Ele pode não admitir, devido a sua formação religiosa e sua naturalidade mineira, mas o frei franciscano David Raimundo dos Santos, presidente da Rede de Cursinhos Populares Educafro, é o novo líder do Movimento Negro no Brasil. Com sua determinação e habilidade política tem conseguido fazer o enfrentamento social para conseguir a aprovação de ações afirmativas nos setores público e privado.
O Frei David nasceu no dia 17 de outubro de 1952, na cidade mineira de Nanuque, filho de Manuel Rosalino dos Santos Maria Pereira Gomes, mas passou parte de sua infância e juventude no estado do Espírito Santo. Depois, seguido para o estado do Rio de Janeiro, onde em Petrópolis, fez sua formação religiosa sacerdotal cursando Teologia e Filosofia.
Desde o Seminário Franciscano de Petrópolis, Frei David sofreu a influência da Teologia da Libertação, que pregava que a Igreja Católica deveria estar mais próxima dos setores da população pobre, e foi o que ele fez por mais de 16 anos, mas também teve a conscientização de que a maioria dos excluídos é negra. E isso despertou mais ainda sua militância negra, organizando na Baixada Fluminense a formação de agentes da Pastoral do Negro. Também foi eleito, tempos depois, membro da Secretaria Executiva Latino-Americana da Pastoral Afro-Latina Americana e Caribenha.
No Brasil, ele ajudou em no desenvolvimento da Teologia Negra, onde a fé cristã é discutida sob uma ótica africana e respeitando a diversidade religiosa dos afro-brasileiros. Ele lançou pela Editora Vozes o Calendário Beleza Negra e as Coleções Negras em Libertação.
No inicio dos anos 90, Frei David, descobriu que juntamente com agentes pastorais que havia uma razão para o empobrecimento da população negra, a dificuldade na formação escolar. Por isso, foi criada o Educafro – Cursinho Pré-Vestibular destinado a negros e carentes.
Nos debates no Senado Federal e na Câmara dos Deputados ele participou ativamente, juntamente com integrantes do Educafro para aprovação das cotas. Se a proposta for aprovada este ano, será devidas a grande pressão popular e política que ele realiza. Junto aos bancos e lojas de São Paulo, ele realizou manifestações que conseguiram sensibilizar banqueiros e comerciantes na contratação de mais trabalhadores negros.
Em um período onde há muitas pessoas se auto proclamam líderes do Movimento Negro, chegando ao erro estratégico de dividir uma grande manifestação em prol das ações afirmativas, o religioso franciscano parece um das poucas cabeças negras a ter a lucidez de um Martin Luther King Junior e a radicalidade de um Malcolm X, com aceitação em qualquer ala política. Principalmente, por que não é candidato a nenhum cargo eletivo.
É bom citar que há um número considerável de lideres jovens, oriundos do Educafro, que tem ajuda a renovar a militância do Movimento Negro e tornando-se o diferencial entre outros militantes, pois acreditam fielmente na falta de ambição do Frei David, que assim como o mártir Padre Josímo, dá a vida pelo o que luta.
5 comentários:
Questiono I° Seminário Internacional, justiça, Ações afirmativas e acessos de direitos, hoje 27/05/2008
Interessante mais ao mesmo tempo fiquei triste com as considerações colocadas.
