sexta-feira, novembro 07, 2008

História Mundial será A.O e D.O, Antes e Depois de Obama


Primeiro presidente afro-americano será uma figura significativa para derrubar de vez muitos preconceitos raciais persistentes.


Polêmico por natureza, o cineasta Spike Lee chega a dizer que a eleição de Barack Obama marcará o início de uma Nova Era Mundial. Ou seja, um A. O. antes de Obama; e D.O. depois de dele. Que os cristãos não identifiquem como sacrilégio o que está escrito. Não é uma comparação ao A.C e D.C.. A idéia vai além da religião, atingindo muitos mitos preconceituosos.
Para se ter uma noção de como será este novo governo americano, devemos olhar para a África do Sul, exatamente no período quando foi eleito Nelson Mandela, uma das lideranças mais importantes do século XX. Ao contrário do que propagavam os políticos favoráveis a segregação étnica, ele não fez um processo de punição a minoria branca e sim de reconciliação. Criminosos foram julgados, mas as vítimas ofereceram o perdão. Houve um trabalho de reunificação de duas etnias em prol do progresso de todos. Uma lição política pouco explorada.
O cantor Stevie Wonder é correto ao diz que Obama reúne em si, qualidades de presidente John Kennedy e de reverendo Martin Luther King. Os exemplos são bem simbólicos. O presidente ainda é lembrado com uma figura motivadora de esperança e de mudança de mentalidade. O pastor afro-americano foi o maior articular da promoção da igualdade racial.
O novo presidente gera esperança no planeta, em favor de um era de reconciliação entre todas as etnias e nações. Se mantidas as bases geopolíticas impostas por George W. Bush criar-se-iam elementos para um conflito mundial. O candidato John McCain falava até em aumentar a animosidade com a Rússia, numa arriscada guinada ao passado da Guerra Fria.
Parte do sonho de Luther King, de um tempo onde as pessoas não serão mais julgadas pela cor de pele e sim pela capacidade, está acontecendo, pois foi isto que levou muitos americanos elegerem Obama. Na terra do Tio Sam, negros são apenas 30% da população, ou seja, a minoria. Para que o senador vencer foi necessário que muitos brancos melhorassem seu julgamento racial.
A figura de Obama servirá para recordar que há 400 anos, milhões de pessoas livres, foram escravizadas, em nome da colonização do continente americano e da produção de bens para o restante do planeta.
O processo de escravatura gerou grandes fortunas e impérios. Mas por outro lado arrancaram da África, monarcas, professores, engenheiros, médicos, cientistas e filósofos, transformados em mão-de-obra barata para plantações ou escavações de minérios. Ninguém foi indenizado e o prejuízo social, econômico e histórico continua até o momento para os descendentes e para o continente negro.
Barack recuperará a auto-estima de um povo que foi escravizado, ao mostrar um homem negro como ícone de liderança, ao lado de uma mulher negra, a futura primeira-dama, Michele Obama, que poderá ser símbolo para muitas com a mesma cor de pele.
Mas uma coisa tem que ser evitada: o comportamento da mídia, políticos e eleitorado não pode ser preconceituoso ao exigir soluções de Obama com a mais veemência.A cobrança tem que ser igual se fosse o eleitos McCain ou Hillary Clinton. As condições e instrumentos para a tarefa são os mesmos. O que fará diferença será a criatividade política, que qualquer governante tem que ter, independente da cor de pele.
Obama tomará posse quinze dias depois do novo prefeito de Bebedouro. Mas vale um conselho: para o progresso de uma cidade e país, não conta só o esforço de um político, mas a contribuição da comunidade.

segunda-feira, agosto 04, 2008

Presidente negro do STJ

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou o desembargador Benedito Gonçalves, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região, para o cargo de ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A decisão foi publicada ontem no Diário Oficial da União. Se for aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e pelo plenário do Senado, Gonçalves será o primeiro negro a assumir uma cadeira no STJ, onde preencherá a vaga aberta pela aposentadoria de José Delgado. Lula escolheu Gonçalves ao analisar uma lista tríplice eleita pelos ministros do STJ. O magistrado recebeu 21 votos. Na relação, também estavam as desembargadoras Assusete Dumont Reis Magalhães e Maria Isabel Diniz Gallotti Rodrigues, ambas do TRF da 1ª Região, que foram agraciadas com, respectivamente, 18 votos e 17 votos. Além de ser o mais votado, Gonçalves contou com o apoio, nos bastidores, do ministro da Justiça, Tarso Genro, do titular da Advocacia-Geral da União (AGU), José Dias Toffoli, e do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos.

