quarta-feira, setembro 28, 2016

O príncipe africano e a plebeia inglesa


Deve estrear em março de 2017, o filme A United Kingdom que estrelado por David Oyelowo e Rosamund Pike conta a história real de um príncipe de Botswana Seretse Khama que enfrentou preconceito do seu povo ao se casar com uma mulher branca. Por amor, ele renunciou ao poder e foi para o exílio.
Seretse nasceu na vila de Serowe, no então Protetorado britânico da Botswana, em 1° de julho de 1921. Ele era originário de uma das famílias reais mais poderosas do país.
Filho de Sekgoma Khama e neto de Khama III, o kgosi ("chefe") dos bamanguatos, ele recebeu o nome de Sretse ("a argila que une") em referência à recente reconciliação entre seu pai e seu avô. A mãe de Seretse, Tebogo Kebailele, foi escolhida pelo kgosi Khama para ser a nova esposa do já idoso Sekgoma. Quando Sekgoma falece em 1925, Seretse, na época com apenas quatro anos de idade, é proclamado kgosi. Seu tio Tshekedi Khama torna-se regente e mais tarde seu único guardião.
Em 1947, Seretse Khama conhece uma mulher inglesa, chamada Ruth Williams e com a qual casa-se em setembro de 1948. Ruth Williams era filha de um oficial de reserva do exército britânico e, durante a Segunda Guerra Mundial, serviu como motorista de ambulâncias. Tshekedi Khama ordena que Seretse retorne à Botswana a fim de repreendê-lo e exigir o divórcio. Seretse volta imediatamente e é recebido por Tshekedi com as seguintes palavras: "Você, Seretse, voltou para cá arruinado pelos outros, não por mim".
No entanto, após uma série de kgotlas ("reuniões públicas") realizadas em Serowe, Seretse volta a opinião pública contra Tshekedi, e em 21 de junho de 1949 é declarado chefe, e sua nova esposa é calorosamente recebida. Tshekedi reconhece a derrota e em seguida parte para um autoexílio.
O matrimônio entre um chefe tribal negro e uma mulher branca teve repercussão para além das fronteiras da Botswana, e em especial na África do Sul, que, tendo instituído o apartheid, não desejava, em um território vizinho, um casamento inter-racial que pudesse repercutir no país. O Reino Unido necessitava do ouro e do urânio da África Austral e, diante da pressão sul-africana, Seretse Khama é obrigado a exilar­‐se na Grã­‐Bretanha em 1951 e tem que renunciar a qualquer direito na chefatura, para ele e para a sua descendência.

O exílio dura até o ano de 1956 quando ele retorna para ao país, acompanhado da esposa e filha, mas vive como simples agricultor.
Seretse Khama funda em 1962, junto com Quett Masire, o Partido Democrático de Botswana. Entre os principais temas da agenda promovida por Khama estavam a defesa de uma sociedade não racial, democrática e tradicional, onde os chefes e os tribunais tradicionais gozariam de um importante papel, e a necessidade de um governo responsável como primeiro passo para a independência do protetorado. Ao mesmo tempo, Seretse pressionava as autoridades britânicas no sentido de um processo de independência, que se apresentaria como desafiador.
Em 1965, a capital da Botswana é transferida de Mafiking, na África do Sul, para a recém-fundada Gaborone. Neste mesmo ano, o liberal-democrático BDP conquista 28 das 31 cadeiras eletivas da Assembleia Nacional, derrotando os seus oponentes pan-africanistas e socialistas nas eleições que antecederam a independência. Em 30 de setembro de 1966, a Botswana conquista sua independência, e Seretse Khama torna-se o primeiro presidente da República do Botswana.
Educado na África do Sul e no Reino Unido, ele retorna ao seu país natal para liderar o movimento pela independência. Ele funda o Partido Democrático do Botswana em 1962 e torna-se primeiro-ministro em 1965. No ano seguinte, o Botswana conquista a independência e Khama torna-se presidente.

