sexta-feira, maio 06, 2005

SOMOS AFRODESCENDENTES DE QUEM?

Os descendentes de emigrantes europeus – os euro-descendentes podem determinar e até criar uma arvore genealógica. Sejam portugueses, italianos, espanhóis ou japoneses. Também os descendentes asiáticos têm a mesma oportunidade apontando no mapa, inclusive a cidade de onde vieram seus antepassados. E nós afro-brasileiros, há como saber de que descendemos?
A escravidão trouxe oficial ao Brasil, desde 1559, 4 milhões de negros, que são diferenciados ou como bantos ou iorubas. Mas debaixo dessa classificação se escondem vários povos: galla, amhara, somálios; os dinka, masai e azande; os zulus xonga, fang, mag-betu e luluas; bambútidos e os khoisan, mandigas, só para citar algumas tribos mais conhecidas.
Nei Lopes, no Livro “Bantos, Malês e Identidade Negra”[1], excelente livro, cita dezenas de tribos que existiam na África. Só entre os bantos ele cita os grupos dualas, fang, pongue mongo, luba, cuba, teque, bacongo, bundo, quibumdo, ganguela, lunda-quioco, nhaneca-humbe, herero, umbumdo, ovambo, xidonga, cavango, chope ronga, senga, nguni, nhungue, xonas, macau, ajaua e sotho. A lista tem quase 200 tribos.
Sou neto de baianos por parte de pai e mãe, mas isso não ajuda a identificar a minha origem. Ao assistir uma reportagem da Gloria Maria na Nigéria, estarei vendo meus parentes?
A destruição dos documentos referente ao trafico de escravos criou um vácuo e nos tornou todos órfãos. Entre as reparações a ser feita a nós negros, o financiamento privado ou governamental de pesquisa sobre o assunto é um obrigatório.Dessa forma invejo hoje os moradores das mais de 2 mil comunidades quilombolas. Elas não têm recursos econômicos, mas tem a sua historia, e isso ninguém compra
[1] “Bantos, Malês e Identidade Negra - Nei Lopes. 1988.Editora Forense Universitária.

3 comentários:

Anônimo disse...

Simplesmente fantástico!!

Um ótimo trabalho, parabéns.

Alem da lição de história, de uma história pouco conhecida.

É um incentivo para todos, que mostra que não é a cor ou qualquer outro fator que marca nosso destino.

Gostaria de deixar uma sugestão.

Seria muito interessante se pudesse compilar todo esse material em formato pdf, e disponibiliza-se para escolas e instituições educacionais.
Pois um trabalho tão bom não pode ficar restrito a um único blog.

Parabens!

Marcelo Maurin Martins
marcelomaurinmartins_hotmail.com

Anônimo disse...

Sobre o seu artigo na Gazeta de Bebedouro do dia 6 de abril cujo título é "Um governo de caras brancas":
No último parágrafo você disse que não há negros no Primeiro Escalão da atual administração.
Para seu conhecimento existe sim. Apesar de sua referência ser feita pela competência e não pela cor da pele a secretária do prefeito Iza de Oliveira é negra.

Nelson Ngungu Rossano disse...

Oi, como o Marcelo Maurin Martins, concordo com o seu magnífico trabalho em formato pdf.
Concordo consigo, embora seja filho directo de africanos, devido às guerras em África, não conheci meus familiares... sei como é, mas ao menos sei que sou descendente de angolanos e moçambicanos, e sempre que posso tento resgatar a história desses países. Abraço.