Biografia - Nascido na cidade do Rio de Janeiro, Benedito Gonçalves tem nas mãos o caso do acidente com o Bateau Mouche, que naufragou em 31 de dezembro de 1988. Indicado pelo TRF (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região (Rio de Janeiro e Espírito Santo), onde tomou posse em 18 de dezembro de 1998, já integrou, em abril de 2007, a lista tríplice composta para a vaga do ministro aposentado do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Jorge Scartezzini.
Negro, formou-se em direito pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) em 1978, especializando-se em direito processual civil no Centro de Estudos Judiciários do Conselho de Justiça Federal, em convênio com a UnB (Universidade de Brasília), em 1997, e concluindo mestrado na Universidade Estácio de Sá, ao defender a dissertação "Mandado de Segurança: Legitimidade Ativa das Associações".
Seu ingresso na Magistratura Federal ocorreu em 1988. Na Seção Judiciária do Rio de Janeiro, como Juiz Federal, integrou a Comissão de Estudos e Instalação de Varas Federais no Interior do Estado, coordenou a instalação de Varas Federais do Foro Regional da Baixada Fluminense e foi vice-diretor do Foro. À frente da 3ª Vara Federal, levou-a a ser a primeira a cumprir integralmente o Projeto Zero, da Corregedoria-Geral da Justiça Federal da 2ª Região.
Foi professor da UFRJ em 1992, onde ministrou aulas na disciplina Direito Financeiro I. Na Estácio de Sá, foi professor auxiliar de Direito Constitucional e, hoje, é professor titular de Introdução ao Estudo do Direito, na graduação, e de Direito Processual Civil, na pós-graduação.
No biênio 2001-2003, integrou o Conselho de Administração do TRF-2. Entre 2003 e 2005, foi diretor de pesquisa da Emarf (Escola de Magistratura Regional Federal). Atuou também na Vara Única de Santa Maria (RS), na 10ª Vara Federal da Seção Judiciária do Paraná e na 25ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro. Atualmente, é membro do plenário do TRF-2, presidente da 6ª Turma Especializada e da 3ª Seção Especializada.
É autor de "Comentários à Reforma do Direito Processual Civil Brasileiro", Reis Friede, Forense Universitária, com comentários aos artigos 417 e 323 do Código de Processo Civil.

domingo, julho 13, 2008

Luke Cage

Já escrevi aqui sobre o número pequeno de superherois negros. Mas destes poucos, um interessante era o Luke Cage., que terá um filme dirigido pelo diretor de filmes John Singleton, que dirigiu recentemente Quatro Irmãos e + Velozes + Furiosos.
Luke será interpretado pelo ator Tyrese Gibson, mas Terence Howard (indicado ao Oscar por Ritmo de um Sonho) é uma a outra opção.
Outro ator negro convidado será Samuel L. Jackson, que interpretará Nick Fury, o chefe da agência secreta Shield, outro herói de estória em quadrinhos.


O diretor - John Daniel Singleton nasceu em 6 de janeiro de 1968, em Los Angeles. Tem por hobby colecionar histórias em quadrinhos. Com 23 anos foi indicador aos prêmios Oscar de Melhor Diretor e de Melhor Roteiro pelo Filme Boyz N the Hood.
Depois dirigiu em 1993, Sem Medo no Coração, estrelado por Tupac Shakur; em 1995, Duro Aprendizado, em 1997, O Massacre de Rosewood, em 2000, Shaft, estrelado por Samuel L. Jackson; em 2001, Baby Boy, com Tyrese, que também atuou em Mais Velozes e Mais Furiosos e Quatro Irmãos.

O herói - Para quem não conhece: Luke é um herói de aluguel, nascido nas ruas do Harlem, ex-membro de gangue, foi preso por um crime que não cometeu. Sua vida muda quando torna-se voluntário em uma experiência científica, quando acaba ganhando superforça e pele invulnerável. Com estes poderes passa a trabalhar lutar pela comunidade negra ao lado dos herois Demolidor e Punho de Ferro. Nesta fase é desenhado usando uma camisa amarela e sua correntes.
Também teve história com o Quarteto Fantástico, em uma estória quando ajuda o Tocha Humana. Também participa dos Vingadores, onde conhece sua futura esposa, a heroina Jessica Jones, com quem tem uma filha.
Na editoria Marvel foi o primeiro super-herói negro a receber uma série própria.

Veja um video sobre o pesonagem em quadrinhos e suas mudanças desde sua criação.




sexta-feira, junho 27, 2008

O drama do Zimbabue


África ainda não se recuperou do genocídio de Ruanda e está a beira de outro no Zimbábue. Lá o ditador do Zimbábue, Robert Mugabe, há 28 anos no poder, mata os militantes de seu oponente, Morgan Tsvangirai é sem duvida um mau político negro. No passado foi uma forte liderança no processo de libertação daquele país, em 1980 mas ele perdeu o rumo político ao abandonar a prática da democracia gosto pela democracia.
O pior é perceber que o mundo não está nem ai para o que acontece lá. Na década de 1990, aconteceu em Ruanda um massacre: hutus mataram tutsi. Tropas da ONU eram insuficientes para mediar o conflito. Só após há muitos apelos, as grandes potencias enviaram reforço. A intervenção chegou quase tarde. Nos dois casos, os países não têm grandes riquezas.
Passado - O duro de tudo é recordar da bela historia da independência desta nação africana. Quando deixaram de se chamar Rodésia, foi composto um hino para Zimbabue, composto por Bob Marley.
"Zimbabue
Todo homem tem o direito de decidir sobre o seu próprio destino.
E este julgamento terá de ser imparcial
Então ombro a ombro, e armados, combateremos nesta pequena luta
Pois é a única forma de superar o nosso pequeno problema "
Chega ser ironico saber que o pequeno problema se tornou uma vergonha.
Veja um video de Bob cantando, na festa de independência do país.

segunda-feira, junho 23, 2008

Dandaras sai do ar para ir para História



Não faz muito tempo que escrevi sobre o Programa Dandaras. Transmitido por dois anos, na Rádio Gazeta AM, quinzenalmente aos domingos, deixa de ir ao ar por uma decisão do grupo. Infelizmente para toda a comunidade negra.

No pouco tempo de duração da proposta posso dizer que era pioneira. Existiram outros programas radiofônicos com a meta de debater os problemas afro-brasileiros. Mas nunca um em que a produção e a apresentação fosse de uma maioria de mulheres negras. Bom citar que havia no grupo uma euro-descendente.

