terça-feira, agosto 23, 2005

275 ANOS DE ALEIJADINHO


No próximo dia 29 de agosto, serão comemorados 275 anos do aniversário de Antonio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho – um dos maiores escultores do Brasil. Mas sua historia não é um fato isolado. Existiram durante o período de Escravidão Negra, muitos escultores afro-brasileiros, mas perversamente escondidos das paginas oficiais da Historia do Brasil.
Segundo relato de Thomas Ewbank no livro “A Vida no Brasil”, foi notado muitas esculturas em pedra e imagens de santos em madeira, confeccionadas por negros livres. O destaque vai para João Vermelho, escultor negro, morador de Caetés, estado do Rio de Janeiro. Ele era considerado um dos maiores artistas plásticos do período, tendo suas obras expostas na igreja de Nossa senhora do Rosário do Rio de Janeiro.
Aleijadinho nasceu em 1730, em Ouro Preto. Mas seu talento foi passado por seu pai, o escultor e projetista de igrejas Manuel Francisco Lisboa – autor do risco da Igreja da Ordem Terceira do Carmo. Também é creditado como mentor de Aleijadinho o desenhista e pintor João Gomes Batista e o entalhador José Coelho de Noronha.
A mãe de Aleijadinho era Isabel, uma afro-brasileira escravizada, de propriedade do pai dele. Foi batizado pelo Padre João de Brito na Igreja de nossa senhora da Conceição e por essa razão conseguiu a alforria de pia, ou seja, aquela obtida por concessão do pai. Em alguns casos os padrinhos da criança é que concediam esse beneficio, mediante o pagamento de uma quantia.
O apogeu da extração do ouro propiciou um clima excelente para as Artes Plásticas. E logo Aleijadinho passou a ser um dos artistas mais requisitados em Minas Gerais. Há obras dele nas cidades de Ouro Preto, Sabará, São João Del Rei, Mariana, Caeté, Barão dos Cocais, Tiradentes e Congonhas.
No estilo artístico do escultor é notado: Barroco, Rococó, Clássico e o Gótico. Um dos materiais mais usados por ele é a pedra sabão. Como entalhador disputado fez igrejas e residências, confeccionado inclusive utensílios domésticos.

Mas a partir dos 47 anos, uma doença começou a afeta-lo. Há quem diga que era resultado de enfermidades venéreas mal tratadas, apesar de não haver exatidão nesses dados. A endemia passou a afetar sua mobilidade, até que só pode trabalhar de joelhos.
A partir dessa época o escultor se envergonhou de sua condição e passou se isolar. Num ritual rotineiro passar usar um, sobretudo negro, com mangas e golas altas e usa um chapéu de lã parda de abas larga. Tudo para se esconder. Era raramente visto durante o dia, para esconder suas feições. Para subir grandes escadas para esculpir nas igrejas usava um apetrecho adaptado aos joelhos.
Aleijadinho morreu aos 76 anos de idade, mas depois de passar por dois anos finais de agonia devido o agravamento da doença e impossibilitado de trabalhar. Apesar de falecer solteiro, tinha um filho com Narcisa da Conceição, negra, moradora do Rio de Janeiro. O filho, Manuel Francisco Lisboa Neto e sua nora e neto, viveram sob sua proteção econômica.
O escultor, segundo pesquisas realizadas pelo escritor Mário de Andrade, teve uma ótima condição financeira em vida, mas terminado de forma humilde, pois tinha ajudava muitas pessoas, não acumulando assim fortuna. Serve de atestado de boa condição econômica de Aleijadinho a posse de três negros escravizados.
O reconhecimento nacional de Aleijadinho foi só no século XX, pois em seu tempo sofreu inclusive o preconceito de ser negro e ser brasileiro, infligindo por artistas europeus que subestimavam a arte do escultor. Uma das polemica é que ele nunca tinha visto um leão e em suas esculturas eles serem mais parecidos com cães. Mas isso é puro preconceito!

2 comentários:

Anônimo disse...

Legal.E isso ai.

Anônimo disse...

Legal.E isso ai.