em Santos quando morreu.
Apenas em 1953, ele recuperou de fato a autoconfiança quando ao quebrar uma perna, recebeu a visita de uma multidão de torcedores do Botafogo, equipe que defendia.
Quando se aposentou dos gramados, tornou-se um simples funcionário no Maracanã. Inclusive o então técnico Zagallo é acusado de barrá-lo na concentração da seleção brasileira, as vésperas de um jogo no país, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 1998. A razão: considerado pé frio.
sexta-feira, junho 30, 2006
Senador Ernie Chambers e os Contra Cotas no Brasil
A campanha pela Abolição da Escravidão, ocorrida no século XIX durou décadas, com mais publicidade e força nos anos 80 daquele período. Na minha humilde opinião a Campanha pela Implantação das Ações Afirmativas promete mesmo seguir o mesmo caminho, em duração e dificuldades. Espero que o resultado em forma de lei não seja tão frustrante, quando foi a incompleta Lei Áurea de 1888.
Assim como acontecia na luta dos abolicionistas e dos quilombolas existiam entre negros libertos ou cativos os que eram am favor e os que eram contra a adoção radical e imediata de libertação. Não esqueçamos que alguns tinham a sorte de obter a liberdade comprando a cara carta de alforria. Foram pessoas que a custa de muito sacrifício e renuncia juntaram a quantia necessária para sair da senzala e posteriormente libertas companheiros e familiares. Isso também graças a organizações como as irmandades religiosas negras e outras ongs.
Hoje há aqueles negros que conseguiram também com sacrifício e renuncias durante a vida, ascender socialmente, mesmo que não muito, e acreditam que este é o caminho e não o das cotas para negros. Não os odeio, pois sei que isso é fruto da perversidade da fome, que adestra através da miséria, as pessoas a não olhar em voltar e ver que a realidade é bem pior. Estas pessoas ainda preferem ajudar seus companheiros e familiares a melhorar de vida, a participar de uma luta coletiva que irá beneficiar a toda uma etnia.
Mas para os intelectuais brancos que participam de um Movimento Contra as Cotas, não há perdão: eles enxergam longe, e percebem que não eles, mas seu grupo social perderá com a implantação de um sistema de inclusão racial e social, que não use como critério um pseudo-sistema de meritocracia. Gente esta que inclusive acaba se beneficiando a indústria dos cursinhos pré-vestibular, que chegam a ter mensalidades mais caras que curso universitário.
Enfim, a luta promete!
Ah... onde entrar o senador afro-americano Ernie Chambers: político negro que votou com políticos conservadores pela reimplantação de um sistema de segregação racial nas escolas da cidade de Ohama, terra natal de Malcolm X. Isso demonstra que o Movimento Negro nos Estados Unidos, antes inspirado para nós, brasileiros, entrou em decadência. E o legislador é um novo tipo de Pai Tomás, que não conta historinhas, mas é submisso. Não isenta em nada no seu currículo sua luta pelo fim do Apartheid na África do Sul. Tem gente que encena coragem só longe de casa, com medo de encarar os próprios medos.
Link para a carta dos contra cotas:
www.geocities.com/cartapublica2006/
Assim como acontecia na luta dos abolicionistas e dos quilombolas existiam entre negros libertos ou cativos os que eram am favor e os que eram contra a adoção radical e imediata de libertação. Não esqueçamos que alguns tinham a sorte de obter a liberdade comprando a cara carta de alforria. Foram pessoas que a custa de muito sacrifício e renuncia juntaram a quantia necessária para sair da senzala e posteriormente libertas companheiros e familiares. Isso também graças a organizações como as irmandades religiosas negras e outras ongs.
Hoje há aqueles negros que conseguiram também com sacrifício e renuncias durante a vida, ascender socialmente, mesmo que não muito, e acreditam que este é o caminho e não o das cotas para negros. Não os odeio, pois sei que isso é fruto da perversidade da fome, que adestra através da miséria, as pessoas a não olhar em voltar e ver que a realidade é bem pior. Estas pessoas ainda preferem ajudar seus companheiros e familiares a melhorar de vida, a participar de uma luta coletiva que irá beneficiar a toda uma etnia.
Mas para os intelectuais brancos que participam de um Movimento Contra as Cotas, não há perdão: eles enxergam longe, e percebem que não eles, mas seu grupo social perderá com a implantação de um sistema de inclusão racial e social, que não use como critério um pseudo-sistema de meritocracia. Gente esta que inclusive acaba se beneficiando a indústria dos cursinhos pré-vestibular, que chegam a ter mensalidades mais caras que curso universitário.
Enfim, a luta promete!
Ah... onde entrar o senador afro-americano Ernie Chambers: político negro que votou com políticos conservadores pela reimplantação de um sistema de segregação racial nas escolas da cidade de Ohama, terra natal de Malcolm X. Isso demonstra que o Movimento Negro nos Estados Unidos, antes inspirado para nós, brasileiros, entrou em decadência. E o legislador é um novo tipo de Pai Tomás, que não conta historinhas, mas é submisso. Não isenta em nada no seu currículo sua luta pelo fim do Apartheid na África do Sul. Tem gente que encena coragem só longe de casa, com medo de encarar os próprios medos.
Link para a carta dos contra cotas:
www.geocities.com/cartapublica2006/
quinta-feira, junho 29, 2006
MANOEL CONGO – O VERDADEIRO IRMÃO DO QUILOMBO
Diferente do que os meios de comunicação tentam nos fazer crer a luta pela emancipação do povo negro aconteceu com protagonismo afro-brasileiro. São muitos os personagens: Chica da Silva, Zumbi, Dandará, Chico Rei, Ganga Zumba e muitos anônimos. Um desses heróis pouco lembrado é Manoel Congo, líder quilombola no Estado do Rio de Janeiro, e mais uma das vítimas do sanguinário Duque de Caxias.
Não há nenhuma informação sobre a origem e infância de Manoel do Congo. Apenas o sobrenome dá uma pista de onde ele pode ter vindo no continente africano. Mas é importante ressaltar que a costa do Congo foi uma das muitas que enviaram pessoas para o Brasil.
Ele era de propriedade do fazendeiro Manoel Vieira dos Anjos, na cidade de Vassouras, que tinha uma fama de cruel no trato com as pessoas escravizadas. A revolta que dá origem ao quilombo, foi conseqüência de uma série de assassinatos que ele cometeu. Segundo denunciou o trabalhador rural negro Antonio ao juiz de Vassouras, José Pinheiro de Souza Werneck, foram mortas quatro pessoas barbaramente a pauladas pelo senhor de escravo, sendo eles: Antonio Congo, João Cambinda, Antonio Ângelo e Maria Congo. Os corpos estavam ocultados próximo da propriedade rural.
Mesmo com a descoberta dos cadáveres das vítimas pelas autoridades, como era comum na época, o promotor público, Lucidoro Francisco Xavier ofereceu denuncia contra o fazendeiro, mas não conseguiu condená-lo. Em seu julgamento em Júri Popular, no dia 23 de janeiro de 1838, Manoel Vieira foi inocentado. Ele ainda alegou em sua defesa que as pessoas tinham morrido de causas naturais e que não foram sepultados em um cemitério dos escravos, por não serem batizados.
Como ninguém teve coragem de testemunha contra o fazendeiro e pelo Código Penal da época, os escravos eram impedidos de fazê-lo, os 23 jurados, o inocentaram por 20 votos. Alguns ainda argumentavam em particular, que só o prejuízo que teve com a morte de cinco pessoas trabalhadoras, já era castigo suficiente.
Ciente da noticia, todos na senzala ficaram indignados com a injustiça e impunidade, que pouco tempo depois, voltou a matar uma pessoa escravizada. 300 escravos de propriedade do assassino, liderados por Manoel Congo, resolveram fazer a Justiça com as próprias mãos. Invadiram a fazenda Maravilha, de Manoel Vieira, no dia 13 de novembro de 1838 e mataram o feitor e expulsaram todos e destruíram a sede e colocaram fogo no engenho.
Diante da momentânea vitória, eles decidiram refugiarem na Floresta de Santa Catarina, da Serra da Estrela, a caminho da Serra da Taquara, e criar uma comunidade quilombola. Tinha inclusive na operação de tomada da fazenda, obtido armas de fogo. No local, devido sua coragem e determinação desempenhada no conflito, Manoel foi eleito rei e sua companheira Mariana Crioula, ex-mucama de Francisca Xavier, mulher do senhor de escravo, foi nomeada rainha.
O Quilombo de Manoel Congo e seus comandados 400 conquistaram fama entre os negros e temor entre os fazendeiros. Toda semana, se aventuraram nas senzalas no período noturno, para libertar os cativos. Também eram saqueados viajantes, de quem roubavam armas e alimentos.
