Blog criado maio de 2005 para divulgação da História Antiga e Contemporânea do Povo Negro.
sexta-feira, junho 24, 2005
CENSO ESCOLAR: QUAL A SUA COR?
O Ministério da Educação, através do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, está realizando este ano o primeiro Censo Escolar Étnico do Brasil. Pais e estudantes já devem ter se deparado com a pergunta mais profunda dessa pesquisa: qual é sua cor ou raça? As duvidas e respostas têm gerado controvérsias de Oiapoque ao Chuí, pelo simples fato da questão cutucar feridas centenárias nesta nação.
Segundo teoria dos sociólogos apoiados em Gilberto Freyre no Livro - Casa Grande Senzala e depois em Darcy Ribeiro no Livro - Povo Brasileiro, o Brasil é fruto de uma cordial miscigenação entre etnias, que de fato aconteceu biologicamente, mas não economicamente. Ou seja, pode-se dizer que o Brasil é um país de mestiços, mas a mistura de cores de peles não aconteceu na distribuição de rendas.
Por outro lado, se assumir como negro, não é fácil. Massacrado por preconceitos e racismo, que tem base até em fantasiosas pesquisas cientificas, a inferioridade dos descendentes de africanos é reforçada. Um exemplo: em 1758, o botânico sueco Carolus Linaeus, fazia a seguinte classificação dos homos sapiens: os vermelhos americanos como geniosos despreocupados e livres; os amarelos asiáticos como severos e ambiciosos; os negros africanos como ardilosos e irrefletidos e os brancos europeus como ativos, inteligentes e engenhosos.
Foi com base nesse tipo de estudo, que índios, negros e asiáticos foram dominados e levados por uma pedagogia eurocentrista a ver o Velho Mundo como o centro da Civilização e o restante como periferia. Hoje todo mundo ter orgulho de dizer que tem antepassados na Itália, Espanha e até na França. Mas ninguém bate no peito e diz que é descendente de tupi guaranis, de bantos, ou chineses.
Esse Censo Escolar não trará soluções e sim diagnósticos. É como examinar o sangue de uma pessoa para saber como ela está. Um dos remédios é a real aplicação da lei federal 10.639 que fala da obrigatoriedade do Ensino da África e do Negro nas escolas, sejam particulares ou publicas. Uma parte do problema estará resolvida.
A explicação correta dos fatos históricos derrubará vários mitos de superioridade e de inferioridade. Por exemplo, lembrar que a medicina européia é fruto da tradução de manuais árabes, enquanto, os africanos através do Islamismo já tinham escreviam nesta língua desde o ano 600 DC. É bom lembrar que o ato de comer com garfo, conceitos de matemática, química e física, foram levados aos europeus pelos povos orientais.
Enfim: todos somos iguais perante a lei, mas filhos de povos de diferentes culturas. Equilibrar isso irá gerar a tão sonhada justiça social, mãe da democracia racial.
Publicado no Jornal Gazeta de Bebedouro, no dia 23 de junho de 2005, na “Coluna Preto no Branco”.
TEM NEGRO NO PROGRAMA “ O APRENDIZ 2”
O
O reality show “O Aprendiz 2”, apresentador pelo publicitário Roberto Justus tem entre os 16 candidatos ao salário de 250 mil reais por ano, um competidor afro brasileiro. É Antonio Marcos, formado da UNIP – Universidade Paulista no curso de Ciências da Computação.
O programa é uma versão nacional do original apresentado pelo extravagante empresário norte-americano Donald Trump. Haverá mais 15 capítulos a serem exibidos sempre as terças e as quintas feiras. Segundo a TV Record em publicidade o reality show já faturou 31 milhões de reais.
Ainda sobre a participação de Marcos, é a primeira vez que isso acontece no Brasil, ao contrario da versão americana onde participaram afro americanos. Na primeira edição, Justus quando questionado a ausência de negros entre os participantes, afirmou não ter se preocupado na formação étnica do grupo.
Uma característica de “O Aprendiz” é reforçar os ideais do Capitalismo Selvagem: só vence quem sabe fazer a empresa ganhar mais dinheiro. Quem transparecer que poderá como executivo dar mais lucro - será o vencedor.
O que Karl Marx diria disso?
Marco Antonio dos Santos, 35 anos, membro do Conselho Estadual de Desenvolvimento e Participação da Comunidade negra de Bebedouro/SP.
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