sexta-feira, janeiro 13, 2006

15 DE JANEIRO - ANIVERSÁRIO DE MARTIN LUTHER KING JUNIOR



U2 - Pride (In The Name Of Love)
Orgulho (Em Nome do Amor)

Um homem veio em nome do amor
Um homem veio e foi
Um homem veio ele para justificar
Um homem para subverter
Em nome do amor
O que mais em nome do amor
Em nome do amor
O que mais em nome do amor
Um homem foi pego numa cerca de arame farpado
Um homem ele resiste
Um homem lavado numa praia vazia
Um homem traído com um beijo
Em nome do amor
O que mais em nome do amor
Em nome do amor
O que mais em nome do amor (ninguém como você...)
Manhã cedo,
4 de Abril tiros zumbem nos céus de Memphis
Livre ao final, eles pegaram a sua vida.
Eles não poderiam pegar o seu orgulho
Em nome do amor
O que mais em nome do amor
Em nome do amor
O que mais em nome do amor
Em nome do amor
O que mais em nome do amor...

Se não fosse atingido por uma bala de rifle na sacada do Lorraine Motel, em Memphis, disparada por James Earl Ray, no dia 4 de abril de 1968, no próximo 15 de janeiro, o reverendo Martin Luther King Junior estaria completando 77 anos de idade. Mesmo idoso, seria ainda hoje uma das lideranças mundiais no combate ao racismo e a pobreza. É ainda inimaginável o que ele teria feito neste espaço de 38 anos de seu desaparecimento, onde a eleição de um presidente afro-americano, comprometido com a igualdade étnica, seria uma de suas prioridades atingidas.
Mas quem foi realmente Martin Luther King Junior? Qual sua história? Vou tentar contar a partir das informações que reuni.

Pai e Mãe
Ele era filho de Martin Luther King, um homem negro, filho de trabalhador rural e de uma empregada doméstica. Antes de se tornar um reverendo, era assistente de mecânico e após muito esforço, conseguiu concluir o curso secundário para se tornar um pastor.
King Junior era filho de Alberta Willians, uma filha do promissor reverendo Adam Daniels Willians, pastor da Igreja Batista Ebenezer de Atlanta. Ele era filiado a Associação Nacional para o progresso das Pessoas de Cor – NAACP – National Association for the Advancement of Colored People.
Alberta tinha ainda educação de nível superior e a família fazia parte da pequena classe média afro-americana. Por isso, o pai de King Junior, lutou muito para dar o mesmo nível de vida para a esposa.
Os dois se casaram em 1926, no Dia de Ação de Graças, sem lua de mel, pois nenhum hotel aceitava abrigá-los. King se tornou pastor auxiliar na Igreja Batista Ebenezer, comandada pelo sogro e isso o motivou a tirar um curso de nível superior, para se igualar, a eles.
A primeira a nascer do casal Martin e Alberta, foi Cristine, em 1927. Logo em 1929, nasceu king Junior e depois veio o filho caçula: Alfred. E em 1932, a vida do casal dá uma grande virada, por causa de uma desgraça – Adam Willians morre, e King passa a liderar a igreja.
E nos anos da Depressão Econômica, King, esforçou e conseguiu dobrar o tamanho do templo e dos fiéis, e seguiu o caminho do sogro, se filiando a NAACP. Ele chegou em 1936 a liderar uma passeata contra as proibições para que negros pudesse votar.
Como participante da Liga dos Eleitores negro chegou a receber ameaças de morte de membros da Ku Klux Klan, organização racista, com forte influencia dos estados americanos, localizados ao sul do país.

INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA DE MARTIN LUTHER KING JUNIOR
O futuro líder negro teve uma infância comum, mas com uma vida sem privações econômicas. O pai, sempre lutou para que a família tivesse do bom e do melhor. Exceto nos casos onde envolviam a Segregação Racial.
O primeiro episódio lembrado pelo pequeno King Jr foi quando teve que se separar do amigo dos primeiros anos de vida, que era branco, no momento da matricula escolar. Os dois não podiam freqüentar as mesmas aulas. Sua primeira reação foi desenvolver uma raiva contra as pessoas brancas, que determinaram à separação.
Mas desde os 5 anos, King Junior já demonstrava seu talento para a pregação bíblica, recitando trechos inteiros e entoando hinos religiosos. Na escola era um aluno, que se destaca em História, Inglês e Música.
Na adolescência King Junior encantava as moças com sua voz grave, ao imitar cantores da época, como Nat King Cole e outros, além de ser um galanteador junto às garotas nos bailes.
“O Negro e a Constituição” foi o discurso que levou King Junior a ganhar um concurso de oratória, patrocinado pelo Clube de afro-americanos Elks. Junto com um professor, teve que viajar, para receber a premiação. Mas no caminho de volta, teve que amargar duas horas, em pé, dentro do ônibus, pois teve que ceder lugar para brancos, conforme lei em vigência.
Entretanto, uma estadia de férias na cidade progressista de Connecticut, fez com que o jovem King Junior, sentisse o gosto da igualdade racial. Diferente de Atlanta, negros e brancos, freqüentavam os mesmos lugares. Isso o marcou, muito e o fez jurar, que um dia lutaria para que a realidade em sua comunidade mudasse. Mesmo a força.
Quando foi prestar exames escolares para entrar no Morehouse College, instituição de ensino de alto nível teve outra surpresa desagradável: o futuro líder percebeu que o nível de escolaridade oferecido aos negros era além de segregado, pior em qualidade.
Na adolescência, ele ainda teve sérios conflitos com o pai, que desejava que seguisse a tradição da família e fosse também um pastor. Mas King Junior se irritava com a passividade dos pastores negros, que mesmo diante das atrocidades sofrida pelos seus fiéis, pregavam a resignação e apenas debatiam em seus sermões, temas estritamente bíblico.
Numa segunda tentativa, conseguiu entrar no Morehouse, onde seu objetivo era estudar muito para se preparar para um concurso de admissão no Curso de Direito. Sua opção pelo ministério começou a renascer após, a influencia do diretor da instituição – Dr. Benjamin Mays – um afro-americano sulista, formado na progressista Universidade de Chicago. Ele pregava a responsabilidade social dos pastores, pois já tinha sido um.
Finalmente, em 1946, comunica sua decisão ao pai – seria pastor. O reverendo Martin ficou emocionado com a vocação do filho, pois ele já pediu para pregar na Igreja Batista. No ano seguinte, foi ordenado, aos 18 anos, e na seqüência, foi para Chester, estado da Pensilvânia, onde passou a estudar o Seminário Crozer onde obteve a formação em Teologia. Depois, terminou seus estudos na Universidade de Boston, na mesma matéria, agora em nível superior.

KING JUNIOR CONHECE A ESPOSA
Na Universidade de Boston, o ambiente ela diferente de sua comunidade. Prevalecia um clima igualdade racial. Tinha amigos intelectuais, artistas, todos inspirados no combate ao racismo e em criar uma sociedade mais justa.
E no Conservatório Musical da Nova Inglaterra, conheceu a jovem Coretta Scott, oriunda do interior do Alabama. Ela no começo, não se encantou com ele, pois queria fazer carreira artística. Só que escapar dos galanteios de King Junior, não era tarefa fácil, e no fim acabou se apaixonado.
No dia 18 de junho de 1953, casou-se em Marion, Alabama, na casa da família de Coretta. Antes mesmo de terminarem os estudos.