Não demorou em que os fazendeiros se organizassem e solicitassem providencias das autoridades policiais. Foi enviada a preparada Guarda Nacional de Vassouras, comandada por Laureano Correia e Castro que tinha também o experiente major Lourenço Luis de Atayde. Eram mais de 160 homens armados, perfeitamente aparelhados e divididos.
Este exército saiu saudado pelos fazendeiros, que aliviados, acreditavam que em poucos dias, senão horas, destruiriam o Quilombo de Manoel Congo e recuperariam seus escravos.
Na véspera do ataque, dormiram no que restava da sede da fazenda Maravilha, do assassino Manoel Vieira. Mas eles não sabiam que mesmo lá estavam sendo vigiados e observados pelos guerreiros quilombolas. Estrategicamente, as casas dos arredores da comunidade quilombola foram abandonadas, tentando assim, trazer o adversário para dentro da Floresta de Santa Catarina, terreno conhecidos dos negros, que aplicaram uma tática de guerrilhas e terror nos soldados da Guarda Nacional.
A debandada da tropa foi grande, sendo muitos mortos na fuga e outros abandonando as armas, fugindo sem rumo, que segundo relatos, demoraram a reunião dos sobreviventes.
A repercussão da derrota foi grande: fazendeiros se apavoraram e os escravos secretamente festejavam, sonhando com a possibilidade de fazer parte das batalhas e aguardando sua libertação pelos guerreiros do Quilombo de Manoel Congo.
A noticia chegou até o comando do Exército do Império, que temendo maiores conseqüências, determinaram que um jovem militar fosse o comandante da tropa. Era Luis Alves de Lima e Silva, conhecido pelo sangue frio e a falta de piedade dos combates. A ordem era clara: massacrar os quilombolas de forma exemplar, sem fazer reféns e sem negociação.
No dia 11 de dezembro a tropa do futuro Duque de Caxias atacou o quilombo. Ele cercou o local e como ordenado, praticamente não fez prisioneiros. Mas os guerreiros resistiram até a ultima bala, e uns entraram em luta corporal suicida contra os soldados, conseguindo inclusive matar alguns. Mas a superioridade em armamentos da tropa repressora era grande. Morreram mulheres, crianças e velhos desarmados.
A rainha guerreira lutou também até o fim e tentava incentivar “morrer sim, entregar-se nunca”. Foram necessários vários soldados para dominá-la a golpes de coronhadas.
Os sobreviventes foram castigados a açoites e depois entregues aos seus donos, que continuaram o suplicio por conta própria. Os líderes Justino Benguela, Antonio Magro, Pedro Dias, Belarmino, Miguel Crioulo, Canuto Moçambique e Afonso Angola receberam cada um 650 chibatadas, distribuídas em 10 dias. Depois foram marcados a ferro.
Manoel Congo, machucado em combate ainda foi captura, mantido vivo, para ser morto de forma exemplar. No dia 22 de janeiro de 1839, na Praça da Concórdia, diante da Igreja Matriz da Vila de Vassouras, até o dia 31 do mesmo mês, ocorreu o julgamento dele, sendo condenado à pena máxima – enforcamento. A sentença foi cumprida no dia 6 de setembro de 1839, em praça pública de Vassouras. Mas exibia a mesma coragem e determinação de antes. Mesmo que não fosse condenado, preferia à morte a escravidão. Tinha 49 anos de idade.
Mariana teve sua vida poupada à pedida de sua antiga senhora, mas foi obrigada a assistir a morte de seu companheiro.
Não há nenhuma informação sobre a origem e infância de Manoel do Congo. Apenas o sobrenome dá uma pista de onde ele pode ter vindo no continente africano. Mas é importante ressaltar que a costa do Congo foi uma das muitas que enviaram pessoas para o Brasil.
Ele era de propriedade do fazendeiro Manoel Vieira dos Anjos, na cidade de Vassouras, que tinha uma fama de cruel no trato com as pessoas escravizadas. A revolta que dá origem ao quilombo, foi conseqüência de uma série de assassinatos que ele cometeu. Segundo denunciou o trabalhador rural negro Antonio ao juiz de Vassouras, José Pinheiro de Souza Werneck, foram mortas quatro pessoas barbaramente a pauladas pelo senhor de escravo, sendo eles: Antonio Congo, João Cambinda, Antonio Ângelo e Maria Congo. Os corpos estavam ocultados próximo da propriedade rural.
Mesmo com a descoberta dos cadáveres das vítimas pelas autoridades, como era comum na época, o promotor público, Lucidoro Francisco Xavier ofereceu denuncia contra o fazendeiro, mas não conseguiu condená-lo. Em seu julgamento em Júri Popular, no dia 23 de janeiro de 1838, Manoel Vieira foi inocentado. Ele ainda alegou em sua defesa que as pessoas tinham morrido de causas naturais e que não foram sepultados em um cemitério dos escravos, por não serem batizados.
Como ninguém teve coragem de testemunha contra o fazendeiro e pelo Código Penal da época, os escravos eram impedidos de fazê-lo, os 23 jurados, o inocentaram por 20 votos. Alguns ainda argumentavam em particular, que só o prejuízo que teve com a morte de cinco pessoas trabalhadoras, já era castigo suficiente.
Ciente da noticia, todos na senzala ficaram indignados com a injustiça e impunidade, que pouco tempo depois, voltou a matar uma pessoa escravizada. 300 escravos de propriedade do assassino, liderados por Manoel Congo, resolveram fazer a Justiça com as próprias mãos. Invadiram a fazenda Maravilha, de Manoel Vieira, no dia 13 de novembro de 1838 e mataram o feitor e expulsaram todos e destruíram a sede e colocaram fogo no engenho.
Diante da momentânea vitória, eles decidiram refugiarem na Floresta de Santa Catarina, da Serra da Estrela, a caminho da Serra da Taquara, e criar uma comunidade quilombola. Tinha inclusive na operação de tomada da fazenda, obtido armas de fogo. No local, devido sua coragem e determinação desempenhada no conflito, Manoel foi eleito rei e sua companheira Mariana Crioula, ex-mucama de Francisca Xavier, mulher do senhor de escravo, foi nomeada rainha.
O Quilombo de Manoel Congo e seus comandados 400 conquistaram fama entre os negros e temor entre os fazendeiros. Toda semana, se aventuraram nas senzalas no período noturno, para libertar os cativos. Também eram saqueados viajantes, de quem roubavam armas e alimentos.
Não demorou em que os fazendeiros se organizassem e solicitassem providencias das autoridades policiais. Foi enviada a preparada Guarda Nacional de Vassouras, comandada por Laureano Correia e Castro que tinha também o experiente major Lourenço Luis de Atayde. Eram mais de 160 homens armados, perfeitamente aparelhados e divididos.
Este exército saiu saudado pelos fazendeiros, que aliviados, acreditavam que em poucos dias, senão horas, destruiriam o Quilombo de Manoel Congo e recuperariam seus escravos.
Na véspera do ataque, dormiram no que restava da sede da fazenda Maravilha, do assassino Manoel Vieira. Mas eles não sabiam que mesmo lá estavam sendo vigiados e observados pelos guerreiros quilombolas. Estrategicamente, as casas dos arredores da comunidade quilombola foram abandonadas, tentando assim, trazer o adversário para dentro da Floresta de Santa Catarina, terreno conhecidos dos negros, que aplicaram uma tática de guerrilhas e terror nos soldados da Guarda Nacional.
A debandada da tropa foi grande, sendo muitos mortos na fuga e outros abandonando as armas, fugindo sem rumo, que segundo relatos, demoraram a reunião dos sobreviventes.
A repercussão da derrota foi grande: fazendeiros se apavoraram e os escravos secretamente festejavam, sonhando com a possibilidade de fazer parte das batalhas e aguardando sua libertação pelos guerreiros do Quilombo de Manoel Congo.
A noticia chegou até o comando do Exército do Império, que temendo maiores conseqüências, determinaram que um jovem militar fosse o comandante da tropa. Era Luis Alves de Lima e Silva, conhecido pelo sangue frio e a falta de piedade dos combates. A ordem era clara: massacrar os quilombolas de forma exemplar, sem fazer reféns e sem negociação.
No dia 11 de dezembro a tropa do futuro Duque de Caxias atacou o quilombo. Ele cercou o local e como ordenado, praticamente não fez prisioneiros. Mas os guerreiros resistiram até a ultima bala, e uns entraram em luta corporal suicida contra os soldados, conseguindo inclusive matar alguns. Mas a superioridade em armamentos da tropa repressora era grande. Morreram mulheres, crianças e velhos desarmados.
A rainha guerreira lutou também até o fim e tentava incentivar “morrer sim, entregar-se nunca”. Foram necessários vários soldados para dominá-la a golpes de coronhadas.