Morreu na capital Gaborone, em 13 de julho de 1980, vítima de um câncer pancreático. Durante sua presidência, o país experimentou um rápido desenvolvimento econômico e social.


* com conteúdo do Wikipedia 

domingo, setembro 25, 2016

Loving, a história real de um casal inter-racial

Os casais inter-raciais de negros e brancos, que andam de mãos dadas apaixonados, nem te a menor ideia de que essa união era até proibida por lei nos Estados Unidos. Um filme estreado este ano em EUA coloca nas telas a história real do casal Richard (branco) e Mildred (negra) que enfrentaram uma batalha judicial em 1958 contra o estado da Virginia que não tolerava este tipo de união.
Os dois tiveram que brigaram por nove longos anos nos tribunais, foram presos, afastados um do outro, até que os dois pudessem morar na mesma casa como uma família.
Após anos de batalha judicial, os dois conseguiram fazer com que a Suprema Corte dos Estados Unidos derrubasse em 1967 as leis que proibiam o casamento inter-racial.

No filme, Richard engravida Mildred e o casal, com apenas 18 anos decide viajar para Washington onde há permissão para casamento inter-raciais. Uma lei de 1924 tornava os casamentos entre pretos e brancos ilegais, com a função de evitar a misturas de raças.
Depois de casados, Richard e Mildred voltaram para a pequena cidade de Central Point, Virginia. Baseado em denúncia anônima, a polícia local a residência do casal, com intuito de prendê-los fazendo sexo, que também foi um crime de acordo com a lei da Virgínia. Quando os policiais encontraram o casal apenas dormindo na mesma cama. Mildred apontou sua certidão de casamento na parede do quarto. Esse documento tornou-se a evidência para a acusação criminal de coabitação como homem e mulher, contra a paz e a dignidade.
O casal foi acusado nos termos do Artigo 20-58 do Código Virginia, que proibiu casais inter-raciais de ser casado fora do estado e, em seguida, voltar para a Virgínia, e Seção 20-59, que classificou a miscigenação como um crime, punível com uma pena de prisão de entre um e cinco anos.
Em 6 de janeiro de 1959, o casal foi condenado a um ano de prisão, mas pena seria suspensa desde que o casal saisse do estado da Virgínia. Eles o fizeram, passando para o Distrito de Columbia.
Em 1964, cansados de serem proibidos até de visitar os parentes  no estado da Virgínia e isolamento social e dificuldades financeiras, Mildred escreveu em protesto ao procurador-geral Robert F. Kennedy, irmão do presidente John Kennedy. Ele apresentou uma moção em nome do casal no tribunal da Virgínia para anular a sentença, alegando que a legislação estadual era inconstitucional.
Houve uma longa batalha nos tribunais até que o estado da Virgínia perdesse na suprema corte americana. Durante o julgamento Richard disse que: "Eu amo minha esposa, e é apenas injusto que eu não posso viver com ela na Virgínia”.
O casal real Mildred e Richard
Apesar da decisão da Suprema Corte, as leis anti-miscigenação permaneceram por muitos anos. Em 2000, Alabama tornou-se o último estado abolir a legislação.

Richard morreu aos 41 em 1975, quando um motorista bêbado bateu seu carro. Mildred perdeu seu olho direito no mesmo acidente. Ela morreu de pneumonia em 2 de maio de 2008, em Milford, Virginia , com idade 68. O casal teve três filhos: Donald, Peggy, e Sidney.

quarta-feira, setembro 21, 2016

A voz de Tim Maia

Na carteira de identidade era Sebastião Rodrigues Maia, mas por recomendação do produtor musical Carlos Imperial, adotou o apelido que o tornou ícone da soul music brasileiro, Tim Maia.
Nascido 28 de setembro de 1942, no Rio de Janeiro, ele era 18° filho do casal filho de Altivo Maia e Maria Imaculada Nogueira. Ele cresceu no Bairro da Tijuca.
Desde a adolescência já demonstrava seus talentos musicais e aos 15 anos criou seu primeiro grupo, Os Tijucanos do Ritmo, onde ele era o  percussionista. Com o tempo, aprendeu a tocar violão e deu aulas para até então desconhecida dupla de compositores e cantores Roberto Carlos e Erasmo Carlos.  A segunda banda formada por Tim foi Os Sputniks, com Roberto Carlos, Arlênio Silva, Edson Trindade e Wellington. Também tocou com Erasmo na banda Tge Snakes.