O JOVEM PASTOR
Em 1954, Martin Luther King Junior passou a coordenar a sua primeira igreja batista. Era em Montgomery, estado do Alabama. A cidade era extremamente racista e o ambiente serviu para fortalecer sua determinação em lutar contra a discriminação racial.
A comunidade que freqüentava o templo era formada por afro-americanos de classe media que estava mais interessado em pastores eruditos, sem discussão social. Mas aos poucos foi mudando o ritmo de seus sermões, até motivá-los a participar mais dos problemas da comunidade.
Duas atitudes foram importantes para mudar seus fiéis: primeiro criou comitês de ajuda a mendigos e doentes, depois promoveu campanha de filiações a NAACP. Também obteve nesta época um aliado, que o acompanharia pelo resto da vida – o pastor Ralph Abernathy, da Primeira Igreja Batista de Montgomery .
Em 1955 conseguiu concluir sua tese de doutorado com tema “Uma comparação do Conceito de Deus no Pensamento de Paul Tillich e Henry Nelson Wieman”, defendida na Universidade de Boston. Agora oficialmente, tornara-se o Doutor Martin Luther King Junior.
O INICIO DA MILITÂNCIA NEGRA
O ano de 1955, também teve um fato que marcou não só King Junior, como também todo o Movimento Negro no mundo. Era dia 1 de maio, e a costureira, Rosa Parks, cansada fisicamente e psicologicamente de levantar-se toda vez que um branco precisava de um banco no ônibus. Ela se recusou a dar o assento a um cidadão branco e pela desobediência a legislação vigente de segregação racial, foi fichada e presa pela policia.
O fato passaria esquecido, pois já tinha sido cometido antes, mas Rosa tinha secretaria do NAACP de Montgomery. Por esta razão o advogado E.D. Nixon foi até a delegacia pagar sua fiança e iniciou uma luta inédita no Poder Judiciário Norte-Americano, contra as leis racistas.
Mas Nixon precisava de mobilização social dos negros para conseguir vitória. Para tanto chamou as lideranças negras locais, e entre eles os pastores. King Junior, um dos participantes, logo tomou a iniciativa de coordenar as manifestações, conseguindo adesão de Abernathy para uma idéia simples, mas eficiente: 5 de dezembro – um domingo iriam boicotar os ônibus que mantinham o tratamento segregacionista.
Tudo daria errado se não tivesse a colaboração oportuna das frotas de táxis de negros, que fizeram lotações para transportar a população, no mesmo preço que os ônibus. Outro aliado foi a MIA – Montgomery Improvement Association, ou seja, Associação para o progresso de Montgomery.
Mas os racistas também reagirem e se aliaram. A Ku Klus Klan foi com 40 veículos até a periferia de Montgomery para ameaçar a população. A Policia passou a perseguir os taxistas negros, querendo os obrigar a parar com as lotações. E o Poder Judiciário local condenou a MIA em 15 mil dólares por coordenar o boicote. Também King Junior, sofreu, pois uma bomba foi acionada na frente de sua casa. Por sorte não havia ninguém.
No dia 21 de dezembro de 1956, circulou na cidade o primeiro ônibus sem segregação racial. Levou um ano entre atentados aos pastores e os passageiros, para que a medida se perpetuasse, e aconteceu. A Suprema Corte tinha já tinha decidido em 1954, também a integração do ensino.
Foi a primeira grande vitória de King Junior.

UMA LUTA NACIONAL
A luta em Montgomery tornou o Dr. Martin Luther King Junior uma personalidade nacional, em 1957, torna-se capa da revista Times. Por causa da importância da experiência, ele resolveu escrever um livro sobre o fim da segregação racial naquela cidade. Que lógico virou um best seller – A Caminho da Liberdade: a Historia de Montgomery.
Porém sua atenção não foi desviada. Martin tentou uma audiência com o presidente Dwight D. Eisenhower para tentar convencê-lo a aprovar uma proposta de Lei de Direitos Civis, não autorizativo e sim obrigatório. O que não aconteceu, pois os políticos não tinha sido suficientes cobrados pela população negra.

Para melhor lutar pela Integração Racial, King Junior e outras lideranças negras resolveram criar SCLC - para em 1958, unir cristão de todas as etnias contra o racismo. A campanha foi lançada no dia 12 de fevereiro daquele mesmo ano – data do aniversário de Abraham Lincoln – presidente que assinou a Abolição da Escravatura nos Estados Unidos.
Em 1959, iniciou outra grande batalha, liderando no SCLC, cadastrar eleitores negros para participarem das eleições. O que é difícil, pois toda sociedade sulista, desde os policiais, políticos, até os funcionários da Justiça Eleitoral, estão empenhados em dificultar a situação.
Os anos 60 iniciam com a mudança da família do reverendo para Atlanta e a estréia de uma tática de enfrentamento da legislação segregacionista em vários estados – o sit-in– onde se uniam estudantes negros e brancos para freqüentarem restaurantes e lanchonetes não integradas racialmente. O primeiro lugar foi em Grensboro, no estado da Carolina do Norte, no dia 1 de fevereiro de 1960.
O sit-in foi copiado em Nashville, no Tennesee e em outras localidades nos estados do sul. O ápice foi na Universidade de Shaw, em Raleigh, na Carolina do Norte, onde 200 estudantes desafiaram os racistas.
King Junior articulou o apoio a esses jovens junto com outros pastores negros e brancos através da SNCC Student Nonviolent Coordinating Committee (Comitê Conjunto de Não Violência dos Estudantes).
Mas neste meio tempo o reverendo teve que lidar com um contratempo. Lideranças da Ku Klus Klan conseguiram convencer a justiça a aceitar pseudo-acusações. Para arrecadar dinheiro para pagar seus advogados, King Jr. Contou com ajuda do ator afro-americano Harry Belafonte. E no dia do julgamento, mesmo com um júri, predominantemente branco, foi declarado inocente.