Os sobreviventes foram castigados a açoites e depois entregues aos seus donos, que continuaram o suplicio por conta própria. Os líderes Justino Benguela, Antonio Magro, Pedro Dias, Belarmino, Miguel Crioulo, Canuto Moçambique e Afonso Angola receberam cada um 650 chibatadas, distribuídas em 10 dias. Depois foram marcados a ferro.
Manoel Congo, machucado em combate ainda foi captura, mantido vivo, para ser morto de forma exemplar. No dia 22 de janeiro de 1839, na Praça da Concórdia, diante da Igreja Matriz da Vila de Vassouras, até o dia 31 do mesmo mês, ocorreu o julgamento dele, sendo condenado à pena máxima – enforcamento. A sentença foi cumprida no dia 6 de setembro de 1839, em praça pública de Vassouras. Mas exibia a mesma coragem e determinação de antes. Mesmo que não fosse condenado, preferia à morte a escravidão. Tinha 49 anos de idade.
Mariana teve sua vida poupada à pedida de sua antiga senhora, mas foi obrigada a assistir a morte de seu companheiro.
quarta-feira, junho 28, 2006
Grande Otelo
Grande Otelo nasceu em 1915, na cidade de Uberlândia, batizando com o nome Sebastião Bernardes de Souza Prata. Ele poderia ter se tornado mais um trabalhador rural nos grandes cafezais do Triangulo Mineiro, mas já aos 7 anos revelava um talento extraordinário para o canto, dança e até poesia.
A grande oportunidade para seguir seu destino surgiu com o aparecimento de um circo. No inicio do século XX, eram os únicos representantes da cultura no interior do Brasil, viajando de cidade em cidade. Assim que a lona foi levantada em Uberlândia, o Tiãozinho – apelido da época, conseguiu conseguir uma chance e se apresentou num quadro humorístico, sendo um sucesso. Ele ficou extasiado com a repercussão, sendo inclusive convidado para seguir viagem com a trupe do picadeiro, mas achou melhor esperar.
Não demorou muito que conseguisse novamente obter uma chance de atuar. Atendendo suas preces e apelos, a companhia de teatro da saudosa Abigail Ferreira, em visita a Uberlândia, se encantou com o promissor ator mirim. Ela praticamente o adotou e passou a lhe ministrar aulas de canto lírico.
Nesta fase da vida, convivendo com os atores e atrizes de Abigail, ele acabou lendo as peças do inglês Willian Shakespeare e fascinou-se pelo único personagem com características afro – Otelo – o guerreiro mouro. Nasce ali o seu nome artístico: Otelo. Foi adicionado o tremo “Grande” pelo produtor artístico Jardel Jércolis, pai do ator Jardel Filho.
Jardel lapidou o talento de Otelo, que passou se apresentar de forma sofisticada, chegando a cantar em inglês. Ele aprendia rápido. Além disso, ele sambava e contava piada. E em uma das apresentações estava na platéia outra pessoa que iria ajudá-lo: Joaquim Rolla, uma espécie de caça talento do Cassino da Urca – uma das maiores casas de espetáculo no Rio de Janeiro entre os anos 30 e 40.
Este foi outro grande momento da vida do artista que pode contracenar ao lado das mulheres mais talentosas e bonitas do Brasil e do Mundo as cantoras e irmãs Dirce e Linda Batista, a atriz Carmem Miranda e a diva afro-americana Josephine Baker. O dinheiro também foi abundante, mas deslumbrado pela fama, Otelo desperdiça com suas inúmeras namoradas, comendo do bom e do melhor e comprando muita roupa. Era também o reflexo da infância pobre, onde não tinha dinheiro para nada e até fome passou.
Mas a falta de poupança desse tempo bom, se fez necessária com a queda de Getulio Vargas e a subida ao poder do conservador general Dutra. Ao contrário do antecessor, ele mandou fechar todos os cassinos, incluído o da Urca, numa pseudo-onda moralista.
Foi neste momento que surgiu na vida de Grande Otelo a sétima arte., através do convite do cineasta Ademar Gonzaga para estrelar Samba em Berlim. O sucesso foi estupendo e logo fez amizade com outro ator e comediante em carreira ascendente, o filho de imigrantes espanhóis, Oscarito. Começava ali uma parceria típica da época, como Dean Martin e Jerry Lewis, com a diferença de que nenhum dos dois agia como galã conquistador, pelo menos em público.
Na vida intima Otelo era sim um verdadeiro namorador. Seu primeiro grande amor foi Lucia Maria, mas que devido o ciúme doentio acabou se matando. Depois veio Olga, uma adolescente que o apaixonou e tiveram quatro filhos e seguiram juntos por aproximadamente 20 anos. O casamento acabou com o aparecimento da atriz Josephine Helene, e viveu maritalmente por 15 anos.
Foram 12 filmes – todos exibidos nas salas de cinema com bilheterias astronômicas, entre sessões noturnas e matines. A dupla Grande Otelo e Oscarito protagonizou o sinônimo das palavras Chanchada para a Companhia de Cinema Atlântida.
Ele ainda pode ser recorda no cinema em sua atuação antológica como Macunaíma, para as telas, dirigido por Joaquim Pedro de Andrade. Outro sucesso do cinematográfico. O currículo engrossa com os filmes: Assalto ao Trem Pagador, nem Sansão Nem Dalila. O único filho que seguiu na capacidade de atuação foi Pratinha, que trabalhou em novelas da TV Globo.
Também foi um compositor e fez em parceria com Constantino Silva a musica carnavalesca Vou para Folia, e com Erivelton Martins: Praça onze, Bom Dia, Avenida e Pixaim.
Grande Otelo morreu aos 78 anos de idade, em 1993, no Aeroporto de Paris – Charles de Gaulle, de um enfarte quando participaria de um festival artístico, em que seria homenageado.
segunda-feira, junho 26, 2006
Afropress - Agência de Noticias Negras
Tenho que dar uma boa e uma má noticia.
A má é que um dos melhores sites de informação e debate sobre as Ações Afirmativas e Cultura do Povo Negro acabou: www.afirma.inf.br. Segundo um dos responsáveis, o jornalista Marcio Alexandre M. Gualberto, haverá ainda uma revista a ser lançada sobre todo o trabalho desenvolvido. Um pena!
Mas a Boa Noticia é o site www.afropress.com organizado pelo jornalista Dojival Vieira(foto)da ong ABC Sem Racismo. É uma ótima opção e os artigos são excelentes.
Malcolm X
Família
Não é difícil saber por que Malcolm X se tornou um dos maiores líderes negros do mundo – era filho de um pastor batista afro-americano de militância ativa: o reverendo Earl Little, também filiado a UNIA – Associação para a Melhoria Universal do Negro. Possuía uma deficiência, sendo cego de um olho e era alto, 1 metro e 90 centímetros de altura.
Earl era de Reynolds, estado da Geórgia, sul dos Estados Unidos e logo cedo teve que abandonar os estudos, para ajudar no sustento da família. Era um seguidor das idéias de Marcus Garvey que propunha para o negro a liberdade, independência e o amor próprio, além do retorno a África.
A mãe de Malcolm era Louise Little, imigrante de Granada, América Central. Tinha cabelos pretos, lisos e por ser filha de uma união entre um homem branco e uma mulher negra herdou um tom de pele muito claro, chegando a ser considerada uma branca. Mas isso não era motivo de orgulho para ela, por saber o sofrimento e preconceito que passavam as pessoas de cor preta.
O líder nasceu no dia 19 de maio de 1925 em um hospital de Omaha, sendo o sétimo filho do casal. Os irmãos mais velhos eram Ella, Earl Junior, Mary, Wilfred, Hilda, e Philbert. Tem ainda os caçulas Yvonne e Reginald e Robert.
O pai de Malcolm tinha uma fama de agitador e por isso estava sempre mudando de cidade. Sempre pregando nos finais de semana nas igrejas batistas e durante semana propaganda as idéias de Marcus Garvey. Mas estava juntando economias para ter seu próprio negocio e fazia o possível para dar um bom nível de vida para todos.
Mas constantemente perseguido por membros da Ku Klux Klan e entidades correlatas, ele acabou sendo morto em 1931, por integrantes da Legião Negra – grupo racista de Lasing. Foi espancado e depois colocado sob os trilhos da ferrovia onde seu corpo foi praticamente cortado ao meio, na passagem de um trem. Ainda com medo dos assassinos racistas, seu velório não foi aceito em nenhuma igreja, sendo velado na casa da família.
Desintegração da família
Imediatamente a situação da família piorou financeiramente. Apenas um dos seguros foi pago, sendo o maior negado, pois a Seguradora afirmava que o reverendo tinha na verdade cometido suicídio. Louise passou a trabalhar como empregada domestica, mas às vezes perdia o trabalho, quando as famílias brancas descobriam de quem ela era viúva.
