Imagem ilustrativa de Luíza Mahin |
Todos os que lêem sobre a vida de Luis Gama são informados sobre a existência de Luíza Mahin – sua mãe, mas sua descrição é escassa, despertando assim a curiosidade dessa africana de etnia mina-jeje que participou de uma das maiores rebeliões negras e muçulmanas – a Revolta dos Malês, em 1835.
Sobre o ano de nascimento de Luíza Mahin, não da para definir. Ela teria vindo para o Brasil, embarcada no Forte de El-Mina ou São Jorge da Mina, localizado no antigo reino de Daomé. Os escravizados enviados por lá são em geral prisioneiros de guerra ou capturados na região de “Biad-Es-Sudan” – em grande maioria praticantes do Islamismo. Outro dado interessante é que Mahin do sobrenome dela, na verdade é referencial a sua descendência da etnia mahi – povo ioruba, também de Daomé. E outra informação não confirmada é que ela pudesse ser uma princesa, por isso o grau de formação política.
A discrição física de Luiza Mahin é comum em qualquer fonte de informação: negra, baixa, magra e bonita; de personalidade forte, solidária, mas um tanto sofrida. Profissionalmente era vendedora de quitutes e teria obtido a liberdade em 1812. Essa data é colocada com referencia de seu nascimento, mas sem documentos oficiais para confirmação.
Religiosamente Luíza era muçulmana, se negando a ser submetidas aos ritos católicos sistematicamente. Era letrada em árabe e lia o Alcorão, sendo inclusive responsável pela disseminação das palavras do profeta Maomé aos negros não convertidos.
Unida com um grupo de mais de 600 pessoas participou da organização da frustrada Revolta dos Malês, de 1835. Na madrugada no dia 25 de janeiro, após meses de arregimentação e planejamento, pretendiam instalar em Salvador um governo teocrático inspirado no Islã. O evento tem motivação nas Jihads – guerras santas – que simultaneamente na África, visando a destituição de governantes coniventes com a Escravidão e no ponto de vista islâmico, infiéis.
A estratégia ruim como um castelo de cartas, ao ser delatado ou relatado por Guilhermina. Outro personagem polêmico: há quem diga que ela fez isso sob tortura, outros que ela teria procurado o marido que sendo um dos participantes da organização, se ausentava sempre a noite – despertando seu ciúme; e outros ainda dizem que ela teria procurado o juiz de paz de Salvador, pois devia favores a ele e de posse da informação, foi retribuir. E uma nova versão responsabiliza um marceneiro afro-brasileiro de ter denunciado o grupo.
Enfim: mas os historiadores são unânimes em dizer que a Revolta dos Malês seria fatalmente derrotada pois não contava com apoio de toda população negra, pois os organizadores buscaram apenas os convertidos ao Islã e determinadas etnias africanas. Os excluídos, temerosos de um governo negro, mas islâmico, imaginaram que seria inclusive perseguidos pelos vitoriosos pela adesão ao catolicismo ou as religiões de matriz africana.
O certo é que Luíza Mahin foi surpreendida com seu grupo pela força policial, e obrigados a se lançarem em combate sem o elemento surpresa, foram derrotados. Ela e outras lideranças conseguiram escapar da perseguição, partiu para o Rio de Janeiro, deixando Luis Gama, com apenas 5 anos, aos cuidados de seu pai verdadeiro.
O destino de Luíza Mahin é apenas sugerido. Há rumores que tenha participado de outros movimentos de insurreição na capital do Império e que dessa vez capturada, foi detida e deportada para África. O próprio Luis Gama tentou por toda vida ter informações do destino de sua mãe, mas sem sucesso.
7 comentários:
Sugioro a vc a leitura do livro Rebelião Escrava no Brasil, de João José Reis. Este autor é um grande pesquisador da revolta dos Malês e é sumidade no tema. Segundo ele, não há qualquer registro documental que certifique e/ou comprove a participação de Luísa Mahin neste movimento, muito menos que tenha sido uma liderança.Claro q esta conclusão foi eleborada apartir de muitos anos de pesquisa e análise documental.Isso não tira desta mulher a sua valoriação enquanto atuante na história do povo negro, contudo trata-se de uma figura muito mis mitológica q real.
vale a pena ler. Dá uma olhada lá. ok?
Obra: REBELIÃO ESCRAVA NO BRASIL - UMA HISTÓRIA DO LEVANTE DOS MALÊS DE 1835.
Já deu uma lida no livro Um Defeito de Cor, da Ana Maria Gonçalves? A personagem principal do romance é justamente a Luíza Mahin.
O livro foi baseado em manuscritos antigos, supostamente escritos por ela, encontrados em uma das igrejas da Bahia; a legitimidade do manuscrito ainda está sendo conferida.
Eu li o livro e afirmo que a narrativa é linda, independente da história ser verdadeira ou não.
Alana, li o livro de Ana Maria Gonçalves e concordo que é uma escrita linda sim, embora muito extensa e por vezes contraditória. A representação de Luiza Mahin na história e na literatura é meu atual objeto de pesquisa e por isso me envolvo tanto. Sou mulher, negra e pesquisadora. Sempre tive Luiza mahin como um símbolo e concordo que essa imagem mítica que temos dela é realmente i portante na luta do povo negro, mas é preciso atentar para os equívocos e as controvérsias que essa criação denota.Sabemos que o domínio do mito é o imaginário - já dizia José Murilo de Carvalho - e que sua criação pode se dar contra evidências documentais. O que eu questiono aqui é a certeza que se coloca numa questão que ainda é uma lacuna. E só maios um detalhe: Ana Maria Gonçalves não afirma que aquela é a história de Luiza Mahin, ela diz que "pode ser". Em relação aos escritos encontrados numa igreja... é claro que esta é uma estratégia da autora para dar credibilidade ao seu texto, que é um romance, portanto, uma narrativa ficcional, mesmo que seja um romance histórico. Ou você acha que uma mulher de oitenta e tantos anos teria a memória de Kehinde?
achei muito legal este site pois fala sobres os negros e sita os que são bem sucedidos
esse texto so e bom pra quem gosta de historia e sabe de tudo(base) eu por exemplo nao entendi muita coisa mas o assunto e bem legal
sugiro para voces ai ler rebelios voces t5erao uma ideia melhor sobre esse assuto
Assim como o comentário do anônimo de 10 de março de 2008, sugiro que o autor da postagem faça uma releitura sobre a participação de Luíza Mahin na revolta dos escravos malês.
Sou Historiador e pesquiso o tema. Um de meus livros base é o já citado "Rebelião escrava no Brasil" de João José Reis. E como já foi dito, o nome Luíza Mahin não aparece em nenhuma documentação.
Em minha visita ao Museu Afro-brasileiro, procurei por documentos ou fontes fidedignas que comprovassem a combatividade desta mulher, no entanto, além de ser citada em romances, ou por seu filho - que obviamente tentou imortalizar a mãe e assim criar uma heroína em um momento de construção da identidade afro-brasileira - não há documentação que possa comprovar sequer a partição da mulher, quanto mais colocá-la como rainha!
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