Blog criado maio de 2005 para divulgação da História Antiga e Contemporânea do Povo Negro.
quinta-feira, outubro 06, 2005
MARIO RAÚL DE MORAES ANDRADE
Com certeza, você conhece o livro Macunaíma. Ou já viu o filme estrelado por Grande Otelo e Paulo José. Mas tenho certeza, que poucos conhecem o escritor que inventou o personagem: Mario de Andrade – escritor afro brasileiro e um dos maiores ativistas culturais que o Brasil já teve.
Mario Raul de Moraes de Andrade nasceu no dia 9 de outubro de 1893, século XIX. Até sua formatura não Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, tem uma vida comum a todos de sua época. Tornou-se professor da mesma instituição onde ensinava Historia da Musica e estética Musical.
Mas somente aos 24 anos de idade começa a trilhar o caminho da literatura, lançando o livro de poesia: Há Uma Gota de Sangue em cada Poema. Mas se esconde através do pseudônimo de Mario Sobral.
Aos 29 anos, como jornalista e escritor, Mario de Andrade, é juntamente com Oswald de Andrade e outros, organizador do marco da historia cultural do país – a Semana de Arte Moderna, realizado em 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, que a principio chocou a sociedade.
Quando em 1934, assume o pioneiro Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, faz um mandato revolucionário e importante para a Arte Brasileira. Mario institui a Sociedade de Etnografia e Folclore, o Coral Paulistano, o Quarteto Haydn e a Discoteca Publica Municipal. Também organiza a Biblioteca Publica Municipal de São Paulo, que hoje leva seu nome.
Andrade é também inovador quando ajuda na elaboração da primeira lei do Serviço de Patrimônio histórico e Cultural, iniciando o processo de tombamento histórico de edificações na capital paulista.
Na área da língua Portuguesa, Mario de Andrade, organizou o primeiro Congresso Nacional da Língua Cantada e chefiou o recém criado Instituto do Livro. Participou da primeira Enciclopédia Brasileira, funda a Academia Paulista de Letras.
O escritor circulou o país registrando em gravador ou em filme as manifestações culturais brasileiras, para preservá-las para as gerações seguintes. E nessas viagens, acabou tendo inspiração para escrever seu maior clássico: Macunaíma, a invenção de um anti-herói brasileiro. Na obra critica de forma satírica as imperfeições do país, representadas no personagem fictício.
Mario de Andrade ainda escreve os livros Paulicéia Desvairada, A Escrava Que Não era Isaura e Lira Paulista.
No dia 25 de fevereiro, em 1945, morre após um fulminante ataque do coração. A data passou em branco, esse ano 60 anos depois, mas deve ser resgatadas pelos militantes negros, intelectuais, professores e estudantes.
DIA 11 DE OUTUBRO – DIA DE CARTOLA
Nunca é tarde para começar. Assim foi com Agenor de Oliveira. Por esse nome ninguém vai saber quem é, mas o apelido Cartola, é símbolo do samba autentico e de raiz. Morreu no dia 30 de novembro de 1980, beneficiando-se pouco de seu sucesso, mas subiu aos céus, com o sentimento de ter conseguido fazer pelo menos um pouco de que tanto sonhou.
Cartola era filho de Ana Gomes de Oliveira e Sebastião Joaquim de Oliveira, nascendo no bairro do Catete – classe media baixa do Rio de Janeiro. Aos 11 anos, ele e sua família vão morar, por problemas financeiros no local que iria marcar sua vida artística: o Morro de Mangueira, especificamente no Buraco Quente.
Em Mangueira, o menino Agenor, começa a ter amizade com as crianças do local e freqüentar as festas. Seu pai o repreende, o que geram muitas brigas. Mas aos 14 anos presencia seu Sebastião deixa o Morro e a morte por doença de Dona Ana – sua mãe.
Mas a vida segue, e já adolescente, entrar no Mercado de Trabalho como ajudante de pedreiro. E nesse trabalho um truque lhe cria um apelido: usa um chapéu coco para evitar que o cal ou cimento caiam sobre a cabeça e os olhos. Os companheiros de trabalho acham a atitude irreverente e apelidam o jovem de “Cartola”, um tipo bacana. E o nome ficou. Além disso, se vestia de forma elegante, mesmo no cotidiano.
Assim como trabalha arduamente durante o dia, a noite freqüenta as rodas de samba e passa a compor. Não demora a juntar-se com outros sambistas e fundam na comunidade uma escola de samba – o Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, com as cores: verde e rosa. Cartola torna-se o diretor de Harmonia da escola.