Depois que morreu seu pai, em 1959,  Tim largou tudo para arriscar a sorte nos EUA. Depois de aprender inglês, ele integrou o grupo o The Ideals, mas lá, seu aperido era Jim.  Em 1963, ele foi deportado para o Brasil após ser preso por porte de maconha.
Com o estilo musical que aprendeu nos Estados Unidos, e muita peregrinação na gravadoras, finalmente em 1968 Tim lança seu primeiro compacto solo, pela gravadora CBS.
Com a gravação de um novo trabalho, em 1969, o compacto contendo These are the Songs, canção posteriormente regravada por nada menos que a cantora Elis Regina em parceria com Tim, e What You Want to Bet, sua caminhada musical começa a se firmar. Um ano depois ele lança o primeiro vinil em formato LP, Tim Maia, pela Polygram, indicado pelo conjunto Os Mutantes, o qual alcançou durante 24 semanas o topo das paradas no Rio de Janeiro.
Nos três anos posteriores ele gravou Tim Maia volume II, Tim Maia volume III e Tim Maia volume IV, alcançando cada vez mais a fama e o sucesso, especialmente com as melodias dançantes, sem falar nas vendas de discos. Nos anos 70 ele conheceu a ideologia conhecida como Cultura Racional, comandada por Manuel Jacinto Coelho, ligado à questão da ufologia.
Seguindo esta vertente, Tim lança em 1975 os trabalhos Tim Maia Racional volumes 1 e 2, por um selo próprio intitulado Seroma, que se refere ao termo ‘amores’ e contém também o nome completo do cantor, abreviado. Neste período o artista conseguiu ficar distante de seus vícios, o que influenciou positivamente o timbre de sua voz. Assim, estes são seus trabalhos mais bem aceitos pela crítica. Posteriormente, porém, frustrado com seu guru, se afastou deste ideário e tirou os discos do circuito, o que os converteu em preciosas raridades.

Na década de 80 ele gravou os álbuns O Descobridor dos Sete Mares, de 1983; Um dia de Domingo, de 1985; e Tim Maia, de 1986, seus mais significativos trabalhos. No ano de 1988 ele conquistou o Prêmio Sharp como Melhor Cantor. Em 1992 ele agradeceu a gravação de seus hits por ícones da música brasileira gravando ‘Como uma onda’, de Lulu Santos e Nelson Motta. Nesta década ele trabalhou ativamente, lançando mais de um CD por ano.
Nos anos 2000 foram resgatados vários trabalhos de seu estágio racional, entre eles Escrituração Racional, Brasil Racional, Universo em Desencanto Disco, entre outros, encontrados somente na Internet.

No final de sua vida sofreu com problemas relacionados a obesidade, diabetes e problemas respiratórios. Durante a gravação de um espetáculo para a televisão no Teatro Municipal na cidade de Niterói, no dia 8 de março de 1998, Tim tentou cantar, mesmo sabendo de sua má condição de saúde. Não conseguiu e retirou-se sem dar explicações; terminou sendo levado para o hospital numa ambulância, vindo a falecer em 15 de Março em Niterói aos 55 anos e com 140 quilos, após internação hospitalar devido a uma infecção generalizada.

Hoje sua memória continua viva, principalmente através de seu sobrinho Ed Motta e seu filho Léo Maia, herdeiro de seu talento musical.

segunda-feira, setembro 19, 2016

Estudante negra é a nova presidente da UNE


A estudante de engenharia civil, Moara Correia assumiu este mês  a presidência temporária da UNE (União Nacional dos Estudantes). Ela entrou no lugar de Carina Vitral que se licenciou do cargo apra disputar a prefeitura de Santos.

