Quando eu era
criança fiquei impressionado com um seriado exibido pela TV Globo, na década de
1980, sobre a saga de um jovem escravizado na África e a luta de seus
descendentes nos Estados Unidos. A cena que mais me marcou foi quando Kunta Kinte
tem um dos pés cortado pela metade, em punição por fugir da senzala.
Na próxima semana, a
partir do dia 17, o canal por assinatura History vai exibir uma refilmagem com
mais detalhes do livro escrito por Alex Haley, o mesmo autor da biografia de
Malcolm X. A série original recebeu 36 indicações para o Prêmio Emmy, dos quais
conquistou nove, além de vencer um Globo de Ouro.
Esta nova versão de
Raízes tem produção executiva de Will Packer (Policial em Apuros), Mark Wolper
(filho do produtor da série original) e o ganhador de diversos prêmios Emmy
LeVar Burton, que além de ser coprodutor, fez parte do elenco original, no
núcleo de Kunta Kinte.
No elenco, Laurence
Fishburne (ganhador de um Emmy por Tribeca) no papel de Alex Haley; Forrest
Whitaker(Oscar de Melhor Ator por O Último Reino da Escócia) como Fiddler, um
escravo que tenta guiar Kunta Kinte e arrisca sua vida para ajudá-lo a escapar;
Anna Paquin (Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por O Piano e Globo de Ouro de
Melhor Atriz por True Blood) no papel de Nancy Holt, a esposa de um oficial com
um jeito peculiar em relação ao tratamento dos escravos; e o ator Jonathan Rhys
Meyers (Ponto Final: Match Point, The Tudors e Globo de Ouro de Melhor Ator por
Elvis) no papel de Tom Lea, um senhor de escravos rude.
Destaque também para
Anika Noni Rose (premio Tony por DreamGirls, e reconhecida por seu protagonismo
em The Good Wife e A Princesa e o Sapo) como Kizzy, a inteligente filha de
Kunta Kinte e que mantém o orgulho da família e o espírito guerreiro; Chad L.
Coleman (The Walking Dead, The Wire) interpreta Mingo, uma escrava que trabalha
na plantação de Lea; e Erica Tazel (Justified) como Matilda, filha de um pregador
religioso e objeto do amor de Chicken George.
A nova versão,
original e contemporânea, incorporou mais material do romance de Haley e teve
uma extensa e cuidadosa pesquisa. Com a ideia de utilizar essa poderosa
história para incentivar o debate e o conhecimento sobre esta temática
importante que faz parte da cultura americana, foi realizado um trabalho com
historiadores especialistas em História Africana e Afroamericana e com líderes
no assunto de todo o país
Kunta Kinte – A história
começa com o nascimento de Kunta na vila de Juffure, em Gâmbia, na África
Ocidental, em 1750. Ele é o mais velho dos quatro filhos de Omoro Kinte e Binta
Kebba, da tribo mandinga.
Um dia, em 1767,
quando o jovem Kunta Kinte deixa a sua aldeia para procurar madeira para fazer
um tambor, que daria de presente ao seu irmão caçula, quatro homens o cercam e
o levam cativo.
Kunta desperta com
os olhos vendados, amordaçado e amarrado, prisioneiro de um caçador de
escravos, Garderner, a serviço dos traficantes Slater e Davis.
Haley descreve como
eles o humilharam deixando-o nu, sondando-o em todos os orifícios, e marcando-o
com um ferro quente. Ele, e outros 169 pessoas, são colocados em um navio
negreiro para a viagem de três meses para a América do Norte.
Chegando em
Annápolis, Maryland, ele é vendido para John Waller e tem o nome mudado para
Toby. Como castigo por três fugas, a metade de seu pé direito é amputada. Kunta
é então vendido para William Waller, tornando-se jardineiro e cocheiro.
A aversão inicial
que os outros escravos sentiam por ele, eventualmente, se transforma em
admiração, por sua capacidade de mascarar os seus verdadeiros sentimentos e de
resistir às exigências cruéis dos senhores de escravos.
Kunta Kinte, a
contragosto, aceita a sua condição e se casa com Bell, uma escrava de serviços
domésticos, com quem tem uma filha chamada Kizzy.
Kunta Kinte ensina
Kizzy a língua e a cultura mandinga, um legado transmitido através das gerações
até que Haley ouve de uma criança dos seus parentes. No final do drama vemos
Kunta Kinte de luto por sua filha, depois que ela é vendida por ajudar na fuga
do seu amado.
Kunta Kinte é
retratado de forma heróica, inteligente, talentosa, introspectivo, e corajoso,
um guerreiro mandinka que nunca abandona a sua fé muçulmana.