Pelos microfones comandandos por estas meninas passaram as maiores liberanças do movimento negro brasileiro e personalidades culturais. Quem duvida da qualidade é só dar uma olhar no arquivo dos programas:
A torcida é para que elas retornem em uma outra emissora de rádio ou até em uma versão na televisão. Seria interessante ver no video o potencial de comunicação das meninas, que se retiram das ondas médias para entrar para a História.

A despedida não poderia ser menos emocionante, "Esperamos que esse programa tenha contribuído para o debate da questão racial, lembramos que mais iniciativas como essa devem ser feitas em outros espaços", Gabriela Waltson, uma das últimas Dandaras. como ela mesmo se auto identifica. A estudante de Rádio e TV é um dos exemplos do aumento da presença feminina e negra nos meios de comunicação de massa.

Da minha parte fica o lamento. É triste perceber que as boas ideias tem vida curta. Feliz de quem aproveitou.

domingo, junho 22, 2008

Até tu, Milton Gonçalves?

Desde as chamadas novela "A Favorita" ensaio para escrever sobre mais esta polêmica da Rede Globo: o vilão negro interpretado pelo ator Milton Gonçalves. Faz tempo que a venus platinada trocou os bons roteiros por truques baratos para obter audiência. Estamos diante de outro caso.
Porém, ao ler a entrevista do experiente Milton Gonçalves, para a Folha de São Paulo, começo a pensar a imaginar o que teria acontecido com a postura daquele artista que se negava a fazer papéis que aumentasse o preconceito contra o povo afro-brasileiro? Aquele que deu entrevista no documentário A Negação do Brasil, do Joel Zito Araujo.
A fala do ator contra cotas demonstra uma falta de familiaridade com o tema.
Por estas e por outras que apostos as minhas fichas na periferia. Lá não tem divagação. Preto sabe o que é a discriminação, sem teoria e não fica filosofando sobre a solução: é a favor de ações afirmativas.
Um deputado negro com certeza não é impossivel. Mas quantos políticos negros estiverem envolvidos nos últimos escândalos? Já sabem a resposta.
Uma resposta a Milton: antes de existir um Barack Obama foram criadas condições de auto-estima e orgulho negro por atores afro-americanos que se recusaram a fazer só papel de bandidos.
Leiam a entrevista e tirem suas conclusões.

Quando foram divulgadas as primeiras notícias de que Milton Gonçalves seria um político corrupto na novela "A Favorita", da Globo, a bomba logo estourou em seu e-mail. O personagem, escreveram os remetentes, poderia prejudicar candidatos negros nas eleições. "Será que o objetivo era atingir Barack Obama?", surtou um.Ninguém melhor do que Milton para entrar nessa polêmica. Aos 74 anos, 43 só de Globo, o ator passou a vida na luta por papéis que iam além dos escravos e empregados reservados a negros. Quase foi demitido quando se opôs à decisão de pintar Sérgio Cardoso de preto para interpretar o escravo protagonista de "A Cabana do Pai Tomás" (1969/70). Além disso, Milton é político na vida real.Filiado ao PMDB, foi candidato a deputado nos anos 80 e a governador do Rio nos 90. Romildo Rosa, seu papel em "A Favorita", não só é corrupto como chefe de uma família desequilibrada. A controvérsia sobre a abordagem politicamente incorreta do núcleo negro deve crescer, uma vez que a trama de João Emanuel Carneiro, há três semanas no ar com 35 pontos de média, deu sinal de subida no Ibope e bateu 40 na segunda-feira. À Folha o ator falou da celeuma, fez críticas às TVs por terem poucos negros, às cotas, a Lula e a políticos em geral. Leia abaixo.

FOLHA - O sr. tem a carreira marcada por conseguir papéis que vão além dos normalmente concedidos a negros, como escravos e empregados. Chegou a pedir a Janete Clair um personagem "engravatado" e acabou fazendo o médico Percival em "Pecado Capital" (1975/76). MILTON GONÇALVES - Sempre lutei por papéis relevantes. Há muitos anos, na peça "A Mandrágora" [de Maquiavel], comecei fazendo um escravo e acabei no papel que era do [Gianfrancesco] Guarnieri. Tinha que fazer um esforço para me convencer de que era capaz. Queria papéis que acrescentassem algo a um processo antes inconsciente e hoje muito consciente: o da inserção sem humilhação.


FOLHA - Nesse contexto, como avalia o fato de interpretar na novela das oito um político corrupto? Os papéis não precisam mais levantar a bandeira do movimento negro?
MILTON - Como ator, quero fazer todos os personagens. Fazer um vilão provoca mais discussões do que papéis usuais. E a política brasileira... Aqui no Rio, aqueles três jovens negros, e é bom grifar isso, da comunidade [do morro da Providência] são detidos, e o Exército os leva a uma facção [rival de traficantes], e eles são mortos de forma brutal. Isso é uma aberração e é política. Quem levou o projeto Cimento não sei das quantas para lá? Um político [o senador Marcelo Crivella, do PRB, autor do Cimento Social, de reforma de casas; em nota, na quinta-feira, o parlamentar afirmou: "O que fiz foi unicamente apresentar e defender a importância do projeto (...) e garantir os recursos orçamentários necessários"]. O Exército só foi lá porque o presidente do país autorizou. Obviamente não imaginava que fosse aquilo, mas aquele que é candidato a prefeito [Crivella] levou [o Exército] e vai ter que assumir a responsabilidade. Isso marca a podridão em que foi transformada a política. Há pessoas maravilhosas, mas a média lamentavelmente falha. Meu personagem é um desses duendes chafurdando no lamaçal.