Por causa da fome, e a depressão do inicio dos anos 30, passaram fome. Às vezes conseguiam dinheiro vendendo coelhos que caçavam, e às vezes, Malcolm até furtava comida nas lojas de Lasing. Por causa disso, era detido e levado para o conselho tutelar e ao serviço de Assistência Social. Quando chegava a casa levava homéricas surras da mãe. Não demorou a ser encaminhado a lares adotivos, de onde era mudado constantemente devido seu comportamento.
O golpe falta para desintegração do núcleo família, foi o progressivo desequilíbrio mental da Louise que chegou a ser internada no Hospital Estadual de Doenças Mentais, em Kalamazoo. Não esqueçamos que estamos no inicio de século XX, e o tratamento psicológico é deficiente e preconceituoso, principalmente com os negros. A mãe de Malcolm passou 26 anos internada, e nunca mais recuperou a sanidade mental. Só Deus, sabe a que foi submetida.
Na adolescência Malcolm teve que lidar com ambiente extremamente discriminatório. Tentou lutar boxe para se destacar na escola e tirava boas notas. Mas suas aspirações foram reduzidas a pó quando seu professor de inglês, Senhor Ostrowski, disse que não poderia se tornar um advogado, pois não era uma profissão típica de negros. “Você tem que ser realista” disse.
Terminado os estudos correspondentes ao Primeiro Grau, Malcolm foi para Boston, ajudado por sua irmã, Ella. Lá conheceu seu amigo inseparável de juventude, Shorty, que logo lhe apelidou de Red, por causa da coloração avermelhada dos cabelos castanhos que tinha. Pelo parceiro passou a dar dicas de como vestir, agir e falar em uma grande cidade e juntos passaram a trabalhar como engraxates.
Juventude e Criminalidade
Shorty também foi que iniciou a vida social de Malcolm, com seu alisamento de cabelo, com congolene, que consistia na mistura de: lixívia, dois ovos e duas batatas de tamanho médio, vaselina, uma barra de sabão, luvas de borrachas e dois pentes, sendo um de dentes largos e outro fino. O processo era doloroso, além de fazer cair cabelo, ainda ardia indescritivelmente.
Com 21 anos conseguiu emprego de garçom em uma companhia ferroviária, onde conseguiu chegar até Nova Iorque e por conseqüência no Harlem, bairro de predominância negra. Mas logo abandonou este trabalho para tornar-se um apontador de apostas e traficante de drogas. Em 1943 foi quase convocado para o Exercito, que lutava na Segunda Guerra Mundial, mas conseguiu ser dispensado.
Após ter se desentendido com um dos chefes do crime organizado do Harlem, West Indian Archie, Malcolm passou a cometer furtos e foi preso. Condenado no Tribunal do Condado de Middlesex, a 10 anos de prisão a serem cumpridos a partir de fevereiro de 1946 na Penitenciária Estadual de Charlestown.
A Passagem pela Prisão.
Quando Malcolm chegou à prisão estava no auge de toda sua revolta de tudo que havia acontecido na vida, desde a morte do pai até o envolvimento com o crime. Mesmo lá, ele não foi abandonado pelos irmãos Ella, e Philbert que tinha se tornado um pastor em Detroit que estava rezando por sua recuperação moral.
Na cela desenvolveu um novo vicio o consumo de noz-moscada, que misturada em um copo de água fria, dada o mesmo efeito da maconha, de acordo com seu relato. Com o dinheiro enviado pela irmã passou a comprar outros entorpecentes: nembutal, benzidrina e baseados.
Por freqüentemente insultar os guardas e passar muito tempo na solitária por isso, ganhou o apelido de Satã, também devido aos cabelos avermelhados. Em 1947 conheceu um preso negro de apelido Bimbi, tido como intelectual por todos os detentos, que passou a lhe dar noções de filosofia e o incentivou a ler.
Conversão ao Islamismo
1948 – foi o ano em que passou a ter contato com o Islamismo através do irmão Philbert, que lhe escrevia que tinha encontrado a verdadeira religião dos negros, da Nação do Islã. Malcolm estava neste momento transferido para a Penitenciária de Concord. Depois foi Reginald que deu o seguinte conselho “não coma carne de por e pare de fumar, que lhe mostrarei como sair da cadeia” disse.
E assim através de muitas cartas e algumas visitas dos irmãos, que ele se converteu ao Islaminismo. No final daquele mesmo ano foi transferido para a prisão-Colônia em Norfolk, no estado de Massachusetts, que era pro conhecida por ter um sistema de recuperação prisional mais aberto. O local era ajudado por pesquisadores das universidades de Harvard e de Boston. Ainda em Norfolk passa a conhecer Elijah Muhammad, para quem passou enviar suas cartas, que lhe correspondeu.
Em 1952, após sua libertação condicional e foi morar em Detroit com o irmão Wilfred, onde começou freqüentar o tempo Numero Um de Detroit. Logo que foi aceito na Nação do Islã, trocou o sobrenome de Little, que era segundo a orientação dos mulçumanos negros, herdado dos senhores de escravos, para “X” – ou seja, uma incógnita.
No ano seguinte, foi nomeado para o seu primeiro cargo dentro da estrutura da Nação, Ministro Assistente do Templo Número Um de Detroit. Tinha como função a arregimentação de novos fieis. Tinha um discurso forte, onde acusava os pastores negros de não fazer nada contra o racismo. Como não era um cargo remunerado passou a ser operário em uma fábrica.
Vira um suspeito para o FBI
Em um dia normal de trabalho na fábrica foi procurado por um agente do FBI, que o convidou para ir até o escritório deles em Detroit. Lá foi interrogado sob qual a razão que não tinha se alistado para a convocação da Guerra da Coréia. Ele respondeu atrevidamente que não sabia que o exercito norte-americano aceitavam ex-presidiários. De lá foi encaminhado para uma junta de alistamento, quando deu a entender que mesmo forçado não lutaria na guerra iniciada pelos brancos.
O desempenho de Malcolm chamou a atenção de Elijah, que o convidou para visitar outras cidades e ajudar a aumentar os seguidores.
Betty X
Em 1956 através de um trabalho no Templo Sete, em Nova Iorque conheceu a irmã Betty X, enfermeira, formada no Instituto Tuskegee, estado do Alabama, que ensinava as mulheres mulçumanas noções básicas de saúde pública.
Ela também tinha sofrido com uma infância cheia de complicações socioeconômicas, chegando a ser adotada por uma outra família. Converteu-se ao Islamismo durante o ultimo ano de faculdade e se isso lhe gerou problemas – o fim do custeio dos seus estudos pelo casal adotivo. Mas superou isso trabalhando como babá.
No dia 14 de janeiro de 1958 Malcolm e Betty se casam em Lasing, e foram morar por dois anos com Irmão John Ali e sua esposa, no bairro Queens, Nova Iorque. Novembro daquele ano nasceu à primogênita do casal: Attilah e o pai era agora o Secretário Nacional da Nação do Islã. O nome foi dado em homenagem a Átila o Huno, líder que enfrentou o Império Romano.
Depois a família mudou-se para Long Island onde nasceu em 1960, à filha Qubila, - outra homenagem, agora ao líder oriental Kublai Kan. 1962 foi o ano do nascimento da filha Ilysah – homenageando no idioma árabe o líder Elijah e a caçula Amilah veio ao mundo em 1964.
Retornado a 1956 um fato marcou bastante a memória de Malcolm, o espancamento do um companheiro mulçumano, Jonhson Hinton por policiais. Ele enfrentou as autoridades pela primeira vez, e conseguiu junto com os freqüentadores do Templo Sete, ao quais as vítimas pertenciam pressionar pelo devido pronto atendimento médico dele. A cena com dezenas de mulçumanos marchando pela Avenida Lenox até o Hospital do Harlem, impressionou tanto os policiais, quanto à população negra. Ninguém tinha enfrentado até aquele dia com tanta firmeza e êxito a violência policial.
E o caso não parou por ai: advogados da Nação do Islã moveram um processo judicial contra a Prefeitura de Nova Iorque e a vítima recebeu uma indenização de 70 mil dólares. O fato virou manchete em todos os jornais da comunidade negra.
Malcolm vira assunto na Mídia
Os meios de comunicação passaram a se interessar pela organização da Nação do Islã, inclusive produzindo reportagens e documentários. Também começaram a ser estudado por sociólogos das universidades americanas.
Em 1959 foi exibida por um canal de televisão uma reportagem em que as lideranças dos mulçumanos negros falavam, inclusive, Malcolm, com o titulo “O ódio que o ódio gerou”. Isso teve dois efeitos: aumentou o temos das autoridades sobre o islaminismo negro e aumentou o número de seguidores.
Com o aumento do assédio da Mídia, Elijah Muhammad nomeou Malcolm para representá-lo em entrevista e palestras, e bom ressaltar que a saúde dele, não estava muito boa. Isso também gerou problema para o jovem líder que passou a ser invejado pelos os outros integrantes da hierarquia da Nação do Islã.