1° parece que só era direcionada a politicas de cotas, não sou contra,mas, com a atual situação da maioria dos negros estudando em escolas publicas ruins, refrete a historia, negro quando chega lá em cima sai da favela e esquece dos seus, pois, percebi que o seminario não tinha nada de ações afirmativas na relação de colocar este negro tambem na porta da faculdade, era como, tenho que melhorar a condições dos meus que estão comigo e são tão inteligente quanto eu. Só que a maioria dos negros estão em comunidades carentes e são servidos por escolas publicas ruins, e não tendo merito nem recursos inviabiliza competições no ambito trabalhista ou torna possivel a concentração em situações classicas de situação de rua, presença em enfrentamento com morte e prostituição. Tambem fiquei chateada pois me senti desqualificada pela Sra Lisiane Chave Motta, Procuradora Regioanal do Trabalho, pois parece que ela não sabe a diferença entre criança e adolescente deveria conhecer o ECA e pelo que senti ou protege alguem ou tambem desconhece a CLT os Art 402 ao 441, Decreto lei 5.598/2005. Portarias Publicadas pelo MTE 615, 616 e 618 em dez de 2007, se como ocupei um cargo de Concelheira Tutelar no Municipio de Niteroi, no 1° Conselho Tutelar, não apoio esta pratica. me senti HUMILHADA.Percebi uma total falta de interesse, mesmo com dados tão alarmantes, como o aumento da gravidez em adolescente, (14 anos), da participação de (homens) adolescentes na vida de seus filhos,da violência com participação de menores de idade, Enfrentamento a violencia com politicas de matança cujo os alvos em geral são adolescentes e jovens de comunidades carentes, adolescentes participando na elaboração de crimes, na presença de trabalhos em rua, tendo responsabilidades e carga horária como adultos, que infelizmente tendo direitos presente na CLT, porém suprimido na apresentação de regras como provas d seleção,(SENAI, SENAC,SEST/SENAT) ou apresentação de escolaridade minima (CIEE, Instituto, CESAM, Proa, Fundação Roberto Marinho, FIA, e outros aplicadores de cursos), que questiono a livre iniciativa privada e a função social da empresa, se empresas Publicas Mistas e Concessionarias podem colocar detalhes que excluem. é a escolaridade é um entrave, a exigencia de está estudando e de não repetir não vale como incentivo e forma de devolver este adolescente a escola e ao mesmo tempo oferecer uma oportunidad dele ser inserido na sociedade como cidadão, e se são crianças, porquê os que tem conseguido por merito, passaram em prova, tem familia presente que os indique, ou mesmo escolaridade preferida não são tratado como criança????? temo pelo processo 1032/2008 que consta no TRT 1° região/RJ, que trata destas questões, afinal pode ocorrer que em um TAC, possa resultar em possibilidade de sorteio de vagas no acesso, que tornaria o acesso universal, dado a impossibilidade de competição entre pessoal com graus diferente de aprendizagem e formação.
2° O fato de ter chegado as portas da faculdade e não ter entrado por opção, me serve como trabalho comunitario na forma de dizer você pode entrar se quizer, e necessariamente não por que estou do lado de fora, mais pelas condições de acesso hoje oferecidas, mais será que o DR. Renato Ferreira ainda esta proximo da comunidade e ainda consegue conversar com ela sem ser tratato diferente, sou educadora de porta de favela e trato diferente pesquisadores quando percebo que o seu alvo não é tirar adolescentes de baixa escolaridade de sua condição sub humana, mais proteger apenas os direitos dos seus, que estão lá em cima, tão distante da realidade dos 52.9% dos que estão fora do ensino medio, segundo o IBGE e IPEA, sendo que mais da metade não ira concluir o ensino fundamental e desta parte não faz parte os em situação de rua que para surpresa de pesquisadores fazem parte de estatisticas de enfretamento, morte por bala e prostuição, achei lindo mais faltam açoes afirmativas de fato que não contemplem apenas aqueles que tem direitos pelo merito do recursos dos pais ou inteligencia acima da media. infelizmente passa a ser uma fala não só minha, mas presente na realidade da comunidade e se quem está lá por cima não quer mudar, fica dificil.
E seria interessante contar aos americanos, ou expor a pesquisas porque professores que fizeram o normal ao irem a faculdade não querem retornar a sala de aula, por que será????
comentários, questionadora.blogspot.com
Aos Companheiros e Companheiras dos Núcleos e Universidades:
Comunicam sua saída da Sede da Educafro:
Heber - Coord. Geral,
Douglas - Coord. Político,
Vanessa - Coord. Adm,
Jorge - Jornalista,
Adriano - Coord. Pedagógico,
Cleiton Meneses – Assistente SeUni,
Cleyton Borges – Coord. SeNuc/Jurídico,
Nádia – Assistente SeNuc,
Flávio – Assistente SeUni,
Maíra - Assistente SeUni,
Juliana – Núcleo de Mulheres Negras,
Daniel – Estagiário de TI,
Félix - Estagiário de TI,
Suellen - Assistente Adm,
Noemy - Assistente SeNuc,
Jarlene – Estagiária/ Núc. Mulheres Negras,
William - Assistente SeUni,
Thayan - Assistente Seppaa,
Vinícius – Manutenção de rede, Amanda Assistente Adm.