FOLHA - O sr. enfrentou resistência do movimento negro em razão de interpretar um político corrupto?
MILTON - Uma pessoa próxima, que se notabiliza por palpites infelizes, me mandou um e-mail: "Será que isso não vai atrapalhar? Será que estão querendo atingir [Barack] Obama?" É um jornalista negro, não vou falar o nome. Algumas outras pessoas escreveram. Ficou a sensação de que seria negativo fazer um político negro corrupto em um país onde o negro, que é metade da população, não é representado no tamanho da sua participação na sociedade. Me questionaram se o personagem não atrapalharia [políticos negros] nas eleições. Não acho, e sou ativista político. Meu lado artístico pede vilões. Vilões que algumas vezes fiz redundaram em grandes discussões. O fato de o cara ser negro não quer dizer que não possa ser desonesto, corrupto, bandido, safado, ladrão. Pode ser tanto quanto o branco. Se meu personagem atrapalhar um candidato negro é porque não há convicção sobre ele. Romildo provoca desejo de que haja políticos negros honestos.
FOLHA - O pesquisador e cineasta Joel Zito Araújo demonstrou que na história da TV a grande maioria dos papéis concedidos a negros era de coadjuvantes, escravos e empregados. Nos últimos anos, houve mais negros em papéis centrais, como a protagonista de "Da Cor do Pecado" (2004/Taís Araújo). Ter um negro como corrupto pode significar que chegamos a um patamar no qual a inserção não é mais um problema?
MILTON - Continuo achando que ainda somos muito poucos em atividade. É só olhar na TV. A participação do negro nas novelas não mudou quantitativamente. Em 68, tive um atrito na Globo, quando Sérgio Cardoso foi pintado de preto para o papel de negro em "A Cabana do Pai Tomás". Em um país em que a metade da população é negra, pintar um branco para fazer o papel de negro é aberração, um desrespeito. Fui contra isso, o que quase me rendeu uma demissão. E não sei se há uma melhoria. Quando se faz uma novela de favelas, por exemplo, aquela figuração lá no fundo ainda não é misturada o suficiente para o meu gosto.


FOLHA - O sr. enfrentou muito preconceito nesses 43 anos de Globo?
MILTON - Preconceito todos sofrem, até branco, dependendo do meio. Em "Baila Comigo" [81], era casado com a personagem da Beatriz Lira. Ela recebeu avisos loucos: "Olha, ele é excelente ator, mas você vai fazer a mulher dele?!". O chamado movimento negro me dizia: "Não vai beijar na boca!". Combinamos: "Tome beijo na boca".


FOLHA - O que o sr. acha do movimento negro no Brasil?
MILTON - Já fui mais ativista. Não renego, mas temos que acrescentar à luta algo a mais, para que a ação seja mais democrática. Não acho que um ministro ou secretário deva ter cargo só para tratar de coisas de negros. Negros devem ser ministros da Fazenda, da Educação. Como pode, nos EUA, onde o negro é 14% da população, haver um negro candidato à Presidência, que espero que seja eleito, com grandes chances, e no Brasil, onde o negro é metade da população, não termos alguém assim? Fui candidato a governador no Rio [94] porque achei que deveria enfrentar. Mas pessoas antes solidárias deram cabo. O que eu queria fazer não incluía desonestidade.


FOLHA - Por suas palavras, não parece favorável às cotas para negros.
MILTON - Não sou radicalmente contra. Quem achar que são boas que faça uso. Mas não acho que as cotas possam resolver questões centenárias. Não posso apenar um branco que tirou dez na prova e dar seu lugar a um negro que tirou cinco.


FOLHA - Encararia outra eleição?
MILTON - Nem que a vaca tussa! Sou da época do MDB e hoje estou no diretório estadual do PMDB do Rio, mas prefiro ser um guerrilheiro em escaramuças. Quando há necessidade, vou lá e dou palpite.


FOLHA - O que acha do PMDB?
MILTON - Houve degradação, a qualidade está muito baixa.


FOLHA - Cogita trocar de partido?
MILTON - Agora não, porque está tudo a mesma porcaria.

FOLHA - O fato de Romildo falar que passou fome é recado a Lula?
MILTON - Nada a ver. A única coisa que me incomoda no Lula foi uma frase que usou, que não estudou e é presidente. Não sabe o mal que causou à nação.


FOLHA - Aprova a gestão de Gilberto Gil no Ministério da Cultura?
MILTON - Não sei... Cultura, na minha cabeça, é a perna direita de um país. E acho que a Cultura está meio vasqueira, devagar.


FOLHA - "A Favorita" mostra a relação conflituosa do deputado com a imprensa. Como o sr., que fez faculdade de jornalismo, analisa a atual relação entre imprensa e poder?
MILTON - Não há hoje ninguém absolutamente isento. O jornal é feito para um grupo de leitores e quer alcançar seu nível de venda. O seu jornal, por exemplo, tem como cliente a classe média paulista. Pode até fazer matérias para o operariado, mas não é seu público-alvo.


FOLHA - O repórter da novela gritou "corrupto, ladrão" em comício de Romildo. O jornalismo partidário é muito presente hoje no país?
MILTON - Não é função do repórter ir a um comício e chamar o cara de ladrão. Se quer falar, tem que tirar o crachá e agir como cidadão.


FOLHA - Por outro lado, o deputado da novela veta a publicação de reportagens que denunciam suas falcatruas telefonando para a cúpula do jornal. Não é um tema delicado para se tratar em uma emissora que faz parte de um conglomerado de comunicação tão amplo?
MILTON - Concordo em gênero, número e grau. Mas, pai, afasta de mim esse cálice! [risos].
Foto:Luciana Whitaker/Folha Imagem

sábado, maio 24, 2008

Manuela d'Ávila a favor das cotas!