NIXON OU KENNEDY
,
Diferente das lideranças negras brasileiras que se atropelam em apoiar candidatos nas eleições presidenciais, Dr. Martin Luther King Junior, não se iludiu. Nas eleições presidências de 1960, ele não apoiou nem o democrata John Kennedy, nem o republicano Richard Nixon, apesar de que os dois declararem propostas de políticas publicas de integração racial.
Mas o então Senador Kennedy conseguiu atrair a simpatia de King Junior em outubro, quando interferiu para que ele não fosse preso e enviado para a Penitenciaria de Reidville, controlada pela Ku Klus Klan. A atitude eleitoral ou não, ajudou ao candidato obter 75% dos votos negros e assim conseguir ser eleito presidente.
Empossado, Kennedy recebeu o reverendo em seu gabinete, mas não demonstrou coragem em finalmente aplicar ações afirmativas para população negra. King percebeu que a luta estava continuava, apesar do país ter um político progressista do comando. Mesmo assim, tinha pré pressionar através de manifestações públicas.
Uma das atitudes foi à criação dos Viajantes da Liberdade, criados pelo CORE - Congress Of Racial Equality – Congresso da Igualdade Racial, liderados pelo pastor James Farmer. A tática era quase idêntica que os sit-in, cruzar o país, freqüentando locais onde negros e brancos não poderiam estar ao mesmo tempo.
No Dia 14 de maio de 1961, em Anniston, estado do Alabama a Ku Klux Klan incendiou um ônibus usado pela CORE, e na cidade de Birmingham, os jovens foram duramente espancados. Apesar do apoio dado pelo Secretário de Justiça, Robert Kennedy, até setores do FBI – Policia Federal americana, contribuía com os racistas.
Mas Luther King Junior não só deu estimulo aos estudantes, quanto passou a arrecadar fundos para soltar aqueles que foram presos. O resultado dessa luta foi à promulgação de uma legislação, através da Comissão Interestadual de Comércio para acabar com a segregação nas estações rodoviárias.