Moara tem 26 anos e cursa engenharia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pela primeira vez, em 79 anos desde a sua fundação, a UNE tem à frente uma mulher negra. Antes dela, outra mulher negra chegou à vice-presidência, a estudante de Letras da USP, Helenira Rezende, assumiu esse cargo em 1968. Helenira foi perseguida e assassinada pela ditadura militar.
Filha de pais militantes da Juventude Operária Católica, nascida em Recife (PE) e criada em Contagem (MG), a porta de entrada na universidade para Moara foi como ProUnista na PUC-MG, no curso de Engenharia Civil.
Helenira Rezende, a 1ª negra a frente da UNE
Foi pelas mãos do movimento de mulheres e de negros que Moara chegou ao movimento estudantil. Ela lembra que sempre participou do movimento social e que o ensino médio quando estudou no Cefet. Foi nessa época que ela ajudou a construir o 1º Fórum Nacional da Juventude Negra aos 17 anos e participava de um grupo de percussão chamado As Chicas da Silva.
Mas foi a pluralidade de forças políticas e a convicção que cada um defendia suas ideias, durante o 14º Conselho Nacional de Entidades de Base, o Coneb, em 2013, no Recife, quando ela decidiu fazer parte da UNE.

* Com conteúdo do site da UNE

sábado, setembro 17, 2016

Phiona, a rainha ugandense do xadrez

É fantástica a história de Phiona Mutesi, a sem teto de Uganda que virou mestre de xadrez. Ela nasceu em 1996 na favela de Katwe, em Kampala, capital do Uganda. Aos três anos, perdeu o pai, vítima de aids, e teve de deixar a casa onde vivia, pois a mãe não podia pagar o aluguel.
Aos dez anos quando ela procurava comida com o irmão nas ruas da cidade africana, momento no qual conheceu Robert Katende, um missionário religioso que alimentava crianças em troca de aprenderem a jogar xadrez.
Phiona rapidamente aprendeu a dominar os adversários no tabuleiro, o que lhe garantiu vitórias em diversas competições regionais, que a qualificavam para disputas internacionais. Em 2012, tornou-se a primeira mulher de Uganda a ser mestre feminina de xadrez.
Em 2013, ela foi a primeira mulher a vencer o Campeonato Nacional Júnior de xadrez, em Uganda, e em 2014, ela representou o país nas Olimpíadas de Xadrez, na Noruega. Com o dinheiro ganhado nas competições, ela conseguiu, em menos de cinco anos, comprar uma casa para a mãe e melhorar a qualidade de vida da família, além de investir em escolas de xadrez para crianças.

Atriz Lupita interpreta a mãe da jogadora de xadrez
A “ascensão meteórica” da ugandense no xadrez chamou a atenção de Tim Crothers, antigo editor da revista desportiva Sports Illustrated, que lançou em 2012 o livro The Queen of Katwe, que virou filme, estrelado pela atriz Lupita Nyong que interpreta sua mãe.

quinta-feira, setembro 08, 2016

Figuras ocultas da NASA

Deve estrear em janeiro de 2017 o filme Hidden Figures que conta a história real de três cientistas negras que foram importantes com seus cálculos matemáticos para tornar possível as primeiras missões espaciais da Nasa.
O filme resgata As biografias de Katherine Johnson interpretada por Taraji P. Henson, Dorothy Vaughn interpretada por Octavia Spencer, e Mary Jackson interpretada por Janelle Monáe, que foram as responsáveis pelo lançamento de John Glenn, o primeiro americano no espaço.
O feito das três mulheres não foi só étnico, mas também de gênero. Nos livros, documentários e até filmes, as mulheres sempre foram retratadas na Nasa como meras funcionárias coadjuvantes ou no máximo as esposas dos astronautas.