Ao mesmo tempo em que ganha a confiança de Elijah, o líder negro, começa a ser informado sobre as acusações de assédio sexual, adultério e até processos de paternidade movido contra o dirigente dos mulçumanos negros. Inclusive, Betty acaba confirmando as suspeitas, pois fica sabendo de muita coisa no seu trabalho de orientação das mulheres mulçumanas. Mas ele continuou sua fé nele, por acreditar que tudo pudesse fazer parte de inimigos do crescimento e do trabalho de conscientização negra, que estavam executando.
Amizade com Cassius Clay
Em 1962 em Detroit, um jovem e promissor lutador de boxe começou a freqüentar uma Mesquita da cidade. Ele imediatamente ficou fascinado pela oratória de Malcolm e em pouco tempo tornou-se um dos mais famosos mulçumanos negros.
Ao mesmo tempo as familiares de Cassius e de Malcolm tornaram-se amigas a ponto de freqüentarem entre si aniversários e outras festas. E está aproximação passou a ser vista como perigosa por setores do FBI, devido às posições radicais do líder mulçumanos.
Além disso, o atleta que depois se rebatizou de Muhamad Ali, seguiu fielmente as orientações religiosas de Malcolm, inclusive antes de suas lutas. A aceitação do Islã por Ali foi tão séria, que ele chegou a enfrentar um longo processo movido pelo Governo Norte Americano por sua recusa em se alistar no Exercito: repetindo Malcolm dizendo que não lutaria em uma batalha (Guerra do Vietnam) que não foi criada pela população negra.
Saída da Nação do Islã.
Uma manchete no dia 23 de novembro de 1963 foi suficiente para causar a queda de Malcolm do alto de seu prestigio na Nação do Islã. Perguntado por jornalista sobre o assassinato do presidente John Kennedy, ocorrido um dia antes, em Dallas, no estado do Texas, ele respondeu que o “tiro saiu pela culatra”, responsabilizando o próprio presidente pelos motivos que determinaram sua morte.
Orientado por outros membros da hierarquia mulçumana negra, Muhammad propôs uma censura pública em Malcolm de 90 dias. Eles ficaram com medo que a frase trouxesse represálias à entidade e também era o pretexto que muitos queriam para cessar a ascensão de jovem líder afro-americano, que já tinha se tornado mais famoso e conceituado a própria Nação do Islã.
Não demorou a Malcolm acordar para tudo que havia acontecido com ele, estava sendo descartado, e começou a criar uma nova vertente do Islamismo Negro e fundou a “A Mesquita Mulçumana”, com sede no Harlem. E o fez com uma concorrida entrevista coletiva. .
Num golpe na intimidade de Malcolm, Elijah decretou que nenhum o afastamento de todos os seguidores dele, incluído o lutador Ali.
Peregrinação a Meca
Com a determinação de conhecer com seus próprios olhos e formular seus próprios conceitos sobre o Islamismo, Malcolm peregrinou até Hajj – Meca, na Arábia Saudita, uma obrigação para todo mulçumano que tenha condições financeiras.
Lá conhece a multi étnica sociedade do Islã e passa a aceitar a colaboração com pessoas de outras raças no Combate ao Racismo nos Estados Unidos. Uma posição bem diferente do que tinha aprendido dentro da Nação do Islã. Abandona o prenome Malcolm e passa assinar como El-Hajj Malik El-Shabazz.
Mas mesmo assim despertava a desconfiança do Governo Norte Americano que designou agentes para acompanhá-lo secretamente e checar se o líder não estaria também fazendo contatos com militantes radicais de esquerda.
Também excursiona por paises africanos que estavam se libertando do colonialismo. Nestes locais era recebido com chefes de estado. Em palestra, assumiu sua posição antiimperialista com relação seu próprio país. Ao retornar foi recebido em uma entrevista coletiva com vários órgãos de imprensa de cobertura nacional. Em solo americano ficou sabendo da campanha de difamação movida por antigos companheiros da Nação do Islã contra ele.
Os últimos dias de Malcolm X
Em 1965 a animosidade entre o líder e seus ex-companheiros da Nação do Islã estava em um grau de muita agressividade. Eles tentavam na justiça tomar a casa em que moravam junto com Betty e as filhas.
No dia 13 de fevereiro, às 2 horas e 45 minutos da madrugada, a família sofre um atentado, onde uma bomba incendiária destrói quase metade da residência. Ele suspeita de pessoas a mando de Elijah tenham executado o serviço.
Foi recomendado a cancelar sua agenda, pois as ameaças de morte por telefone ou mesmo por recados dado por membros, que ainda eram seus amigos. No dia 21 de fevereiro de 1965, foi pregar para fiéis no Harlem, especificamente no Auduborn Ballroom, que ficava entre a Rua Broadway e a Avenida St. Nicholas. Um prédio alugado para tudo, desde casamentos até bailes, como o que havia ocorrido há dias anterior.
Neste dia, estava prevista a preleção do reverendo Milton Galamison, ativista dos Direitos Civis, que acabou tendo que cancelar por problemas na agenda. Às 15 horas, ele entrou no salão, saudando aproximadamente 400 pessoas presentes.
Inesperadamente três iniciaram uma confusão, com disparo de tiros. Malcolm pediu calmas as pessoas, mas foi abordado por um dos assassinos, que lhe apontou uma espingarda e disparou. A vítima só teve tempo para esboçar um gesto de defender-se com as mãos desarmadas. Os outros dois fizeram com revolveres mais disparos. O líder ainda foi socorrido no Hospital Presbiteriano de Columbia, mas ele foi declarado morto horas depois.
Um dos assassinos foi detido por policiais, nas imediações do local do crime: era Thomas Hogan, de apenas 22 anos e que quase foi linchado pela multidão indignado com o crime.
O médico legista disse que ele morreu em decorrência do disparo da espingarda que causaram 13 ferimentos no peito e no coração. Mesmo assim, ele foi baleado nas pernas. A ordem foi de execução sumária. O advogado de Malcolm, o também deputado estadual Percy Sutton, declarou a imprensa há meses, seu cliente tinha comunicado as autoridades policiais da possibilidade de seu assassinato, sem que nada fosse feito.
Ele foi enterrado no cemitério de Ferncliff, em Ardsley, no Estado de Nova Iorque, com o caixão dispondo sua cabeça em direção ao oriente, como manda a religião mulçumana. Não foi permitido que coveiros brancos participassem do enterro, cabendo a tarefa a outras pessoas negras.
O ator Ossie Davis discursou na ocasião do funeral, que a comunidade negra tinha perdido o príncipe negro que não hesitou em morrer pelo o que tanto lutava – a causa negra.
Para mim, que não canso de ler as analises de Malcolm sobre a situação do negro, perdemos muito mais que isto: ele estava inclusive elaborando uma verdadeira filosofia – uma forma de entender o mundo, que poderia gerar uma ideologia afro-americana.
Há suspeitas que além de Elijah Muhammad haja interessados em sua morte inclusive dentro do Governo Norte-Americano. Junto com Martin Luther King Junior, morto pouco tempo depois, reunia um poder de mobilização assustador. Tinha também respaldo internacional.
Mas o melhor que podemos fazer, é prosseguir de onde ele parou. Eu tento.
sexta-feira, junho 23, 2006
Billie Holiday
(I Don't Stand A) Ghost Of A Chance
I need your love so badly
I love you oh so madly
But I don't stand a ghost of a chance with you
I thought at last I found you
But other loves surround you
And I don't stand a ghost of a chance with you
If you'd surrender
Just for a tender
Kiss or two
You might discover
That I'm the lover
Meant for you
And I'd be true
But what's the good of scheming
I'm dreaming
For I don't stand a ghost of a chance with you
Cuz I don't stand
A ghost of a chance
With you
I love you oh so madly
But I don't stand a ghost of a chance with you
I thought at last I found you
But other loves surround you
And I don't stand a ghost of a chance with you
If you'd surrender
Just for a tender
Kiss or two
You might discover
That I'm the lover
Meant for you
And I'd be true
But what's the good of scheming
I'm dreaming
For I don't stand a ghost of a chance with you
Cuz I don't stand
A ghost of a chance
With you
Eu tenho um arquivo em MP3 de um show ao vivo de Billie Holiday, e quando posso, dou uma escutada. É muito bom, e digo: seria obrigatório que as pessoas que afirmam saber e gostar de música, ouvir qualquer registro dela, para ter a certeza que a morte não levou só Cássia Eller repentinamente, a cantora afro-americana também foi uma perda irreparável para os nossos ouvidos.
Billie era filha de uma trabalhadora rural negra Sadie Fagan, mas o pai é ainda uma incógnita. Há quem diga que foi um guitarrista de Jazz, mas biógrafos explicam que ele apenas assinou a certidão de nascimento, não sendo seu verdadeiro genitor. Ela nasceu na Filadélfia, com o nome Eleanora Fagan Gough, e o apelido surgiu para inventar um nome forte artístico, já que o verdadeiro era muito sério e formal. Ela nasceu no dia 7 de abril de 1915.