Enquanto uma cambada, inventa um nome de Movimento Negro Socialista, usam o marxismo para ser contra reparações para população negra, a deputada federal gaucho, Manuela D`Avila discursa em favor das Ações Afirmativas.
Leia trechos da fala:
"É fato que o desenvolvimento brasileiro ocorreu cristalizando-se diferenças entre as etnias que compõem a diversidade característica da população brasileira, sendo fato que a população negra e os povos indígenas foram e ainda são sistematicamente desfavorecidos..."
"...Este é apenas umas das políticas necessárias para superarmos esta dívida histórica, mas é sem dúvida nenhuma uma das mais urgentes e importantes, para milhões de jovens brasileiros excluídos do ensino superior por séculos de discriminação racial e social..."
Se em nome da fé cristã, muitos crimes foram cometidos nos séculos, em décadas outros foram cometidos outros crimes em nome da leitura equivocada do livro "O Capital". Mas pelo que vi, um dia destes, em um debate do programa Super Top, da Rede TV, o líder dos contra cotas, nem leu o prefácio. Papagaio: fala o que lhe foi ensinado, sem saber o conteúdo.

quinta-feira, maio 22, 2008

Spike Lee fará filme sobre Michael Jordan

Deve ficar pronto em 2009, o documentário sobre o maior jogador de basquete do mundo, Michael Jordan.Serão mostrados os últimos dois anos da carreira. A proposta contará com o financiamento da produtora do cineasta 40 Acres and a Mule e da NBA.
O anuncio ocorreu durante o Festival de Cannes, na França, onde mostrou seu trailer de oito minutos de seu drama "Miracle at St. Anna", que estreará em 10 de outubro. O roteiro é sobre quatro membros negros da Divisão 92 do Exército americano que foram seqüestrados em uma localidade da Toscana e tiveram que enfrentar seus comandantes racistas e os nazistas.

terça-feira, maio 20, 2008

Nei Lopes para Acadêmia Brasileira de Letras





É com pesar que todos lamentamos a morte de Zélia Gattai. Não era apenas esposa de Jorge Amado, mas um escritora de valor. É emocionante o registro da emigração italiana, feito no livro “Anarquistas, Graças a Deus”.
Passado o luto, ocorre-me uma situação bem interessante: por que não brigarmos para que a vaga dela seja preenchida por Nei Lopes, escritor de talento, com obras inigualáveis da literatura brasileira?
A Academia Brasileira de Letras foi fundada por um negro, Machado de Assis. Mas desde sua morte, negros e negras são apenas temas de livros dos ocupantes das centenárias cadeiras. Até gente de talento medicre, como o ex-presidente José Sarney, ocupa uma delas.
Por isto, defendo Nei Lopes para a cadeira de imortal. Por que não?

Quem é ele – Nei nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1942. teve infância similiar a milhares de jovens carentes de sua periferia.
Sua vida muda quando começa a compor e a cantar. Teve parceria com Wilson Moreira. Mantem forte ligação com as escolas de samba Salgueiro e Vila Isabel
Compositor profissional desde 1972, vem, desde os anos 90 esforçando-se pelo rompimento das fronteiras discriminatórias que separam o samba da chamada MPB.

domingo, maio 18, 2008

Marina Silva – Negra e ecologista




De analfabeta aos 16 anos à senadora da república e ministra do Meio Ambiente



Ao pedir demissão do cargo de ministra do Meio Ambiente Marina Silva prova manter o caráter que a colocou no cargo desde o inicio do Governo Lula. Algumas coisas não são negociáveis. Vence o primeiro round os ruralistas. Mas a guerra continua.
A história da senadora começa em 1958, quando nasceu próximo de um seringal no interior do Acre. Era analfabeta até os 16 anos, quando foi morar na capital do estado, Rio Branco. Alfabetizou-se aos 17 anos. Foi empregada doméstica e costureira. Aos 26, conquistou o diploma de Bacharel em História pela Universidade Federal do Acre.
Sua militância começou nas comunidade eclesiais de base, passando pello sindicato dos seringueiros e movimento estudantil.. Em 1984, participou da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Acre e foi a primeira vice-coordenadora da entidade, ao lado de Chico Mendes. Um ano depois, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores.

Política - Em 1987, elegeu-se a vereadora mais votada da Câmara Municipal de Rio Branco. Outros dois anos bastaram para tornar-se a deputada estadual mais votada do Acre.
Marina Silva foi a mais jovem parlamentar a ocupar uma vaga no Senado Federal na República. Com 36 anos, foi eleita a primeira vez, em 1994. Foi reeleita em 2002. Como senadora, foi vice-presidente da Comissão Especial do Congresso de Combate à Pobreza, criada a partir de uma proposta sua, vice-presidente da Comissão de Assuntos Sociais e membro titular da Comissão de Educação. Em 1999, foi líder da bancada do PT e do Bloco de Oposição. Durante sua legislatura, apresentou diversos projetos, como o que disciplina o acesso aos recursos da biodiversidade brasileira e ao conhecimento das populações tradicionais.
Propôs ainda a criação da reserva de 2% do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal para os estados que tenham, em seus territórios, unidades de conservação federais e terras indígenas demarcadas. Defendeu, também por meio de um projeto, uma nova estrutura para o orçamento para garantir que verbas destinadas a gastos sociais sejam efetivamente aplicadas nesses setores. Considerada uma dos 100 parlamentares mais influentes do Congresso Nacional, teve sua biografia publicada no Brasil e no exterior.

