- Eita negro!
quem foi que disse
que a gente não é gente?
quem foi esse demente,
se tem olhos não vê...
O autor destes versos, Solano Trindade nasceu no dia 26 de junho em 1908, em Pernambuco, sendo um dos maiores poetas, pintores, teatrólogos do Brasil, oriundo da periferia, é que tinha militância afro-brasileira. Este recifense era filho de sapateiro Manuel Abílio, mestiço, sapateiro, e da quituteira Emerenciana, do bairro São José.
Logo na adolescência, deixou a cidade, em direção ao Rio Maravilha – Rio de Janeiro, onde juntamente com lideranças negras como Abdias do Nascimento, organizou o Primeiro Congresso Afro-Brasileiro e posteriormente ajudou a idealizar o Teatro Experimental Negro. Em editorial, o jornal O Globo chegou a afirmar que se tratava de "um grupo palmarista tentando criar um problema artificial no País", ou seja, o racial, na opinião deles, não existia no Brasil, e Solano estaria praticamente o criando. Visão jornalística racista.
Em 1950 conseguiu junto com o sociólogo Edson Carneiro fundar o Teatro Popular Brasileiro, e cinco anos depois organizou a criação do Brasiliana – grupo de dança étnica – revolucionário, e que excursionou pelo Brasil e pelo exterior com muito sucesso.Também no exterior realizou o documentário "Brasil Dança".
Sob a direção inovadora do teatrólogo Solano foi encenada pela primeira vez a peça Orfeu, que depois virou filme, dirigido pelo francês Marcel Cammus, e tornou-se um clássico cinematográfico. Embu, sua cidade adotada, passou a virar parte do mapa cultural do Brasil, com as apresentações do teatro Popular Brasileiro.Nos filmes “Agulha no Palheiro”, “Mistério da Ilha Vênus” e “Santo Milagroso” Solano atuou como ator. Foi também co-produtor no premiado “Magia Verde”.
Na literatura sua atuação pode ser constatada em “Poemas de uma Vida Simples”, “Seis tempos de Poesia” e “Cantares ao meu Povo”.
Ele ainda teve atuação política, como um dos fundadores da Frente Negra Brasileira, e sua poesia sempre tinham como tema a contestação social e racial da realidade brasileira. Entretanto sofreu na carne com isso, um de seus filhos, Francisco, morreu, durante o Regime Militar, torturado.
Morreu no dia 20 de fevereiro de 1974, em um hospital do Rio de Janeiro, praticamente anonimamente.
Fonte: O Negro Escrito, de Oswaldo de Camargo
Tem gente com fome
Tem gente com fome
Tem gente com fome
Só nas estações
Quando vai parando
Lentamente, começa a dizer
Dá de comer
Se tem gente com fome
Dá de comer
Se tem gente com fome
Dá de comer
2 comentários:
Marco Antônio,
Muito bonito o seu blog, principalmente por valorizar o grande recifense Francisco Solano Trindade.
Estou incluindo no meu blog uma poesia de Solano Trindade a quem muito admiro.
Grande abraco,
Conceicao Pazzola
http://mariaescrevinhadora.blog.terra.com.br
Oi, que bom que vc tem essa pesquisa aqui no seu blog... imagens e poemas lindos com fundamentação histórica e opiniões inteligentes sobre o povo negro. Muito asè pra continuar a construir esse eapaço em nossas crianças e adolescentes negros/as podem se ver positivamente!!!
Abraços,
mariaeamoreira@hotmail.com
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