Albany e Birmingham
O outro front da luta contra o racismo foi Albany, uma pequena cidade do estado da Geórgia. Não foi por acaso – lá tinha funcionado nos tempos da escravatura, como ponto regional de comercio de pessoas escravizadas.
Logo que chegou à cidade, o reverendo King organizou uma assembléia e uma passeata. Imediatamente foi preso, a pedido das autoridades locais, que por outro lado tentaram agradar a comunidade negra com o fim de locais segregados entre negros e brancos. Ao sair da cadeia, Martin percebeu que a medida seria inócua, pois comerciantes e servidores públicos, simplesmente se recusavam a atenderem negros, chegando a fechar os estabelecimentos governamentais e particulares.
King voltou a realizar protestos de massa e foi novamente detido. Entretanto até dentro da cadeia, ele era temido. Por isso uma inusitada aliança entre as autoridades racistas e negros conversadores que ganhavam com o sistema pagaram a fiança, do líder afro-americano. O objetivo era claro: despachá-lo de Albany, para que as coisas continuassem como estavam.
Os políticos racistas conseguiram até interferir junto ao Governo Federal, para conseguir uma proibição de qualquer manifestação pública. Era ditatorial, mas o reverendo acatou a ordem, até que ela caiu. Mas quando organizava, foi surpreendido junto com a liderança do movimento, com a noticia do bárbaro espancamento de uma moça grávida, por policiais. Para deter a irá de aproximadamente 200 pessoas contra o crime, King, declarou a data – Dia da Penitencia, articulando religiosamente e politicamente a não violência.
Outra cidade escolhida por King e seus companheiros para denunciar o sistema racista, foi Birmingham, estado do Alabama. Outra fez a motivação são históricas: a cidade era afamada como a mais preconceituosa e segregacionista do país.
Além disso, a cidade era uma das bases de operação da Ku Klux Klan, e era comandada pelo comissário Eugene Connor, apelido de touro, devido a sua truculência. Touro afirmava que os problemas dos Estados se resumiram em comunismo, socialismo e jornalismo, que estariam combinados na destruição da supremacia branca.
Por outro lado, a cidade, tinha também sua liderança negra religiosa – era o pastor Fred Shuttlesworth. Ele coordenava a regional da SCLC, através da entidade: Alabama Christian Movement of Human Rigths – Movimento Cristão do Alabama pelos Direitos Humanos. Era um grande militante negro que desde 1956 tentava diminuir a discriminação racial no município, mas tinha já pago caro pela ousadia. Membros da Ku Klux Klan articularam processos que tinha tomado dos os bens do pastor. E mesmo assim, ele continuava a lutar.
A Campanha de Birmingham foi muito mais planejada que Albany. King Junior, Albernathy e Shuttlesworth encabeçaram o movimento de desmoralização da segregação racial naquela cidade. Conseguiu articular e unificar o Movimento Negro em uma única pauta.
No dia 3 de abril de 1963, eles divulgaram seu manifesto: lanchonetes, banheiros e bebedouros integrados, geração de emprego para afro-americanos e a formulação de políticas publicas em favor da comunidade negra. E a tática consistia em também realizar boicotes a locais segregados.
A atitude atraiu atenção da Mídia Americana para a cidade e aumentou a adesão ao movimento. Não demorou até que as autoridades policiais cedessem às pressões dos racistas: proibiam os líderes do movimento de realizar manifestações, e mais 300 pessoas, no dia 11 de abril. Mas isso não os deteve.
O confronto teve momentos ricos, como da passeata liderada por King, Albernathy, Shuttlesworth e mais 50 militantes, que na sexta-feira santa, ajoelharam defronte a tropa de Eugene Connor, e começaram a rezar. Todos foram presos. No dia seguinte 1.500 imitaram o ato, constrangendo Touro frente à mídia.
Em Birmingham, também foram manipulados religiosos brancos, para pressionar King a continuar sua luta no sistema judiciário, abandonado as manifestações populares. Também queriam que tudo continuasse como estava – segregação racial. O reverendo, não só reagiu quanto divulgou um manifesto da imprensa, divulgando os métodos pacifistas dos negros e denunciando a violência policial.
Em 1 de maio de 1960, dia mundial do trabalho, 1.000 crianças iniciaram sua participação no movimento. Todas foram presas, pela tropa de Touro. No dia 2 de maio, 2.500 jovens repetiram a atitude. E Eugene Connor cometeu seu maior erro político: usou jatos de água, cães policiais, cassetetes e espancamento para detê-los. Tudo foi registrado pela Imprensa e divulgado em rede nacional.
Três dias depois, o reverendo Charles Billups liderou uma passeata com 3.500 jovens. Cantando hinos religiosos, pararam diante das tropas de Touro e rezaram, depois avançaram sem resistência. Os comandados de Connor se recusaram a espancá-los, pois tinham ficado abalados com a repercussão da repressão anterior, mostrada na televisão.
Aconteceram ainda atentados e o bárbaro assassinato de quatro meninas negras, em uma Igreja Batista. Mas no fim, a legislação e os costumes de Birmingham foram mudados. A um alto custo, mas o Movimento Negro tinha avançado.
O FBI contra Martin Luther King Jr
A partir do ano de 1963, o grupo de lideranças encabeçadas por Martin Luther King Junior percebeu claramente que estavam na mira de FBI. O chefe d da policia federal americana era o conservador, Hoover, anticomunista e identificava o Movimento Negro como instrumentalizado por Moscou. Ele gastava muito dinheiro do contribuinte vigiando pessoas como Malcolm X, Mohamed Ali e artistas negros.
Mesmo assim, King teve espaço para realizar mais de 350 conferencias e viajar todo o país, mobilizando contra o racismo. Muito dos seus gastos eram bancados pelos dividendos de seus livros ou era custeada a sua passagem pelas entidades ou universidades que o convidavam. Além disso, criou determinou que a SCLC dedicasse a capacitar militantes, que fossem às cidades, treinar a comunidade negra a passar pelo teste de aptidão que daria direito a votar.
O reverendo também notou que não bastava, combate o racismo, sem geração de renda. Isso ficou bem claro em suas passagens por St. Augustine, na Florida e no Harlem em Nova Iorque, onde afro-americanos se revoltavam contra suas condições socioeconômicas.