Ministério – De 2003 a 2008, ela afastou-se do Senado para assumir o cargo de ministra de estado do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Deixava a defesa do meio ambiente no Poder Legislativo para defender as questões ambientais no Poder Executivo. Sua atuação, entre 2003 e 2006, inaugurou um novo modelo de gestão ambiental, que conta com a participação de diferentes setores do governo federal e da sociedade. Foi a partir desse modelo que surgiu o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento, em 2004. Resultado do trabalho de 13 ministérios coordenados pela Casa Civil, o plano foi definidor na redução estimada de mais de 50% na taxa de desmatamento da Amazônia entre 2004-2005 e 2005-2006.

sábado, maio 17, 2008

Manos e Minas - Bom programa



Desde a descaracterização do programa Yo MTV, a cultura Hip Hop estava sem espaço nas grandes emissoras de televisão. Só poderia ser na TV Cultura, uma nova oportunidade: Manos e Minas, comandado por Rappin Hood, um dos rapper mais atualizados do Brasil.
Mesmo na competição com telejornais e novelas, o programa consegue atingir altos indices de audiência. Para quem entende um pouco de comunicação, sabe o que isto quer dizer: sinal de continuidade.
Quando discutimos cotas, não devemos restringir só para o acesso a universidade e empregos, mas também extender a reivindicação para a cultura. Ter um programa voltado para a arte da periferia, onde a maioria é negra, deveria ser obrigação de todas as redes.
Todas as quartas - às 19h30


quarta-feira, maio 14, 2008

120 anos de Abolição?


História - Multidão comemora nas ruas a abolição

Processo mal acabado geral polêmico debate sobre cotas, dentro do STF com participação de intelectuais e militantes do Movimento Negro



Tão complicado quanto a comemoração do Centenário da Abolição, são 120 anos do fato, sem motivos para festejar. Bem mais interessante é ver o movimento por reparações chegar até a Corte Suprema Brasileira.
È algo muito significativo: no STF temos uma prova cabal dos efeitos da má redação da Lei Áurea; há apenas um ministro negro, Joaquim Barbosa. Em um país onde a população descendente de escravo é de 50%.
Semelhante ao clima pré abolição, há uma campanha desavergonhada da grande mídia contra as cotas. As edições das reportagens deixam evidente, uma postura preconceituosa contra as ações afirmativas. Nada surpreendente para quem tiver um tempo para pesquisar os jornais da época da escravidão, onde eram escritos artigos com previsão catastrófica, se não fosse evitado o fim da escravatura.
A necessidade de resgate social do povo negro se faz urgente, quando assistimos um professor universitário, Antonio Natalino Dantas verbalizar, sem vergonha, uma teoria ridícula sobre o baixo desempenho do curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia, na formação cultural do povo baiano, em sua maioria absoluta negra.
Há quem tente reescrever de forma equivocada a História do Brasil, ao colocar a Princesa Isabel, como redentora, quando a verdade em documentos, mostra uma postura vacilante da Família Real para tomar uma atitude em favor do fim do regime de exploração. Desde Dom João VI havia esta cobrança. Portanto, a assinatura da Lei Áurea, nada mais é do que o cumprimento da obrigação. É fruto da pressão das discussões parlamentares e da mobilização abolicionista.
Para o Movimento Negro está colocado um desafio: sair do baile das vaidades e encampar a bandeira das cotas de forma incondicional. Botar na rua uma manifestação, onde o mais importante, não é quem discursa, mas o efeito das palavras.
Zumbi, Dandara, Chico Rei, Xica da Silva e João Cândido, nunca fizeram grandes discursos. A força estava na atitude contra a injustiça racial.
Mas uma das etapas para a implantação de leis de promoção da igualdade racial passa pelas eleições municipais, quando é preciso eleger candidatos comprometidos com o combate ao racismo. Importante separar o joio do trigo. Há candidatos de postura constante em favor da luta e os aproveitadores.
Que a luta venha do exemplo de Nelson Mandela, que ensinou a vencer a segregação, ao convencer que não existiria nação economicamente forte, se fosse desprezada uma parte de sua população. Não há Brasil forte sem a participação de todas as etnias. E para isto acontecer, é necessário fazer a inclusão da juventude negra em universidades.
Que os anti-cotas façam abaixo-assinado. Que nós que somos a favor das ações afirmativas, devemos denunciamos a discriminação e assim daremos os argumentos necessários para os ministros do STF votaram a favor das cotas.







Único - No Supremo Tribunal Federal, apenas o ministro Joaquim Barbosa é descendente de pessoas escravizadas.

quarta-feira, abril 30, 2008

Os anti-cotas e o descascado


Nunca o advogado abolicionista Luiz Gama foi tão atual. Ele chamava de descascados os negros, que se posicionavam contra o fim da escravidão. Para eles, era fácil filosofar, enquanto a maioria sofria no acoite.
Passados anos, os descascados reaparecem. Tipos assim, deixam seus genes para descendentes. Um deles é o integrante do Movimento Negro Socialista, José Carlos Miranda(foto). Olha, conheço muita entidade de combate ao racismo, mas nunca vi este povo.
Ele é um produto muito interessante para o lado da mídia, contraria as Ações Afirmativas. Se diz negro; se coloca como militante e é do PT.
Ele dá a cor a um grupo de supostos intelectuais, inclusive a ex-primeira-dama do Brasil, Ruth Cardoso; criado para pressionar o STF contra as cotas. Duas ações em julgamento dentro da corte suprema do Brasil.
Num regime democrático é permitido que todos possam manifestar suas idéias. Mas é preciso que apresentem alternativas reais para corrigir as desigualdades raciais. Porém, o máximo que fazem é discursar pela universalização da educação.
O movimento negro de verdade precisa reagir: Cotas Já!

