História - Multidão comemora nas ruas a abolição
Processo mal acabado geral polêmico debate sobre cotas, dentro do STF com participação de intelectuais e militantes do Movimento Negro
Tão complicado quanto a comemoração do Centenário da Abolição, são 120 anos do fato, sem motivos para festejar. Bem mais interessante é ver o movimento por reparações chegar até a Corte Suprema Brasileira.
È algo muito significativo: no STF temos uma prova cabal dos efeitos da má redação da Lei Áurea; há apenas um ministro negro, Joaquim Barbosa. Em um país onde a população descendente de escravo é de 50%.
Semelhante ao clima pré abolição, há uma campanha desavergonhada da grande mídia contra as cotas. As edições das reportagens deixam evidente, uma postura preconceituosa contra as ações afirmativas. Nada surpreendente para quem tiver um tempo para pesquisar os jornais da época da escravidão, onde eram escritos artigos com previsão catastrófica, se não fosse evitado o fim da escravatura.
A necessidade de resgate social do povo negro se faz urgente, quando assistimos um professor universitário, Antonio Natalino Dantas verbalizar, sem vergonha, uma teoria ridícula sobre o baixo desempenho do curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia, na formação cultural do povo baiano, em sua maioria absoluta negra.
Há quem tente reescrever de forma equivocada a História do Brasil, ao colocar a Princesa Isabel, como redentora, quando a verdade em documentos, mostra uma postura vacilante da Família Real para tomar uma atitude em favor do fim do regime de exploração. Desde Dom João VI havia esta cobrança. Portanto, a assinatura da Lei Áurea, nada mais é do que o cumprimento da obrigação. É fruto da pressão das discussões parlamentares e da mobilização abolicionista.
Para o Movimento Negro está colocado um desafio: sair do baile das vaidades e encampar a bandeira das cotas de forma incondicional. Botar na rua uma manifestação, onde o mais importante, não é quem discursa, mas o efeito das palavras.
Zumbi, Dandara, Chico Rei, Xica da Silva e João Cândido, nunca fizeram grandes discursos. A força estava na atitude contra a injustiça racial.
Mas uma das etapas para a implantação de leis de promoção da igualdade racial passa pelas eleições municipais, quando é preciso eleger candidatos comprometidos com o combate ao racismo. Importante separar o joio do trigo. Há candidatos de postura constante em favor da luta e os aproveitadores.
Que a luta venha do exemplo de Nelson Mandela, que ensinou a vencer a segregação, ao convencer que não existiria nação economicamente forte, se fosse desprezada uma parte de sua população. Não há Brasil forte sem a participação de todas as etnias. E para isto acontecer, é necessário fazer a inclusão da juventude negra em universidades.
Que os anti-cotas façam abaixo-assinado. Que nós que somos a favor das ações afirmativas, devemos denunciamos a discriminação e assim daremos os argumentos necessários para os ministros do STF votaram a favor das cotas.
Único - No Supremo Tribunal Federal, apenas o ministro Joaquim Barbosa é descendente de pessoas escravizadas.