Katherine Johnson fez contribuições fundamentais para programas aeroespacial com a aplicação antecipada de computadores eletrônicos digitais na NASA. Conhecido pela precisão na computadorizada navegação astronômica, o seu trabalho na NASA se estendeu por décadas. Ela calculava as trajetórias, janelas de lançamento e caminhos de emergência para muitos voos de Projeto Mercury , incluindo as primeiras missões da NASA de John Glenn e o voo da  Apollo 11 voo para a Lua. Ainda está viva com 98 anos.




Dorothy Vaughan trabalhou no Comitê Consultivo Nacional para a Aeronáutica (NACA), a agência antecessora NASA. Ela fez programação de computadores dos computadores da Nasa. Por anos foi chefe de computação de um grupo de trabalho composto inteiramente por matemáticas negras. Ela saiu da NASA em 1971, e morreu 10 de novembro de 2008.

Mary Jackson – foi a engenheira aeroespacial que desenvolveu os cálculos precisos para as simulações de voos dos primeiros foguetes da NASA. Seu trabalho foi fundamental para evitar muitos acidentes.
Mary analisou dados de túnel de ventos experimentais e do mundo real de voo de aeronaves com objetivo de compreender o fluxo de ar, incluindo impulso e arrasto forças.

Por toda sua vida Mary incentivou mulheres negras a avançar em suas carreiras, inclusive aconselhando-os como estudar para que pudessem alterar os seus títulos de matemáticas para engenheiras para assim aumentar suas chances de promoção. Morreu em fevereiro de 2005.

quarta-feira, setembro 07, 2016

Maria Felipa, heroína esquecida da independência do Brasil

Imagem ilustrativa de Maria Felipa a frente do grupo de mulheres na luta contra as tropas de Portugal


A independência do Brasil colônia de Portugal não ocorreu simplesmente após o grito de Dom Pedro I, em 7 de setembro de 1822. O ato não contou com adesão de todas as regiões do país e a batalha mais difícil aconteceu na Bahia. Foi lá onde se destacou uma figura obscura dos livros escolas, Maria Felipa de Oliveira, a heroína negra.
Maria Felipa nasceu em uma casa na rua das Gameleiras dentro do município de Itaparica e morou num casarão chamado de “convento” na Ponta das Baleias na ilha de Itaparica. Ela era uma negra alta e forte, sobrevivia da pesca. Era muito respeitada como capoeirista e virou liderança na comunidade.
Lideranças rurais e políticas de Salvador, contrários a independência, pediram ajuda a Portugal que enviou uma frota com 20 barcos para defender a cidade.
Liderando um grupo de mulheres e homens, brancos, negros e índios, ela organizou uma milícia que construiu trincheiras nas praias e atacou em forma de guerrilha as tropas portuguesas.
Ao lado das tropas fieis a Dom Pedro, a guerrilha de Maria Felipa incendiou inúmeras embarcações. Armados de facas e galhos de cansanção, folha que causam urticária, seu grupo expulsava os portuguesas dos barcos e depois ateava fogo as embarcações usando tochas feitas de palha de coco e chumbo.
Na primeira cerimônia de hasteamento da bandeira nacional, após a derrota definitiva dos portugueses, na Fortaleza de São Lourenço em Ponta das Baleias, Felipa e seu grupo invadiram e depredou o comércio de um dos comerciantes portugueses que se aliaram as tropas ligadas a Coroa Portuguesa.
Na Bahia a independência tem uma data especial 2 de julho de 1823, quando ocorre a vitória definitiva sobre as tropas leais a Portugal.

Maria Felipa morreu em 1873 sem reconhecimento de seu papel na luta contra as tropas fieis a Portugal. Sua vida só foi citada pelo escritor Xavier Marques no romance histórico O Sargento Pedro e pelo historiador Ubaldo Osório em A Ilha de Itaparica. A história de Maria Felipa pode bem ter sido inspiração para a Maria da Fé de Viva o Povo Brasileiro, obra de João Ubaldo Ribeiro.