Teve uma infância difícil, em Baltimore, onde cresceu, similar a de toda criança negra, no inicio do século XX, mas sua educação musical foi ouvindo canções de Louis Armstrong e Bessie Smith, tocados no rádio ou vitrola.
Desde cedo ela descobriu seu talento e foi tentar uma carreira musical nas casas de shows, na periferia de Nova Iorque, no bairro Harlem. Lá, sua voz incomum não passou desapercebida, pelo caça talentos John Hammond e logo foi convidada a excursionar pelo Estados Unidos.
Uma das coisas que faziam as pessoas se apaixonar perdidamente pela voz da cantora era sua dicção original e a intensidade dramática com cantava, chegando às vezes até as lágrimas. Para que perguntava o por que disso: ela respondia – “essas músicas praticamente falam de minha vida”.
E era pura verdade. Seu primeiro marido foi o trombonista Jimmy Monroe, que era também traficante e a iniciou no vicio da heroína. Depois se relacionou com o trompetista Guy de Joe, outra união tumultuada.
Em 1947, ela ficou 8 meses detidas por posse de drogas, quando quase encerrou sua carreira devido à complicada dependência química que tinha.
Billie tinha ainda um estilo único de vestir-se, colocando nos cabelos, levemente desalinhados, uma flor de gardênia. Ela gravou mais de 200 músicas entre as décadas de 30 e 40, mas sem ser corretamente remunerada. Foi uma das primeiras cantoras negras a ser admitida em orquestras formada por brancos. Não esqueçamos que era pleno período de segregação étnica.
Em março de 1952, Billie faz outro casamento errado. Desta vez se apaixona por Louis Mckay, um mafioso, que era violento com ela, mas tentou mantê-la afastada das drogas. Talvez até gostasse dela, de um jeito machista, é claro.
A cantora também era avançada em suas opções sexuais, tendo relacionado com algumas atrizes da época como Tallulah Bankhead e atores então iniciantes como Orson Welles.Nos anos de 54,58 e 59 ela conseguiu fazer excursões pela Europa, conseguindo inclusive em Chelsea fazer uma participação em um programa na BBC.
No dia 31 de maio de 1959, teve uma péssima noticia: após um exame médico, descobriu-se estar com sérios problemas de no coração e fígado. Em 12 de julho daquele ano, em uma controversa operação policial, foi detida, acusada de posse de drogas, e acabou morrendo atrás das grades 5 dias depois com cirrose no fígado, aos 44 anos de idade. Morreu com pobre, com apenas 70 centavos de dólares em sua conta bancária. Seu corpo foi enterrado no cemitério de Saint Raymond, no bairro do Bronx, Nova Iorque.
Além de excelente cantora era também uma natural ativista feminista e brigava firmemente contra a discriminação racial.
quinta-feira, junho 22, 2006
Crash - No Limite
Recomendo que assistam, mas deve ter um pouco de paciência. No começo parece aquelas produções da Rede Globo, estilo novelão. Mas depois, vendo pela segunda vez, percebe que há seus pontos positivos.
E a questão racial abordada não só pela questão negra, mas de muitas etnias que hoje moram nos Estados Unidos. Bom para enteder o problema dos migrantes hoje naquele pais, que já gerou até uma passeata e uma greve!
quarta-feira, junho 21, 2006
JORGE DUILIO BEN ZABELLA LIMA DE MENEZES
O nome oficial do RG é de um cidadão comum, mas desde inicio da década de 60, Jorge Ben pode ser classificado de tudo, menos de um simples brasileiro. Eu cresci ouvindo duas músicas, grupos de Hip Hop usam samplers de suas canções e é reverenciado pelo líder do grupo Racionais Mcs, Mano Brown.
Mas o filho do estivador Augusto de Menezes e da dona de casa Silvia Lenheira Bem Zabella tinha na adolescência a meta de se tornar médico pediatra ou advogado, carreiras respeitadíssimas na época. Secretamente tinha o desejo de também se destacar nos campos de futebol. Não é difícil isso acontecer, pois temos que lembrar que no período estavam em campo Pelé, Garrincha e outros deuses da bola.
Entretanto uma contusão no tornozelo, fez com que ficasse fora das quatro linhas esportivas, e em recuperação passou a explorar um violão que sua mãe tinha lhe presenteado. E um detalhe definiu o seu sucesso: Jorge não conseguia aprender a tocar o instrumento da forma tradicional e inventou um jeito que até hoje podemos ouvir em suas composições.
Ele foi descoberto, logo depois pelo contrabaixista Manuel Gusmão do grupo Copa Trio, seu antigo parceiro das peladas nas praias. Ele levou Jorge até o Beco das garrafas, bairro Copacabana, e lá tocando várias noites com a nata dos músicos cariocas. Chamou a atenção de um olheiro de novos talentos, o diretor da gravadora Polygram, João de Mello.
Na Polygram, o musico gravou uma fita demo, com arranjos do lendário J.T. Meirelles, flautista do conjunto Copa 5. E em um disco pesado de 78 rotações saíram às músicas Mas que nada e Por causa de você, menina. O Disco Samba Esquema Novo em 1963 foi consequência da repercussão desta gravação. Vendeu 100 mil cópias e fez uma turnê capitaneada pelo arranjador Sergio Mendes, pelos Estados Unidos.
Depois disso surgiu convite para tocar no programa Fino da Bossa, que era comandado por nada menos que a dupla do momento, Elis Regina e Jair Rodrigues. Não foi sua única participação na televisão, um amigo de fé e irmão camarada Erasmo Carlos, conhecia Jorge das partidas de futebol em Tijuca. O Tremendão era integrante de um novo estilo musical – a Jovem Guarda, que tinha um programa de televisão. Lá se apresentou ao lado dos The Fevers e usou seu instrumento preferido – a guitarra.
Mas o jeito de Jorge Ben tocar guitarra e violão é nitidamente diferente. Em entrevista a Revista Raça, em 1998, a jornalista Maria Amélia Rocha Alves, ele foi influenciado pelo compositor Luís Carlos Paraná, que lhe ensinou a afinação estilo viola caipira. Mas nem só de originalidade o músico vivia. Ele ainda estudou Musica em Berkely, estado da Califórnia, nos Estados Unidos.
Em 1966, plena Ditadura Militar, surge a Tropicália, um grande Movimento Cultural e lá estava Jorge Bem mostrando seu estilo musical, que nos anos 70, com o Movimento Black Power, torna-se mais suingado. Ele lidera um grupo de novos talentos afro-brasileiros com um jeito brasileiro de fazer soul, funk, enfim black music: Gerson King Combo, Banda Black Rio, Cassiano e Tim Maia, amigo de adolescência. Com a equipe do Chic Show em São Paulo, acontece apresentações antológicas, que infelizmente não foram registradas para hoje serem oferecidas em DVD.
Como já descrevi aqui no Blog, junto com Trio Mocotó, inventaram o Samba Rock, que Jorge chama de sambalanço ou sacundin sacundem. Hoje há vários seguidores. Inclusive tenho que fazer uma correção: a música Segura a Nega, é hoje executada pelo grupo Clube do Balanço, mas foi lançada pelo Bebeto (por onde andará?).
Há uma lenda interessante sobre o musico, ele teria trocado o nome por numerologia, mas a versão correta foi uma mudança estratégica, pois quem gosta de musica conhece George Benson, cantor afro-americano. Pela sonoridade e grafia parecida com o sobrenome artístico de Jorge, ele mudou para Benjor, para inclusive evitar que direitos autorais fossem recolhidos só para o musico dos Estados Unidos.
Pra mim que nasci em 1970, vai ser sempre Jorge Ben. Um dos seus discos que repousam em sua versão long play, na casa de minha mãe, comprada pelo meu saudoso pai, é o Salve Simpatia, com o hit que canto até hoje.
Jorge fez e faz ainda uma carreira sensacional, servindo hoje de referencia para novas gerações. Tem uma coleção considerável de guitarras, e apesar da má fase, é um dos torcedores fanáticos do Flamengo.
Mas o filho do estivador Augusto de Menezes e da dona de casa Silvia Lenheira Bem Zabella tinha na adolescência a meta de se tornar médico pediatra ou advogado, carreiras respeitadíssimas na época. Secretamente tinha o desejo de também se destacar nos campos de futebol. Não é difícil isso acontecer, pois temos que lembrar que no período estavam em campo Pelé, Garrincha e outros deuses da bola.
Entretanto uma contusão no tornozelo, fez com que ficasse fora das quatro linhas esportivas, e em recuperação passou a explorar um violão que sua mãe tinha lhe presenteado. E um detalhe definiu o seu sucesso: Jorge não conseguia aprender a tocar o instrumento da forma tradicional e inventou um jeito que até hoje podemos ouvir em suas composições.