No morro, suas composições tinham como ouvintes garantidos Villa Lobos e Stokowsky e outros que assim conheceram o samba.
Viúvo da primeira mulher casa-se depois com aquela que viria a ser sua grande companheira, Euzebia da Silva Oliveira – Dona Zica. Inclusive conta a lenda teve compôs a letra de Tive Sim – para responder aos insistentes questionamentos da esposa sobre seu primeiro amor. Os dois chegam inclusive a abrir um Bar, que se tornou local de encontro no Morro da Mangueira de compositores – o Zicartola.
Mas sua notoriedade só acontece quando é descoberto pelo jornalista Stanislaw Ponte Preta, como lavador de carros em Ipanema, e que após uma reportagem, redescobre o sambista e consegue assim, lhe dar a chance tardia de gravar suas composições. Mas desse período de sucesso, pode curtir pouco, pois sua saúde já está fragilizada e morre em novembro de 1980.
De sua cabeça saíram letras de As Rosas não Falam, Cordas de Aço e O Mundo é um Moinho.
O jornalista José do Patrocínio
Filho de uma quitandeira com um padre, ele nasceu no dia 8 de outubro de 1853, o farmacêutico, jornalista e abolicionista José Carlos do Patrocínio. O nome de sua mãe era Justina Maria do Espírito Santo, que era uma negra livre. Seu pai era o sacerdote João Carlos Monteiro.
Patrocínio teve uma infância sem muitas privações, com diversas experiências de racismo. Co muito esforço ele se formou em Farmácia, o que possibilitou que conseguisse emprego como funcionário no Hospital de Misericórdia do Rio de Janeiro.
Mas a vivencia com personalidades progressistas na capital do Império, fez com que se se torna um apaixonado pela polemica e logo se engaja na luta pela abolição da escravatura. Sozinho funda um jornal abolicionista – a Gazeta da Tarde. Por sua atuação era apelidado de Tigre da Abolição.
José do Patrocínio foi um dos maiores articuladores do Movimento contra a Escravidão, criando inclusive a Confederação Abolicionista. Mas era muito criticado por republicanos por ser monarquista e reverenciar a família imperial pela assinatura da lei Áurea é muito hostilizado.
A proclamação da abolição da escravidão em 1884, no estado do Ceará, é creditada a sua interferência e campanha política lá realizada. Também lá teria tomado inspiração e dados para escrever suas futuras obras.
Seu, sogro, Emiliano Rosa de Senna também colaborou com a Abolição, quando fundou, no Rio de Janeiro, o Clube José do Patrocínio, destinada à participação feminina na campanha. As primeiras sociais foram Virginia Villa-Nova, Adelina dos Santos, e Henriqueta Senna, a Bibi – esposa de José do Patrocínio. A entidade teve vida curta, mas forte participação. Sua executiva era formada por Eponina Senna, Cacilda de Souza e Rosalina Senna.
No dia 13 de maio de 1888, um domingo, José do Patrocínio, foi um das pessoas, juntamente com Joaquim Nabuco e André Rebouças, que levou às mãos da princesa regente Isabel, a lei Áurea, para que fosse sancionada e assinada. No ato, conta alguns biógrafos, que ele chorou.
Naquele dia, em conversas com amigos, ele dizia que poderia morrer em paz com sua consciência, mas os amigos imaginavam que no futuro seu enterro, seria acompanhado por imensa multidão, sendo aclamado como verdadeiro herói.
Patrocínio formou em 28 de setembro de 1888 a Guarda Negra, movimento paramilitar, composto por negros, que tinha passagem pelo Exercito e com habilidade em capoeira. O objetivo dele era demonstrar gratidão a família real pela abolição e intimidarem republicanos e tumultuar os comícios.
A ação da Guarda negra travava batalhas com os partidários do fim da Republica, sendo classificados como terroristas. Antonio Jardim, advogado abolicionista, chega a realizar suas palestras e comícios em posse de um revolver, atento a ação dos capoeiristas da Guarda Negra.
Também é admirado por sua obra literária, que publicou os livros Mota Coqueiro, Pedro Espanhol e Os Retirantes. E também foi integrante da Academia Brasileira de Letras.
Morre pobre em 1905. Com o fim da monarquia seus adversários republicanos fecham oportunidades, levando a penúria o jornalista. Deixou viúva Maria Henriqueta de Sena Patrocínio, tratada carinhosamente de Bibi; e os filhos Marieta, Maceu, Job e José Carlos do Patrocínio Filho.
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