Com conteúdo do site Os Heróis do Brasil

segunda-feira, setembro 05, 2016

O primeiro deputado negro dos EUA

Quem vê Barack Obama  como presidente dos Estados Unidos não sabe que o caminho na política foi aberto no começo do século 20, com o advogado Oscar Stanton De Priest, o primeiro negro americano eleito deputado federal, que exerceu três mandatos.
Nascido em 1871, no estado do Alabama, Oscar era filho de ex escravos mulatos. Ele tinha um irmão chamado Robert. Sua mãe, Martha Karsner era lavadeira, e seu pai Neander era carroceiro.
Quando criança, assistiu o linchamento de um homem negro na porta de sua casa.
Quando adulto ele fez uma fortuna em Chicago como um empreiteiro, e no mercado imobiliário e do mercado de ações. Como deputado ele falou contra a discriminação racial e introduziu a legislação anti-linchamento.
A carreira polícia de Oscar começou em 1914 quando ele foi eleito o primeiro vereador negro de Chicago. Cinco anos depois criou uma organização negra política e se tornou uma liderança respeitável.
Em 1928, Oscar disputou e ganhou sua primeira eleição para deputado federal. Durante três anos foi o único negro no congresso americano.
Uma de seus projetos de lei permitiu a transferência de comarca o julgamento, se um réu acreditava que ele não poderia ter um julgamento justo por causa da raça ou religião.
Mas no congresso, os deputados brancos se recusavam almoçar no mesmo lugar que Oscar.
Em 1929, De Priest foi notícia nacional, quando a primeira-dama dos Estados Unidos - Lou Hoover convidou sua esposa, Jessie, para um tradicional chá para as esposas do Congresso na Casa Branca. Ele morreu aos 80 anos em Chicago.

Oscar se casou com a Jessie L. Williams. Eles tiveram dois filhos juntos: Laurence W., que morreu com 16 anos e Oscar Stanton de Priest, Jr.

Com conteúdo do Wikipédia 

domingo, setembro 04, 2016

Martinho José Ferreira - Martinho da Vila



“Canta, canta minha gente, deixa a tristeza para lá. Canta forte, canta alto, que a vida vai melhorar”, música de Martinho da Vila, um dos maiores sambistas vivos do Brasil.
Filho do casal de trabalhadores rurais, Josué Ferreira e Teresa de Jesus Ferreira, Martinho nasceu em 12 de fevereiro de 1938, em uma fazenda, na cidade de Duas Barras, interior do Rio de Janeiro. Quando se tornou famoso, comprou a fazenda onde nasceu.
Ele só foi colocar os pés na capital do estado, aos quatro anos quando os mais se mudaram para periferia. 
Martinho no exército
Quando criança, seu sonho era se tornar jogador de futebol, igual a de todas crianças do seu tempo. O primeiro contato com samba veio quando sua família passou a morar em Lins de Vasconcelos, na Serra dos Pretos Forros, perto da Escola de Samba Aprendizes da Boca do Mato. Já com 16 anos, já era compositor e foi chamado para integrar a escola. Não demorou a virar diretor da ala dos compositores e da harmonia
Nos desfiles, Martinho tocava frigideira e depois já foi para os instrumentos de percussão.
Fora do samba, ganhava a vida como laboratorista industrial, profissão que aprendeu no Senai. Logo depois ingressou no exército, onde foi sargento-escrevente, datilógrafo e contador no Ministério da Guerra. Serviu ainda no Laboratório Químico e Farmacêutico e na Diretoria Geral de Engenharia e Comunicação.
Martinho até tentou conciliar a vida de compositor e de soldado, mas como os horários não batiam, depois de 13 anos, ele teve de sair do exército, para se dedicar integralmente a música.
A carreira artística foi deslanchar em 1967, no III Festival da Record, quando ele concorreu com a música "Menina Moça".

