quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Benjamim de Oliveira - palhaço negro


A frase é conhecida: o Brasil não tem memória. Quando se trata dos negros a amnésia é enorme. Vou citar um caso: Benjamim de Oliveira, um dos pioneiros na arte circense da interpretação de palhaço ator, cantor, instrumentista e compositor, nasceu em Pará (atual Pará de Minas) MG em 1870, e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 3/5/1954. Abandonou o lar ainda menor de idade e juntou-se à troupe do Circo Sotero, atuando em números de trapézio e de acrobacia. Estreou como palhaço no circo de Frutuoso Pereira (Rua João Alfredo, Várzea do Carmo, São Paulo SP), por volta de 1889. As primeiras apresentações foram vaiadas. Depois de trabalhar em vários circos, adquiriu experiência bastante para atuar como palhaço do Circo Caçamba, então armado na Praça da República, São Paulo.Aí trabalhou aproximadamente três anos, e, em 1893, obteve o lugar de palhaço principal do Circo Spinelli, famoso na época, no qual encenou quadros cômicos extraídos de operetas e peças burlescas. Na Semana Santa, representou o papel de Cristo, com o rosto pintado de branco, uma vez que era negro. O sucesso dessa idéia de conjugar teatro com circo abriu caminho para a popularização de clássicos, como Otelo, de William Shakespeare (1564-1616), e A Viúva alegre, de Franz Lehár (1870-1948), em que reservava para si os principais papéis masculinos. Nos entreatos cantava lundus, chulas e modinhas, especialmente de seu amigo Catulo da Paixão Cearense, acompanhando-se ao violão. Deixou gravadas algumas músicas na Columbia, por volta de 1910, como o monólogo Caipira mineiro, os lundus As comparações e O baiano na rocha, este em duo com Mário Pinheiro.

3 comentários:

AGRY disse...

O racismo, no Brasil, surpreende os menos informados. A perplexidade, sincera de alguns, tem a ver com uma propaganda racialmente anestesiante por parte dos canais televisivos e, em geral dos média brasileiros. O carnaval e as esculturais mulatas que percorrem o mundo em capas de revistas, transportam e difundem a ausência de preconceitos raciais em terras brasileiras.
Infelizmente, o Brasil não será um país racista mas é, seguramente, um país onde existe racismo.

Naveguei pelo seu blogue e nele observei, e constatei, muita qualidade. Irei aparecendo
Abraço
Agry

Cristiane A. Fetter disse...

Estou precisando da ajuda dos amigos, vai lá em casa que no post você vai entender.
Se quiser é só clicar AQUI.
Obrigada,
Beijocas

Oubi Inaê Kibuko: Escritor, Fotógrafo, Pesquisador, Editor do blog CABEÇAS FALANTES: https://tamboresfalantes.blogspot.com disse...

Histórica e curiosamente, a primeira e talvez única interpretação indigena por não brancos, se deu por um artista negro, Benjamim de Oliveira (1870 - 1954), em O guarani, cujo fragmento pode ser conferido na série “90 anos de cinema brasileiro”, Eduardo Coutinho - roteiro, Eduardo Escorel - direção. 1987. Documentário apresentado em 6 programas que mostrará desde as filmagens pioneiras feitas no início do século até o aparecimento do cinema novo que inaugurou a era moderna do nosso cinema. O programa 1 está dividido em 5 capítulos entitulados: O Cinema Descobre o Brasil, No tempo da Cavação, Ficção em São Paulo, Ciclos Regionais: de Recife a Porto Alegre e de Mauro a Mário.

Disponível na Midiateca do Itau Cultural: http://www.itaucultural.org.br/index.cfm?cd_pagina=2694