quarta-feira, julho 27, 2005

DIACONO HENRIQUE E OS SANTOS NEGROS


Na no dia 4 de junho foi sepultado no Cemitério Municipal, o diácono Henrique Alberto da Silva Junior, ou Seu Henrique, como era conhecido. Sua figura no altar da Igreja Matriz de São João Batista, nas missas e procissões me faz recordar tantos são os santos negros da Igreja Católica e poucos são divulgados ou conhecidos.
Numa rápida pesquisa descobri cinqüenta e um santos e confesso, só conhecia 10%. Só Nossas Senhoras são nomes: Aparecida, Caminho, Croácia, Montserrat, Rosário, Fourvieri e D`Oropa. Há ainda a devoção brasileira a São Benedito e Santa Efigênia, conseqüência das Irmandades Negras, criadas na vigência da escravidão, frutos da segregação étnica que existia.
A África gerou santos como São Benedito, nascido em 1526, descendente de etíopes cativos em Filadelfo, região da Sicília, na Itália. É conhecido na Europa como Santo Mouro – por semelhança da cor de pele com os árabes que ocuparam a região. De analfabeto chegou a chegou a Superior do Monastério Franciscano de Monte Pellegrino. Teve uma vida inspirada em São Francisco de Assis, e antes de morrer em 1589, pede para ser enterrado como simples frade.
Santa Efigênia era filha de um rei da Etiópia, que foram convertidos ao cristianismo por São Mateus, que acabou morto por um nobre que desejava casar com a princesa. Ela entristecida doou seus bens materiais e construiu um Santuário em homenagem ao Santo, permanecendo virgem até sua morte.
Outra africana que virou santa foi Josephina Bakhita, nascida em 1868, em Oglassa, Darfur, Sudão. Filha de uma rica família é seqüestrada com apenas 9 anos, por mercadores de escravos. Vendida a uma família italiana, torna-se católica aos 22 anos e morre no dia 8 de fevereiro de 1947, como freira do Instituto das Irmãs de Caridade, sendo canonizada como padroeira do Sudão, no ano 2000 pelo Papa João Paulo II.
Há ainda a historia de a Escrava Anastácia, não canonizada, mas considerada santa por seus milhões de devotos no país. Há quem diga que ela nunca existiu e seu mito surgido em 1968.
A maior devoção do Diácono Henrique sem duvida era de Nossa Senhora Aparecida, a quem dedicada todo ano à organização de romarias ao Santuário, localizado no Vale do Paraíba. A fé na Padroeira do Brasil, nasceu em 1717, quando os pescadores Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves retiraram do Rio Paraíba, uma imagem de uma santa negra enegrecida. Ainda há São Gelário, o Papa Negro de 492 a 496 – durante o difícil período das tensões entre Roma e Constantinopla.
A Igreja Católica tem inclusive uma Pastoral Afro, ligada a CNBB- Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, que trabalha com a comunidade negra católica, usando elementos da cultura nas celebrações, nas conhecidas missas afros, que já acontecem em Bebedouro.
A figura exemplar de Seu Henrique deixa nas paróquias os padres afro brasileiros que bem o representarão: Adão e Sinval. E ele tinha consciência negra, não manifestada em discursos, panfletos e passeatas, mas na sua postura pessoal de ser um cidadão e religioso.
Maiores informações sobre santos negros podem ser obtidas no site www.santaluzialimeira.com.br.

Um comentário:

pinheiro disse...

Pesquisa o Beato Antônio de Categeró (Brasil; de Noto (Portugal); e Etíope (Itália). www.categero.org.br
Gostaria de receber sua relação de santos negros.