Menina moça vai passear
vai passear iá, iá
quer rapaizinho pra acompanhar
pra acompanhar, iá, iá

Em 1968, na quarta edição do Festival da Record veio o clássico “Casa de Bamba”, que virou uma das canções mais tocadas nos rádios naquele ano.
Primeiro LP de Martinho
Com o sucesso, deu moral para conseguir gravar seu primeiro álbum, Martinho da Vila, em 1969. De cara, ele emplaca mais quatro sucessos "O Pequeno Burguês", "Quem é Do Mar Não Enjoa" e "Prá Que Dinheiro" e "Tom Maior".  Foi o bastou para se firmar como sambista reconhecido nacionalmente.
Em 1972, Martinho fez sua primeira viagem a Angola, pioneira entre os sambistas para conhecer um dos berços da cultura negra do Brasil. Ele fez questão de conhecer as favelas de Luanda, onde viu semelhanças entre a pobreza brasileira e angolana, mas também a mesma genialidade artística.
Martinho ao lado de Clara Nunes
Em outros anos, o cantor ainda visitou Benin, Nigéria, Cabo Verde, Moçambique e África do Sul. Toda essa influência africana foi homenageada por ele, em 1988 com o samba-enredo Kizomba, da escola Vila Isabel, que foi consagrada campeã naquele ano.
Nas suas canções pode escutar ritmos como ciranda, frevo, côco, samba de roda, capoeira, bossa nova, calango, samba-enredo, toada e canções africanas.
O cantor é membro do Partido Comunista do Brasil e se assume como artista de esquerda, ao lado da cantora Beth Carvalho. Foi padrinho musical de muitos cantores, principalmente de Clara Nunes.
  

Família

Martinho da Vila é pai de oito filhos. Sua primeira esposa foi a cantora Anália Mendonça, com quem teve três filhos, sendo um deles, a cantora e compositora Mart'nália. O sambista ainda foi casado com Lícia Maria Caniné, mãe de mais três filhos, Rita Freitas, mãe de uma filha e por fim Clediomar Corrêa Liscano Ferreira, a Cléo, com quem tem dois filhos. O interessante é que Martinho só se casou de papel passado com Cléo. O passado de tantas mulheres e incontáveis amores, deu inspiração para compor Mulheres.
 
já tive mulheres de todas as cores.
 De várias idades de muitos amores. 
Com umas até certo tempo fiquei. 
Pra outras apenas um pouco me dei”


Martinho escritor
Além de compositor, Martinho também é escritor. Seu primeiro livro foi "Vamos brincar de política?", lançado em 1986, pela Editora Globo. Em 1992 publicou pela Editora Léo Cristiano Editorial - "Kizombas, andanças e festanças", no qual contou experiências profissionais e pessoais, que  seis anos depois foi relançado pela Editora Records.
Em 1993, Martinho escreveu  "Joana e Joanes - Um romance fluminense", lançado pela ZFM Editora. Em 2001 publicou "Ópera Negra", seu quarto livro, pela Editora Global. Em 2002 lançou pela editora portuguesa Eurobrape o livro de ficção "Memórias Póstumas de Tereza de Jesus". No ano seguinte o livro foi publicado também no Brasil pela Editora Ciência Moderna. Em 2003 foi o principal articulador da construção da nova sede da Escola de Samba Vila Isabel, com projeto de Oscar Niemeyer.
No ano de 2006 lançou "Os Lusófonos" pela Editora Ciência Moderna. No ano seguinte lançou o livro infantil "Vermelho 17" pela ZFM Editora. Em 2008 publicou pela Lazuli Editora o livro "A Rosa Vermelha e o Cravo Branco".
Em 2009 lançou o livro de ficção "A Serra do Rola Moça" (ZFM Editora) - nome de uma localidade em Minas Gerais e também, nome de um poema de Mário de Andrade musicado pelo compositor. Ainda em 2009 foi exibido, no "Festival 19º Cine Ceará", o documentário "O Pequeno Burguês- Filosofia de Vida", dirigido por Edu Mansur. Neste mesmo ano, pela Lazuli Editora, lançou "A Rainha da Bateria".
A Irmãos Vitale Editores lançou "O Melhor de Martinho da Vila", compilação de partituras com algumas de suas composições mais conhecidas e com comentários do crítico e jornalista Roberto Moura.
No município de Duas Barras criou o Instituto Cultural Martinho da Vila, que atende à crianças do município e adjacências com aulas de música e outras atividades de formação profissional.
Em 2010 candidatou-se a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, não sendo eleito. No ano posterior, em 2011 a cidade de Duas Barras lhe prestou homenagem com uma estátua em tamanho natural. Neste mesmo ano proferiu palestra sobre Noel Rosa na Academia Carioca de Letras. Neste mesmo ano foi lançado, na Livraria do Museu da República, no Rio de Janeiro, o livro "Martinho da Vila - Tradição e Renovação", dos escritores João Batista de M. Vargens e André Conforte, com prefácio de Sérgio Cabral, pela Editora Almádena.

