quarta-feira, agosto 16, 2006

EM MINHA TERRA


Um dos filmes que deve estar chegando às locadoras é o Em Minha Terra, estrelado pelos oscarizados Juliette Binoche e Samuel L. Jackson. É uma história madura de amor e tem como pano de fundo as Comissões da Verdade e da Reconciliação na África do Sul. O que era isso? Assim que tomou posse como presidente Nelson Mandela criou comissões regionais ou municipais para ouvir vitimas e acusados de crimes durante o Apartheid. As pessoas que assumissem suas responsabilidade durante a audiência pública, teriam judicialmente a anistia dos seus crimes.
A Argentina também está fazendo o julgamento dos acusados de crimes durante o Regime Militar, e o mesmo ocorre, de forma lenta, no Chile. Olhando para o Brasil, percebemos que a Anistia de 1979 serviu tanto para os presos políticos, quanto para os torturadores. Mas nunca a nação parou para refletir se isso foi o mais correto.
Muitos dos problemas que hoje temos, começaram neste período nefasto. A abordagem inadequada que a Segurança Publica é tratada. Temos a suspeita que as práticas de torturas para obter confissões ou mesmo dobrar o espírito dos detentos, ainda é aplicada. A forma das policias militar, civil e federal agirem desarticulada no combate ao crime, é fruto de uma redemocratização mal feita. Incrível que na Repressão Política as autoridades tinham uma articulação para prender as pessoas acusadas de subversão política e agora, não.
Mas o filme toca no assunto da culpa de uma forma de agir e pensar africana. Não aconteciam nestas comissões, atos de vinganças das vitimas contra os opressores. Isso não ajuda: é preciso saber que assim, a maldição continuaria. A pedagogia usada na África do Sul foi da Ubuntu – ou seja, do perdão e reunificação do país e das etnias em torno de uma só nação. Feitas as confissões, parentes de mortos e sobreviventes, deveriam seguir juntos para construir um futuro. Ubuntu - todos somos interligados, e uma ação contra qualquer pessoa, atinge o mundo, pois somos também responsáveis.
Nelson Mandela conseguiu assim conduzir eu seu mandato presidencial o país por uma transição que poderia ter acabado em banho de sangue.
O Brasil precisa disso: analisar o que foram as ditaduras Vargas e Militar e seus efeitos sobre o desenvolvimento econômico e social, inclusive sobre os problemas que eram jogados para debaixo do tapete, em nome da Lei de Segurança Nacional e da Ordem e Progresso.