Com respeito e humildade, informamos e justificamos, por esta carta, nossa decisão de sair da Direção e dos trabalhos da Sede da Educafro, por não concordar com o método e modelo de gestão impostos por Frei David. Nossas discordâncias são principalmente de cunho ideológico.
Nesses anos de construção da Educafro , várias pessoas se destacaram, entre elas Frei David, que foi o fundador e um dos que se dedicou radicalmente a essa causa. Prova disso foram os acontecimentos no Senado entre os meses de novembro e dezembro de 2008.
No entanto, milhares de pessoas (em centenas de núcleos) também se doaram radicalmente para que a Educafro fosse hoje o movimento de vanguarda que é. Entre estas pessoas, estamos nós ex-integrantes/dirigentes da Sede.
A decisão da saída de todo o grupo é fruto de situações acumuladas nestes anos, de conflitos ideológicos com Frei David e seu método de trabalho. A cada ciclo, outros companheiros(as) tomaram a mesma decisão de maneira individual.
Com o deslocamento de Frei David para Santa Catarina, no início de 2007, a Sede permaneceu sem sua figura mais emblemática ou contou com sua atuação à distância. Ele carrega consigo, além dos inquestionáveis talentos e liderança, vícios como a centralização, o apego a hierarquia nas relações e visão de que a democracia e os embates de idéias causam os conflitos ou divisões de poder.
A partir de 2007, sempre ao lado dos frades sucessores (Frei Antônio Leandro e Frei Valnei Brunetto), estabelecemos uma nova dinâmica no relacionamento entre Sede – Núcleos – Bolsistas. A democratização das relações norteou os trabalhos. Citamos por exemplo a prioridade dada à formação cidadã; encontros com universitários; o resgate do Conselho Geral da Educafro (CGE) formado por 10 coordenadores(as) eleitos(as); aproximação com o movimento negro e atenção às linhas políticas propostas pelos Sefras. O que fizemos nestes últimos dois anos foi motivar e valorizar o protagonismo das pessoas que "fazem a Educafro em sua essência". Tudo isso está registrado nas publicações.
Levamos com intensidade a luta do negro para todas as dimensões da luta popular. Compreendemos que a luta contra o racismo e por Cotas/Ações Afirmativas precisa estar aliada à luta social contra as estruturas que geram todas as desigualdades do mundo capitalista. Há muitas discordâncias com Frei David neste aspecto político.
Desde seu retorno ocorreram tentativas de conciliação, porém, percebemos a incompatibilidade entre o que acreditamos e sonhamos, com a prática trazida de volta por Frei David. Infelizmente, ele e seu futuro corpo funcional deverá passar por cima da construção democrática e da horizontalidade dos últimos dois anos. As decisões tomadas coletivamente em nossos Retiros de Sumaré (2007) e Guararema (2008) serão rechaçadas.
Nossa formação contestadora e nosso compromisso com a luta popular e com a causa do negro não nos permitem renegar a construção coletiva e o diálogo. Entendemos que o poder, tanto na Educafro como em qualquer movimento de massa, já é naturalmente dividido por todos os que deste movimento participam. O povo da Educafro ganha ao avaliar o caráter pedagógico, construtivo e provocador de nossa saída.
A Educafro é o povo que se organiza de maneira autônoma, pura de coração, singela e resistente nos núcleos. Sem os núcleos e o sem os milhares de militantes que os organizam, não existe Educafro. É necessária e urgente a valorização de quem efetivamente constrói o movimento.
Agradecemos aos companheiros/as de outras lutas e aos frades da Província Franciscana, continuadores da obra de Francisco de Assis, que por inúmeras ocasiões nos receberam e apoiaram durante esses 10 anos. Reivindicamos São Francisco de Assis, em seu desprendimento!
São Paulo, 23 janeiro de 2009.
Permaneceremos nesta luta, com mais ânimo,
com mais força e com muito axé!
Organize-se e lute!