No ano de 2014 foi eleito para a Academia Carioca de Letras na vaga de Fernando Segismundo, ex-presidente da ABI. Na votação, obteve 28 votos dos 38 acadêmicos integrantes. Em dezembro deste mesmo ano foi ano foi empossado na Cadeira nº 6, que tem como patrono Evaristo da Veiga, em solenidade presidida por Ricardo Cravo Albin na Sala Pedro Calmon, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), no bairro da Glória, no Rio de Janeiro.

sábado, setembro 03, 2016

Quem era Nina Simone

Nascida em 1933, Troy, no estado da Carolina do Norte, desde o berço ela cresceu rodeada de música, religiosa, mas harmoniosa. Sua mãe era pastora nos corais da igreja. Mas seu nome de batismo era Eunice Kathleen Waymon, a sexta filha numa lista de oitos filhos de um marceneiro e uma pastora batista.
O nome artístico surgiu do apelido dado por um namorado que a chamava de Nina. O Simone ela adotou em homenagem a atriz francesa Simone Signoret.
O talento para cantar surgiu na infância, na adolescência se apaixonou pelo blues e jazz. Como os pais eram conservadores, ela mentia para eles dizendo que iria dormir na casa de amigas, quando na verdade subiu nos palcos para tocar piano.
Sua primeira experiência de preconceito racial veio quando foi impedida de frequentar o Instituto de Música Curtis na Filadélfia.
Seu sonho se tornou concertista clássica de piano acabou, mas surgiu a cantora da noite de cidades como Nova York e Atlanta.
m 1961 Nina se casou com Andy Stroud e, em 1962, nasceu sua filha Lisa Celeste Stroud.
Ela também aderiu a luta pelos direitos dos negros. Em 1963, ela compôs a música Mississippi Goddamn escrita sobre a morte de quatro crianças negras em uma igreja de Birmingham.
A fama veio tão rápido que Nina foi convidada para cantar no funeral de Martin Luther King, em abril de 1964. O fato mexeu muito com Sinome que mais uma vez recorreu ao talento musical para expressar seus sentimentos e escreveu a canção ‘Why? The King of Love is Dead’
Depois vieram canções como Feeling Good, Don't Let Me Be Misunderstood, Ain't Got No - I Got Life, I Wish I Knew How It Would Feel To Be Free e Here Comes The Sun, além de My Baby Just Cares For Me.
A canção To Young Gifted and Black’, é em homenagem ao trabalho da amiga, conhecida por usar a arte como ativismo em prol dos negros e também por despertar a consciência política de Nina.
Na década de 70, cantora se recolheu na Europa e morreu aos 70 anos na cidade francesa Carry-le-Rouet, um balneário próximo a Marselha.

Para conhecer mais de Nina Simone há o documentário "What Happened, Miss Simone?" dirigido por Cynthia Ann Mort. Tem também a cinebiografia estrelada por Zoe Saldana, mas a atriz foi criticada por ter de escurecer a pele e usar prótese para parecer com a cantora.