terça-feira, junho 21, 2005

RACISMO NO FUTEBOL



Quem vê o atacante Robinho na seleção brasileira, não sabe que no inicio do século passado, a participação de negros numa equipe de futebol era proibida. Oficialmente o primeiro clube a aceitar afro brasileiros foi o Bangu e o Vasco da Gama é pioneiro numa briga contra as grandes agremiações que queriam criar no Rio de Janeiro uma liga com jogadores só brancos.
A resistência vascaína é registrada no oficio do clube, no dia 7 de abril de 1924, feito pelo presidente José Augusto Prestes ao dirigente da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos. Era exigida a saída de 12 atletas negros da equipe, o que foi rejeitado pela diretoria do time. Flamengo e Botafogo aceitaram a imposição, mas a regra acabou caindo em 1925. Há quem diga que isso tudo foi porque o Vasco foi campeão carioca em 1923.
No Rio Grande do Sul, o primeiro time a aceitar negros foi o Internacional, sendo que seu arqui rival – o Grêmio só veio a imitar o ato no dia 4 de março de 1952, com a contratação do craque Osmar Fortes Barcellos - o Tesourinha. Entre os gaúchos o racismo era tão forte que os negros chegaram a criar a Liga da Canela Preta, com equipes só de jogadores afro-descendentes, existente entre os anos de 1915 a 1930. Os brancos jogavam na Liga Nacional de Futebol de Porto Alegre. As Ligas José do Patrocínio e Rio Branco – também foram organizadas com essa finalidade, em um verdadeiro sistema de apartheid nacional.
A entrada do negro no futebol - a acabou criando o futebol arte. Segundo o jornalista Mario Rodrigues Filho – Autor do livro O Negro NO Futebol Brasileiro – a drible nasceu da necessidade jogador afro brasileiro desviar-se de um zagueiro branco e não cometer falta. Os juizes dos jogos na época puniam duramente, se um jogador branco sofria alguma agressão durante a partida por um atleta negro.
O Fluminense proporcionou na década de 20, um episodio hilário: Carlos Alberto, craque do tricolor carioca era obrigado a colocar pó de arroz – cosmético feminino – no rosto. Durante o calor da partida, o produto foi escorrendo com o suor. A torcida adversária não perdeu tempo: começou a chamar o Fluminense de time pó de arroz – fama que existe até hoje. Mas os jogadores em varias equipes eram obrigados a colocar redinha no cabelo para disfarçar e havia aqueles que até alisavam.
Mas em 1919, um jogador de mãe negra e pai alemão, já provava em campo que dentro das quatro linhas na cabia o racismo: Arthur Friedenreich Filho, que conquistou inclusive dois campeonatos sul-americanos para o Brasil, inclusive em contra os argentinos. Há quem diga que fez 1239 gols, 50 menos que Pelé.
É incrível, mas isso tudo já aconteceu no Brasil.

Autor: Marco Antonio dos Santos, membro do Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de São Paulo

Um comentário:

Anônimo disse...

Sou megra mas nem por isso tenho vergonha da minha cor ao comtrario tem orgulho...