E fim da conversa fiada e excesso de discurso.

segunda-feira, abril 21, 2008

As Dandaras no ar


Lucas Robertto e Gabriela Watson, no ar

As mulheres negras sempre surpreendem. Desde o início da escravidão, até dias destes. Por causa deste humilde blog, fui descoberto por uma bela e inteligente estudante de Rádio e TV da Casper Libero, Gabriela Watson, que comanda ao lado de outras mulheres um programa intitulado “Dandaras”, exibido na Rádio Universitária 890 Am, quinzenalmente aos domingos, das 12h às 13h, ao vivo.
O exceção das vozes femininas no ar, fica para fica para Lucas Robertto, boa dicção e conhecimento musical.
O programa tem conteúdo: com a pauta focada sobre as etnias negras. Mas como a Gabriela é uma afro-peruana, há um diferencial: dá para saber mais sobre a cultura africana na América Latina. Só por isto, a trupe feminina já mereceria um prêmio de comunicação social.
Fica ai a dica. Sei que muitos irmãos do continente africano estão atentos a este as novidades deste blog. Deveriam entrar no link e conferir:

Observação: Com minhas fontes, levantei a fica de todas integrantes da produção, principalmente a Gabriela. Consegui descobrir o segredo da qualidade. Todas são pessoas engajadas. Nesta situação vale a idéia do Hip Hop, “só quem é, se identifica”.



Na foto, as Dandaras junto com a cantora Paula Lima.

História - Dandara foi esposa e guerreira de Zumbi dos Palmares. Junto com ele, lutava para livrar os negros da dura vida que levavam. Suicidou em seis de fevereiro de 1694, para não voltar na condição de escrava. Ela representa até hoje liberdade e igualdade,o significado deste nome e a mais bela.
Escrava liberta em 1812, pertencia à nação nagô-jejê, da Tribo de Mahi, muçulmanos africanos conhecidos como no Brasil de Malês, responsáveis por todas as revoltas e levantes negros que abalaram a Bahia nas primeiras décadas do século XIX.

* Cliquem no título para chegar na página da rádio

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Benjamim de Oliveira - palhaço negro


A frase é conhecida: o Brasil não tem memória. Quando se trata dos negros a amnésia é enorme. Vou citar um caso: Benjamim de Oliveira, um dos pioneiros na arte circense da interpretação de palhaço ator, cantor, instrumentista e compositor, nasceu em Pará (atual Pará de Minas) MG em 1870, e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 3/5/1954. Abandonou o lar ainda menor de idade e juntou-se à troupe do Circo Sotero, atuando em números de trapézio e de acrobacia. Estreou como palhaço no circo de Frutuoso Pereira (Rua João Alfredo, Várzea do Carmo, São Paulo SP), por volta de 1889. As primeiras apresentações foram vaiadas. Depois de trabalhar em vários circos, adquiriu experiência bastante para atuar como palhaço do Circo Caçamba, então armado na Praça da República, São Paulo.Aí trabalhou aproximadamente três anos, e, em 1893, obteve o lugar de palhaço principal do Circo Spinelli, famoso na época, no qual encenou quadros cômicos extraídos de operetas e peças burlescas. Na Semana Santa, representou o papel de Cristo, com o rosto pintado de branco, uma vez que era negro. O sucesso dessa idéia de conjugar teatro com circo abriu caminho para a popularização de clássicos, como Otelo, de William Shakespeare (1564-1616), e A Viúva alegre, de Franz Lehár (1870-1948), em que reservava para si os principais papéis masculinos. Nos entreatos cantava lundus, chulas e modinhas, especialmente de seu amigo Catulo da Paixão Cearense, acompanhando-se ao violão. Deixou gravadas algumas músicas na Columbia, por volta de 1910, como o monólogo Caipira mineiro, os lundus As comparações e O baiano na rocha, este em duo com Mário Pinheiro.

Fernanda – 1ª índia com pós graduação




Uma noticia pareceu-me estranha: Fernanda Caingangue é a primeira indígena concluir uma tese de mestrado. O fato ocorreu na Universidade de Brasília. Causa-me espanto, só após 508 anos, após a ocupação européia do solo brasileiro, uma índia conseguir ser chamada de mestre.
O Brasil é um país de péssima preservação histórica. Exceto raríssimos museus, não há registro das centenas etnias indígenas ocupantes deste solo, antes da chegada das naus portuguesas, lideradas por Pedro Álvares Cabral. Foram milhares e atualmente, não são menos de 5% da população brasileira. Segundo o IBGE, os indígenas são 700 mil pessoas, que integram 241 povos falantes de 180 línguas. Talvez por isto, o ineditismo inusitado da noticia
Fernanda é formada em Direito pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Mas o caminho não foi fácil. Dos 17 as 21 anos, ela passou fome para chegar a graduação do curso. O sustento veio da ajuda de uma ONG, através de uma bolsa de 250 dólares mensais. O restante, só Deus sabe o que a menina fez para arrumar.
O nome indígena de Fernanda no dialeto caingangue é Jófej. Atualmente, ela trabalha em um instituto de preservação da cultura de seu povo. Neta de um cacique, ela luta para manter vivo e unido um povo quase dizimado.