Ele foi descoberto, logo depois pelo contrabaixista Manuel Gusmão do grupo Copa Trio, seu antigo parceiro das peladas nas praias. Ele levou Jorge até o Beco das garrafas, bairro Copacabana, e lá tocando várias noites com a nata dos músicos cariocas. Chamou a atenção de um olheiro de novos talentos, o diretor da gravadora Polygram, João de Mello.
Na Polygram, o musico gravou uma fita demo, com arranjos do lendário J.T. Meirelles, flautista do conjunto Copa 5. E em um disco pesado de 78 rotações saíram às músicas Mas que nada e Por causa de você, menina. O Disco Samba Esquema Novo em 1963 foi consequência da repercussão desta gravação. Vendeu 100 mil cópias e fez uma turnê capitaneada pelo arranjador Sergio Mendes, pelos Estados Unidos.
Depois disso surgiu convite para tocar no programa Fino da Bossa, que era comandado por nada menos que a dupla do momento, Elis Regina e Jair Rodrigues. Não foi sua única participação na televisão, um amigo de fé e irmão camarada Erasmo Carlos, conhecia Jorge das partidas de futebol em Tijuca. O Tremendão era integrante de um novo estilo musical – a Jovem Guarda, que tinha um programa de televisão. Lá se apresentou ao lado dos The Fevers e usou seu instrumento preferido – a guitarra.
Mas o jeito de Jorge Ben tocar guitarra e violão é nitidamente diferente. Em entrevista a Revista Raça, em 1998, a jornalista Maria Amélia Rocha Alves, ele foi influenciado pelo compositor Luís Carlos Paraná, que lhe ensinou a afinação estilo viola caipira. Mas nem só de originalidade o músico vivia. Ele ainda estudou Musica em Berkely, estado da Califórnia, nos Estados Unidos.
Em 1966, plena Ditadura Militar, surge a Tropicália, um grande Movimento Cultural e lá estava Jorge Bem mostrando seu estilo musical, que nos anos 70, com o Movimento Black Power, torna-se mais suingado. Ele lidera um grupo de novos talentos afro-brasileiros com um jeito brasileiro de fazer soul, funk, enfim black music: Gerson King Combo, Banda Black Rio, Cassiano e Tim Maia, amigo de adolescência. Com a equipe do Chic Show em São Paulo, acontece apresentações antológicas, que infelizmente não foram registradas para hoje serem oferecidas em DVD.
Como já descrevi aqui no Blog, junto com Trio Mocotó, inventaram o Samba Rock, que Jorge chama de sambalanço ou sacundin sacundem. Hoje há vários seguidores. Inclusive tenho que fazer uma correção: a música Segura a Nega, é hoje executada pelo grupo Clube do Balanço, mas foi lançada pelo Bebeto (por onde andará?).
Há uma lenda interessante sobre o musico, ele teria trocado o nome por numerologia, mas a versão correta foi uma mudança estratégica, pois quem gosta de musica conhece George Benson, cantor afro-americano. Pela sonoridade e grafia parecida com o sobrenome artístico de Jorge, ele mudou para Benjor, para inclusive evitar que direitos autorais fossem recolhidos só para o musico dos Estados Unidos.
Pra mim que nasci em 1970, vai ser sempre Jorge Ben. Um dos seus discos que repousam em sua versão long play, na casa de minha mãe, comprada pelo meu saudoso pai, é o Salve Simpatia, com o hit que canto até hoje.
Jorge fez e faz ainda uma carreira sensacional, servindo hoje de referencia para novas gerações. Tem uma coleção considerável de guitarras, e apesar da má fase, é um dos torcedores fanáticos do Flamengo.
Discografia
Reactivus amor est - Turba Philosophorum (2004)
Acústico MTV - Admiral Jorge V (2002)
Acústico MTV - Banda do Zé Pretinho (2002)
Músicas para tocar em elevador (1997)
Homo Sapiens (1995)
Ben Jor world dance (1995)
23 (1993)
Live in Rio (1992)
Ben Jor (1989)
Ben Brasil (1986)
Sonsual (1985)
Dádiva (1984)
Bem-vinda amizade (1981)
Alô, alô, como vai (1980)
Salve simpatia (1979)
A banda do Zé Pretinho (1978)
Tropical (1977)
África Brasil (1976)
Jorge Ben à L'Olympia (1975)
Solta o pavão (1975)
Gil Jorge (1975)
10 anos depois (1973)
A tábua de esmeralda (1972)
Ben (1972)
Negro é lindo (1971)
Força bruta (1970)
Jorge Ben (1969)
O bidú - silêncio no Brooklin (1967)
Big Ben (1965)
Ben é samba bom (1964)
Sacundin Ben samba (1964)
Samba esquema novo (1963)
Rainha Tereza do Quilombo Quariterê
A História do Povo Negro não se resume apenas líderes masculinos como Zumbi dos Palmares. Há figuras esquecidas inclusive pelo movimento negro é a líder quilombola Teresa do Quariterê, que chefiou uma comunidade no interior de Mato Grosso, que tinha 79 pessoas negras e 30 índios, nas proximidades do Rio Galera.
O Quilombo do Quariterê surgiu em 1750, composto por pessoas que conseguiram escapar de senzalas e indígenas sobreviventes da perseguição portuguesa. Lá, Tereza criou um sistema político similar ao parlamentarismo. Ela era a rainha e se submetida à decisão de um conselho de representantes. Havia um regular exército de resistência que possuíam armas de fogo, obtidas ou no comercio de produtos excedentes do quilombo, ou de oponentes vencidos que tentaram invadir a comunidade. Não era admitida a deserção, sendo punida com pena de morte, visando inclusive a segurança dos quilombolas, que poderia denunciar onde estava escondida a comunidade.
Outra inovação implantada por Tereza era sistema comunitário de produção agrícola. Além de alimentos, eram plantados algodões, para serem usado para confeccionar as roupas dos moradores do quilombo. O tecido era tão bom, que mercadores ambulantes que iam até o quilombo para adquirir o produto.
O fim do Quilombo de Quariterê foi decretado pelos senhores de escravos do Mato Grosso que se assustaram com o foco de resistência. Em um cerco militar conseguiram dominar os quilombolas, e prender todos os 44 sobreviventes. No confronto, o conselheiro militar de Tereza foi morto. Ela captura e ciente de seu destino, preferiu o suicídio comendo ervas, quando era conduzida para ser torturada na cidade de Vila Bela.
segunda-feira, junho 19, 2006
Gostava tanto de você
Um DVD sensacional. Além das músicas tem uma entrevista muito engraçada do Tim Maia, que fala sobre extraterrenos, intraterrenos, seres do futuro e do passado, onde tudo é tudo e nada é nada.
Veja, eu adorei. Só tem um defeito: é curto demais!
Relação das músicas:
Entrevista. Show.
1. Vale tudo (Tim Maia)
2. Telefone (Nelson Kaê e Beto Corrêa)
3. O descobridor dos sete mares (Michel e Gilson Mendonça)
4. Pout-Pourri:
Primavera (Cassiano e Silvio Rochael)
Azul da cor do mar (Tim Maia)
Se me lembro, faz doer (Tim Maia)
5. Você (Tim Maia)
6. Do leme ao pontal (Tim Maia)
7. Pout-Pourri:
Folha de papel (Sérgio Ricardo)
A rã (Caetano Veloso e João Donato)
8. Gostava tanto de você (Edson Trindade)
9. Um dia de domingo (Michael Sullivan e Paulo Massadas)
10. Pout-Pourri:
Meu país (Tim Maia)
Chocolate (Tim Maia)
11. Vale tudo (Tim Maia)
Tudo sobre os Andersons
Este é um outro seriado americano interessante. Novamente é sobre uma familia negra e seu cotidiano. Sei que alguns vão dizer que não há nada de conscientização negra, mas assim como "Eu, a patroa e as crianças" ele serve para denunciar o nosso racismo televisivo, onde há poucos atores e atrizes negros.
Além disso é divertido. Pena que é uma vez por semana. Também é exibido no SBT.
sexta-feira, junho 16, 2006
Joaquim Maria Machado de Assis
Faz tempo que estava enrolando para escrever sobre o grande escritor Machado de Assis, fundador da Academia Brasileira de Letras e respeitadíssimo até no exterior. Era negro, embora isso seja pouco divulgado, e parte do movimento negro, de forma equivocada acaba criticando a sua não adesão mais firme ao Abolicionismo, a exemplo de Luis Gama e Castro Alves. Mas a leitura do conto Pai contra Filho, escrito por ele, e que inspirou um dos melhores filmes brasileiros – Quanto Vale ou é Por Quilo? – não deixa divida sobre a sua consciência negra.