Martin Luther King


MARCHA DE WASHIGTON

A Marcha de Washington realizado em 1963 – foi um ato político idealizado pelo sindicalista Philip Randolph – fundador da primeira entidade de classe de trabalhadores negros. Mas a conduta de Luther King como líder moral do país naquele momento, conseguiu arregimentar aos integrantes da Marcha. Além de participantes do Movimento pelos Direitos Civis do Povo Negro, artistas, atletas, até fazendeiros e brancos estiveram juntos – dando um caráter inter-racial à reivindicação.
Os coordenadores da passeata estimavam que conseguissem no máximo colocar 100 mil pessoas nas ruas. Igrejas e organizações não governamentais estavam auxiliando nesse transporte. A TV tinha uma visão mais tímida, falava de apenas 25 mil manifestantes.
O começo do evento estava marcado para as 13 horas e 30 minutos. O trajeto seria sair com a passeata atrás da Casa Branca, cruzar as principais vias de Washington, terminando defronte ao Lincoln Memorial. Mas uma bela surpresa animou os organizadores – antes da passeata já tinham conseguido reunir 250 mil pessoas.
O público foi ao delírio quando Martin Luther King Junior, o publico foi ao delírio. Antes de falar, uma estrondosa salva de palmas recebeu Luther King. Ele iniciou sua fala explicando a realização da Marcha e o porquê do palanque estar daquele local – o Monumento em homenagem ao ex-presidente Abraham Lincoln. Ele foi o presidente que assinou a promulgação da Abolição da Escravidão e por isso teve que enfrentar uma Guerra Civil.
Luther King lembrou, porém que o negro ainda não era um cidadão livre. Falou da luta pela garantia dentro da Constituição dos direitos a vida, liberdade e a busca da felicidade. Respondendo as alas radicais do movimento negro representado por Malcolm X, ele disse que o povo negro não deveria matar a sede de liberdade na taça do ódio e da revolta, apesar de argumentar que não deveria ficar satisfeito com meias-verdades dada pelas elites do país.
Emocionado o reverendo batista largou o discurso e começou a improvisar num trecho muito conhecido hoje “... eu tenho um sonho, que um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos de ex-escravos e os filhos de ex-senhores de escravos possam se sentar juntos à mesa da fraternidade”.
Luther King terminou seu discurso pedindo que todos desses as mãos e cantassem um velho canto religioso dos tempos da escravidão “livres finalmente! Livres finalmente! Graças a Deus Todo-Poderoso, estamos livres finalmente!”.
No período da tarde, o então presidente John Kennedy recebeu uma comissão de lideranças da Marcha em seu gabinete de governo, declarando apoio à pauta de reivindicação.

PREMIO NOBEL E LEI DOS DIREITOS CIVIS
O ano de 1964 foi o coroamento do trabalho do reverendo King Jr. Ganhou o Premio Nobel da Paz por seu trabalho de combate ao racismo, utilizando técnicas de não-violencia, e a Lei de Direitos Civis, garantindo a integração de escolas e locais públicos, foi assinada.
Era uma etapa da luta que foi cumprida. A outra parte era a transformação da legislação em mudança da realidade dos negros. E Martin resolveu testar o cumprimento da lei em Selma, cidade pequena, há 100 metros de Montgomery. Lá os personagens eram duros novamente: o Conselho de Cidadãos Brancos e o xerife local Clark. Para piorar, o governador do estado, era o segregacionista George Wallace. Ele tinha se eleito prometendo manter negros e brancos afastados.
Em Selma, King foi também participar da campanha de cadastramento de eleitores negros, onde já começou iniciando uma manifestação pública contra os métodos rígidos demais para afro-americanos. A exigência era até relaxada com cidadãos brancos, inclusive alguns mal sabiam ler ou escrever, mas tinha direito do voto. Mas negros instruídos era de forma racista excluídos.
As passeatas deram certo e logo o Governo Federal interferiu para permitir o cadastramento de negros no serviço eleitoral. Podem os racistas reagiram, apelando para o governador Wallace, que enviou tropas estaduais. King respondeu com mais passeatas. No meio do embate, ele e mais 5 mil pessoas estavam presos. O número praticamente corresponde ao número de eleitores negros.
Após uma visita ao presidente Lyndon Johnson, o reverendo conseguiu o apoio do Governo Federal e da opinião pública, após as autoridades policiais, serem denunciadas por torturar estudantes com choques elétricos. King descobriu muitos trabalhadores negros, não recebiam salários, vivendo um sistema próximo da escravidão em Selma.
Isso motivou Martin Luther King Junior a pressionar não só pela integração racial, e também pela geração de renda para a população negra. Lançou a Operação Cesta de Pão, destinada a pressionar empresários brancos a contratarem desempregados negros. A tática era de boicotar aquelas empresas que se recusavam.
Mas o presidente Lydon Johnson estava atolado na Guerra do Vietnam, e cada vez mais consumia milhões de dólares em armamento, enquanto a população necessitava de projetos sociais. Diante desta situação o pastor passou a criticar a participação dos Estados Unidos no conflito asiático. Temendo perder votos com a situação Johnson, criticou King por se interferir no assunto. Até internamento no Movimento Negro, uma ala moderada, achava que o reverendo tinha sido muito radical.
Ele passou a organizar uma grande Marcha dos Pobres para Washington para acontecer em 1968. Era uma bandeira também negra, pois a maioria dos miseráveis eram afro-americanos. Por causa disso, vai, em abril, a Memphis para dar apoio a uma greve de garis e lixeiros.