ACORDA MEU POVO!!! Sentirei muita falta dos amigos que decidiram por sair da Educafro, mas há muito tempo ouvíamos nos corredores da Universidade muitos irmãos insatisfeitos com as constantes novidades implantadas na Educafro.Em primeiro lugar nunca foi compartilhado com todos, os motivos que fizeram o frei Davi se afastar da Educafro, e nem tão pouco os motivos que o trouxeram de volta.Entendia a Educafro como sendo incentivadora de um processo plural e participativo , mas sobretudo neste caso fomos excluídos.Reconheço que as conquistas foram o resultado da persistência e garra de muitos, mas o talento e a fé do frei Davi sempre foram os pilares da luta do povo.Há mais ou menos um ano, me deparei com uma nova Educafro, um tanto mais empresa do que uma instituição não governamental.Os objetivos pareciam os mesmos, mas por caminhos diferentes.Somente com um diálogo aberto poderemos restaurar os desígnios originais que fizeram a Educafro chegar até onde chegou, refazer o clima participativo, remeter ao povo o poder do voto aberto, envolvendo a todos nas decisões.2009 se inicia com um desafio a mais, nossas ações e nossos projetos devem se revestir de práticas mais democráticas, mais conscientes na construção coletiva como dimensão indispensável da sociedade que sonhamos.Se é a fé que permeia a nossa luta, dois mil e nove será o símbolo de uma chegada mais próxima da vitória, se Deus nos guia é ele quem vai nos mostrar se a proposta do frei Davi é a que vem de encontro às nossas esperanças e aos nossos sonhos.Educafro não é frei Davi, não é equipe interna, Educafro somos todos nós, se permanecermos distantes, inertes, desligados, a hora que tanto esperamos nunca vai chegar.Se fizermos o que está a nosso alcance, faremos muito, o Projeto de Deus vive num tempo de amadurecimento e conta com nossa fiel adesão.Acorda meu povo!!!
Apoio aos militantes que sairam da Educafro!
Aos irmãos que encerraram a participaçam na Sede Nacional da Educafro, deixo aqui o meu compreendimento e apoio.
Nesses dois anos muito se fez, os núcleos ganharam voz ativa na Sede, a Educafro deixou de ser menos assistênciaslista e a democratização das descisões e caminhos a traçar foi ampliada aos núcleos de base. Um Exemplo disso foi o retiro de Guararema, um espaço democrático onde todos deram suas opiniões e todas as pautas eram votadas em plenária.
Frei David já deixou claro que as deliberações do retiro não valeram e se efetuaram enquanto ele estiver na frente do movimento, a Educafro não é mais do povo, agora tem dono! Não se pode mais entrar na Sede sem se indentificar e se ir em qualquer setor não sai sem ser REVISTADO, isso é uma caracteristica do Frei Daivd, autoritário e centralizador.
Aqueles que sairam por conflitos ideológicos com o atual diretor executivo, David, não deixaram o povo na mão. Ninguém é insubstituivel e o compromisso dos funcionários e voluntários na Sede foi comprido com responsábilidade, a entrega de bolsas, renovação, processo de Cuba, jornal, foram finalizados mesmo depois da saída dos mesmo, eles só deixaram definitivamente a Sede quando finalizaram todas as pendências.
Estou de acordo e a favor da saída de vocês, foi um Ato nobre e raro da parte de todos os militantes, fazendo uma carta justificando e deixando a casa em ordem para os novos colaboradores da Sede.
Boa sorte a todos,
Que Zumbi esteja com todos nós
e que não deixemos nunca de lutar!
"lute com a vida
e viva para lutar"
Esta politica de cotas raciais está por criar em nosso país uma segregação racial semelhante a outros países, em que resultados de confrontos políticos por interesses de poder econômico e socialsão prioridade... o mais interessante seria que independente de raça, cor ou credo nos comprometessemos em exigir igualdade de opurtunidades e inclusão social para todos, uma vez que negros escravizados, alemães e italianos enganados todos sofreram com o interesse econômico de uma época... as gerações atuais não devem buscar as diferenças e sim as igualdades.
Você como frei deveria saber que diante do Pai tua ou minha cor de pele ou do beltrano não influi em nada e sim o lutar pela igualdade de todos. Esta é uma dívida que estamos imputando a uma nação em nome de interesses politicos e econômicos e não em nome de ideais humanitários.
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