Ele nasceu no dia 21 de junho de 1839, na cidade do Rio de Janeiro. Era filho do brasileiro, carioca, descendente de negros alforriados, pintor e dourador Francisco de José, operário negro e da portuguesa da ilha de São Miguel, Açores Dona Maria Leopoldina, dona de casa. Infelizmente, sua mãe morreu quando ele ainda era criança, mas seu pai casou novamente e sua esposa, Maria Inês Machado o criou como filho. Aos 12 anos, sofre nova perda, o pai falece. Também perdeu logo nos primeiros anos de vida sua única irmã.
A madastra de Machado de Assis, era doceira em um colégio no bairro São Cristóvão, Rio de Janeiro. Neste ambiente, ajudando a vender os quitutes no ambiente escolar, logo ele toma conta com professores e alunos e ganhou a possibilidade de freqüentar as aulas. E ele aproveita para ter as primeiras noções gramáticas.
Também neste trabalho de vendedor de doces, o adolescente Joaquim conquista com sua inteligência, a proprietária de uma panificadora, uma senhora francesa, que lhe dá aulas de francês. E por fim é também digno de registro a ajuda que a viúva do Brigadeiro e senador do Império Bento Barroso Pereira – a senhora Maria José que praticamente o adotou financeiramente. Mesmo com os problemas da epilepsia e da gagueira, que tinha, ele foi conseguindo informalmente se instruir.
Apaixonado pela leitura e pelas poesias, não demorou que ele próprio escrevesse a sua. Com 16 as conseguiu no dia 12 de janeiro de 1855, publicar seu primeiro texto, na Revista Marmota Fluminense. O poema intitulado “Ela”, que foi t;ao bem aceito, que Joaquim passou a colaborar regularmente com a publicação, por ordem do proprietário – Francisco de Paula Brito.
A fama de um nas letras, fez com que o jovem Joaquim, aos 17 anos, conquistasse seu primeiro emprego – aprendiz de tipógrafo na Impressa Nacional. Durante as horas vagas no trabalho, escreve alguns textos, que logo é percebido pelo diretor do órgão, o escritor de Memórias de um Sargento de Milícias, Manuel Antonio de Almeida.
Mas em 1858, o Francisco de Paula Brito, faz uma ótima oferta de emprego, levando o jovem Joaquim de volta a Livraria Paula de Brito, como revisor e colaborador da Marmota Fluminense. Além disso, insere o escritor na Sociedade Litero Humorística Petalogica, onde ele passa a ter amizade dos escritores Joaquim Manoel de Macedo, José de Alencar e Gonçalves Dias.
Em 1859, Machado de Assis torna-se revisor e colaborador da Gazeta Mercantil e no ano seguinte, convidado por Quintino Boicaiuva passa a trabalhar na redação do Diário do Rio de Janeiro. Uma das lendas sobre Machado de Assis que sua caligrafia era muito ruim. Redator do Diário de Janeiro, seus companheiros de trabalho, os revisores, recusaram trabalhar com ele, sem que melhorasse sua letra. As reclamações chegaram até o proprietário do periódico que afirmou que só acreditaria se visse os originais de Machado. Mas reconheceu que apesar do talento, a caligrafia era ruim mesmo. Chamado para decifra suas anotações aconteceu algo até hilário, nem o escritor conseguiu traduzir. Por fim, teve que melhorar sua caligrafia.
Contribuiu também nas revistas O espelho, Jornal das Famílias e através do pseudônimo Doutor Semana – escreve no Semana Ilustrada – todos periódicos culturais.
Em 1861, o escritor participa como tradutor da obra “Queda que as mulheres tem para os tolos”. E no ano seguinte conhece o português Faustino Xavier de Novais, diretor do jornal O Futuro, informativo cultural, que também era irmão de sua futura esposa, Carolina Augusta.
A primeira obra literária dele foi Crisálidas, publicada em 1864, aos 29 anos de idade e dois anos depois obtém uma promoção; é nomeado ajudante do diretor do Diário Oficial do Império. Em 1869 sofre uma grande perda, morreu seu amigo Faustino Xavier, o que serve para aproximá-lo mais de Carolina, e por conseqüência, casam-se, no dia 12 de novembro, ela com 32 anos e ele com 27.
O emprego público e o casamento sólido são as bases tranqüilas que o escritor necessitava para se sentir à vontade para dedicar seu tempo ao que tanto deseja: escrever. Carolina além de ser uma perfeita companheira, influenciou de forma decisiva em sua formação literária.
Não demorou muito, e no ano de 1872, Machado de Assis publica seu primeiro romance – “Ressurreição”. Isso coincide com mais uma promoção: agora ele é alçado ao cargo de primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Em 1889, ano da proclamação da republica, torna-se diretor de Comercio da mesma pasta
Dois anos depois Quintino Bocaiúva convida Joaquim para publicar como novela o romance “A mão e a Luva”. É o mesmo ano em que consegue terminar de escrever um dos seus livros mais conhecidos – Memórias Póstumas de Brás Cubas, que dá inicio ao estilo realismo na literatura brasileira.
Juntamente com o amigo e também escritor José Veríssimo, dirige a Revista Brasileira, entra em contato com vários intelectuais e cria no dia 28 de janeiro de 1897 a Academia Brasileira de Letras
, aonde viria a ser eleito o primeiro presidente.Entre os anos de 1882 a 1906, Machado de Assis escreve os contos: Papeis Avulsos, Paginas recolhidas e Relíquias da Casa Velha.
Em 1904, morre Carolina, e Machado de Assis escreve em sua homenagem, no meio do luto, um de seus melhores poemas, Carolina. Mas a depressão e um câncer o fez falecer em 29 de setembro de 1908, em sua velha casa no bairro carioca do Cosme Velho. Nem nos últimos dias, aceitou a presença de um padre que lhe tomasse a confissão. Bem conhecido pela quantidade de pessoas que visitaram o escritor carioca em seus últimos dias, como Mário de Alencar, Euclides da Cunha e Astrogildo Pereira. .
Seu corpo foi velado na sede da Academia Brasileira de Letras, que passou depois a ser denominada em sua homenagem de Casa de Machado de Assis.
A obra do escritor pode ser dividida em duas fases distintas: romântica e realista. Na primeira os personagens de seus livros são românticos e o principal enredo é a conquista do amor verdadeiro. São frutos deste período as obras: Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia. Foram escritos na fase realista os livros: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro e Memorial de Aires, que são caracterizados pelas questões psicológicas e sociais, onde as pessoas são retratadas com seus defeitos e qualidades.
BIBLIOGRAFIA:
Comédia
Desencantos, 1861.Tu, só tu, puro amor, 1881.
Poesia
Crisálidas, 1864.Falenas, 1870.Americanas, 1875.Poesias completas, 1901.
Romance
Ressurreição, 1872.A mão e a luva, 1874.Helena, 1876.Iaiá Garcia, 1878.Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881.Quincas Borba, 1891.Dom Casmurro, 1899.Esaú Jacó, 1904.Memorial de Aires, 1908.
Conto:
Contos Fluminenses,1870.Histórias da meia-noite, 1873.Papéis avulsos, 1882.Histórias sem data, 1884.Várias histórias, 1896.Páginas recolhidas, 1899.Relíquias de casa velha, 1906.
Teatro
Queda que as mulheres têm para os tolos, 1861Desencantos, 1861Hoje avental, amanhã luva, 1861.O caminho da porta, 1862.O protocolo, 1862.Quase ministro, 1863.Os deuses de casaca, 1865.Tu, só tu, puro amor, 1881.
Algumas obras póstumas
Crítica, 1910.Teatro coligido, 1910.Outras relíquias, 1921.Correspondência, 1932.A semana, 1914/1937.Páginas escolhidas, 1921.Novas relíquias, 1932.Crônicas, 1937.Contos Fluminenses - 2º. volume, 1937.Crítica literária, 1937.Crítica teatral, 1937.Histórias românticas, 1937.Páginas esquecidas, 1939.Casa velha, 1944.Diálogos e reflexões de um relojoeiro, 1956.Crônicas de Lélio, 1958.Conto de escola, 2002.
Antologias
Obras completas (31 volumes), 1936.Contos e crônicas, 1958.Contos esparsos, 1966.Contos: Uma Antologia (02 volumes), 1998
Suas principais obras foram traduzidas para diversos idiomas e grandes escritores contemporâneos como Salman Rushdie, Cabrera Infante e Carlos Fuentes confessam serem fãs de sua ficção, como também o confessou Woody Allen. A Academia Brasileira de Letras criou o Espaço Machado de Assis, com informações sobre a vida e a obra do escritor.
Endereço para ler a obra de Machado de Assis:
Biblioteca Digital MetaLibri
Academia Brasileira de Letras
Obras de Machado de Assis para leitura na Internet
Obras de Machado de Assis para download
Manuscrito de Machado de Assis
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