Shirley Chisholm - 1ª pré candidata de negra e democrata

Antes de Hillary e de Barack em 2008, há 36 anos, a deputada federal Shirley Chisholm tornou-se a primeira negra a tentar obter a candidatura à presidência. O seu slogan de campanha foi "Não Comprada e Sem Patrões".
Ela era uma liberal que defendia os direitos das mulheres e das pessoas negras, e foi uma feroz oponente da Guerra do Vietnã. Mas seu caráter foi revelado quando um dos seus oponentes na campanha pela candidatura democrata, o racista governador do Alabama, George Wallace, foi vítima de uma tentativa de assassinato em Maryland.
Chisholm o visitou no hospital e foi criticada pela comunidade negra. Quando Wallace a viu, perguntou: "O que o seu povo vai dizer?". Ela respondeu, "Eu sei o que eles dirão. Mas eu não gostaria que o que aconteceu com você acontecesse com mais ninguém".
tornou-se a primeira mulher e a primeira negra a tentar obter a candidatura à presidência. O seu slogan de campanha foi "Não Comprada e Sem Patrões".
Ela era uma liberal que defendia os direitos das mulheres e das pessoas negras, e foi uma feroz oponente da Guerra do Vietnã. Mas seu caráter foi revelado quando um dos seus oponentes na campanha pela candidatura democrata, o racista governador do Alabama, George Wallace, foi vítima de uma tentativa de assassinato em Maryland.
Chisholm o visitou no hospital e foi criticada pela comunidade negra. Quando Wallace a viu, perguntou: "O que o seu povo vai dizer?". Ela respondeu, "Eu sei o que eles dirão. Mas eu não gostaria que o que aconteceu com você acontecesse com mais ninguém".

sexta-feira, janeiro 25, 2008

E ninguém estranha a ausência de modelos negras?


Não sei de quem é a frase, mas ela é muito interessante: “o maior truque do Diabo é fazer as pessoas acreditarem que ele não existe”. Em minha opinião, a mesma idéia podemos aplicar ao racismo no Brasil: ele é forte, pois há uma impressão dele nunca ocorrer, mas está muito forte e articulado.
Um das provas é o cancelamento das cotas na Universidade Federal de Santa Catarina. O fato foi noticiado com estardalhaço, sem levar em conta a existência deste instrumento de inclusão social, em 51 estabelecimentos de ensinos no país, incluindo o caso de Bebedouro. E não há enxurrada de processos.
Santa Catarina é o estado ideal para esta briga. Negros são minoria da população, mas a maioria dos pobres catarinenses. E exceto a cota, não há uma ação sequer para tentar mudar esta realidade.
Santa Catarina é um pedaço do Brasil, que não estranha a ausência de modelos negros no maior evento de moda de São Paulo. O Ministério Público federal vai questionar os organizadores. Será curioso saber qual a justificativa para atitude. Estilistas americanos ou franceses fazem questão de ter modelos negros.
Mas a elite brasileira sempre escondeu sua fase miscigenada. E utiliza de muitas estratégias para justificar seu racismo. O autor da novela Duas Caras, Aguinaldo Silva apela para um pseudo debate sobre atuação do movimento estudantil e negro, para aumentar a audiência de um roteiro fraco. Ele coloca um estudante negro, como um líder picareta, a se aproveitar da própria cor de pele para derrubar o reitor. O uso até irônico do termo afro-descendente ou afro-brasileiro na boca do elenco, para ter a intenção de provar uma ação pública.
Talvez seja saudável ver o debate sobre a existência de pratica racistas neste país e a necessidade de ações para eliminar seus danos, chegue até o STF. Talvez lá seja tomada uma atitude, que o Congresso Brasileiro se recusa a tomar: vota os projetos de lei sobre o assunto.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Lazaro Ramos: ator e militante



O Ceará nos deu ótimos humoristas: Renato Aragão, Chico Anísio e Tom Cavalcanti. Mas a Bahia nos dá ainda ótimos atores. Com a maioria da população negra, seria impossível impedir o surgimento de um grande ator afro-brasileiro: Lazaro Ramos.
Não falo isto por causa do personagem Evilásio, da novela Duas Caras. Ali vemos só uma das melhores atuações dele. Mas Com participações em filmes como: O Homem Que Copiava, Carandiru, Cafundó, Meu Tio Matou um Cara, Ó Pai Ó, Cidade Baixa.
Mas a melhor interpretação para mim fica para Madame Satã, homossexual, de nome João Francisco dos Santos, assíduo freqüentador do reduto da Lapa, nos anos 30, onde trabalhava muitas vezes trabalhou como segurança de casas noturnas, quando defendia prostitutas de agressão física.
Madame Satã enfrentava polícia, e por isto era frequentemente detido por desacato. Mas usava a capoeira para se defender ou lutar em favor de outras vítimas de preconceito.
Mas após várias prisões, inclusive na Ilha da Grande, morre pobre e esquecido. O filme e a interpretação de Lazaro resgataram uma figura singular na História do país.
Diferente de muitos cantores de pagode, Lázaro, sabe ganhar dinheiro com seu talento, mas também o uso para gerar mais consciência critica na população. Neste papel, ele se iguala à outros grandes atores: Milton Gonçalves, Antônio Pompeu e Toni Tornado.
De volta à Evilásio, no começo até torci o nariz para o Romeu e Julieta interracial desempenhado por Lazaro, e Débora Falabela. Mas estou surpreso com o resultado nas ruas: há uma discussão sadia sobre o amor entre brancos e negros. E até reparei que há um aumento desta mescigenação. Bom para reduzir preconceitos.
Porém, prefiro o casal da novela Cobras e Lagartos, Lazaro e Tais, pois muitos homens negros foram educados pelos meios de comunicação à não sentir atração por mulheres negras. Exemplo: famosos jogadores de futebol e pagodeiros.
Mas haverá chance para isto se repetir: o personagem de Evilásio ficará dividido entre: a linda Sheron Menezes e a bela Débora Falabella. Qual ele escolherá e por que?