SEU ASSASSINATO
Na manhã de 4 de abril de 1968. Na sacada do Lorraine Motel, foi atingido pelos tiros disparados, pelo criminoso James Earl Ray. Imediatamente a morte dele, negros nas cidades de Chicago, Detroit, Nova Iorque, Boston, Memphis e Washington foram às ruas em manifestações, passeatas e até depredações. Eles reagiram assim, pois tinha já perdido Malcolm X, outro grande líder. Com a morte de King, se sentiram desamparados.
No dia 9 de abril, foi enterrado, onde o discurso mais emocionante foi de seu amigo e pastor Ralph Abernathy. 60 mil pessoas compareceram ao sepultamento, no cemitério de South View.
No dia 19 de junho de 1968, aconteceu a Marcha dos Pobres, que se transformou no Dia da Solidariedade, com a presença de 50 mil pessoas. Mas sem sua presença, o Movimento Negro, perdeu uma maior referencia moral.
Nos Estados Unidos, todos 15 de janeiro, é feriado nacional – em homenagem ao grande líder negro.


MAHATMA GANDHI E NÃO VIOLÊNCIA
Ninguém influenciou tanto Martin do que o advogado indiano e líder do processo de libertação da Índia, Mohandas Gandhi. Suas táticas de enfrentamento do poder colonial inglês, com base em métodos de não violência foram às bases das atitudes de King.
Gandhi chamava sua doutrina de Satyagraha, e assim conseguiu liderar greves, piquetes e passeatas, que derrubaram em solo indiano, uma das maiores potencias mundiais, na primeira metade do século XX.
Em 1959, ele, sua esposa Coretta e o historiador negro L. D. Reddick visitaram Bombaim e Nova Delhi, onde foram recebidos pelo primeiro-ministro, Jawaharlal Nerhu, um dos pupilos políticos de Gandhi.


Tributo A Martin Luther King
Cantada por Wilson Simonal
Sim sou negro de cor
Meu irmão de minha cor
O que te peço é luta sim, luta mais.
Que a luta está no fim

Cada negro que for
Mais um negro virá
Para lutar com sangue ou não
Com uma canção também se luta irmão
Ouvir minha voz
Lutar por nós

Luta negra demais, luta negra demais.
É lutar pela paz, é lutar pela paz.
Luta negra demais
Para sermos iguais
Para sermos iguais

Um comentário:

Clara disse...

Caro Marco,
adorei o te blog, especialmente este post sobre o MLK.Há coisa de dois anos comprei a "autobiografia" dele.Adorei.Não só por finalmente me ter apercebido da sua realidade, como pela força, amor e dedicação que ele dispendia em prol de um mundo melhor.Não só para os negros, como para o ser humano em geral.
Guardo o livro como uma bíblia e sempre que posso releio e bebo as palavras registadas por aquele homem tão especial.
O final do livro trouxe-me lágrimas e uma estranha sensação de perda. A maneira como ele encarava a vinda da própria morte, fez-me reflectir sobre a nossa capacidade de intuir sobre o nosso futuro.
Quem me dera ter a sua sabedoria.A sua tranquilidade e dedicação.
Gostava de o poder ter conhecido.De ter participado da sua luta, apesar da luta ainda estar viva!
Estamos juntos.
Um abraço e parabéns pelo blog.