terça-feira, agosto 30, 2005

AGOSTINHO NETO



No dia 10 de setembro completará 26 anos da morte de Antonio Agostinho Neto – o primeiro presidente da Republica Popular de Angola. Mas ele era também, poeta. Ele é considerado pelo povo angolano como um dos pais da nação.
Agostinho nasceu em 1922 em Icolo Bengo. Teve uma infância semelhante à de milhares de crianças angolana, mas desde cedo nutria uma consciência critica com relação à dominação que a Angola sofria por Portugal. Seu envolvimento político começa na fase estudantil, ligando-se a integrantes da Casa do Estudante – entidade de contestação política.
Aos 26 anos de idade, em 1948, Agostinho participa do Movimento Cultural Nacionalista. A partir deste ponto é reforçada sua formação política e se destaca como líder. Mas não demora a chamar atenta policia repressora portuguesa e é preso, em Lisboa, onde está cursando a Faculdade de Medicina.
A passagem de Agostinho pela cadeia, vai de 1950 a 1957, quando é julgado por atividades consideradas pelas autoridades portuguesas como subversivas. Foi condenado a perda dos direitos políticos por cinco anos. Mas a perseguição continuou com a sua detenção em 1960, em solo angolano, por pregar a independência do país. Ficou mais dois anos preso em cadeia de Cabo Verde e Portugal.
Em 1962, Agostinho consegue articular em Marrocos o MPLA Movimento Popular pela Libertação de Angola – se tornando líder. Sob sua coordenação unem-se FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola – chefiada por Holden Roberto e UNITA – União para a Independência Total de Angola – liderada por Jonas Savimbi.
UNITA E FNLA tinha divergências resultante de suas formações étnicas, onde se reproduzia lutas tribais. A queda do Regime Ditatorial de Antonio Salazar em Portugal enfraqueceu a repressão em Angola, dando chance para o fortalecimento da luta guerrilheira pela independência.
Junto com lideres africanos Almir Cabral, Marcelino dos Santos, Agostinho foi recebido pelo Papa Paulo VI, obtendo apoio internacional a causa.
Em Janeiro de 1975, encurralados pelas tropas guerrilheiras, o Governo Português propõe o acordo de Alvor. Proposta a saída das tropas de Portugal de Angola, a Independência, condicionando a entrega do comando do país a uma coalização de MPLA, FNLA e UNITA.
Mas a saída dos dominadores reascendeu as divergências entres os três grupos políticos, o que resultou numa guerra civil em Angola. E no dia 11 de novembro de 1975 – dominado grande parte do território de Angola, Agostinho Neto proclama a Independência do país. Nesse período é auxiliado na guerra interna com tropas enviadas por Cuba.
Agostinho é um político ideologicamente socialista e acaba se aliando a União Soviética. Imediatamente os Estados Unidos passam a financiar – em clima de Guerra Fria – os integrantes da UNITA. Isso prolongou uma luta interna por décadas.
Mesmo durante esse período conturbado, Agostinho é proclamado presidente de Angola e tenta por quatro anos estruturar o país nos setores de saúde, educação e desenvolvimento econômico. Mas parte das economias de seu governo é consumida com o armamento das Forças Armadas para fazer frente às tropas da UNITA. Em 1977 recebe o premio da paz em Moscou
Aos 57 anos de idade, ainda presidente, Agostinho morre, sem ver concretizado o sonho de uma Angola forte e unida. Situação que começa nesses últimos anos a ser concretizada, mas vagarosamente, pois os anos de guerra civil praticamente destruíram o pouco de infra-estrutura que existia.
Ele foi ainda co-fundador da revista Momento e colaborando com poesias suas nas publicações: Padrão, Cadernos Momento, Mensagem, Itinerário e Notícias do Bloqueio. A sua poesia é um ótimo exemplo de antologia sobre africana. A sua obra mais conhecida é Sagrada Esperança, já publicada em diversos países.

terça-feira, agosto 23, 2005

275 ANOS DE ALEIJADINHO


No próximo dia 29 de agosto, serão comemorados 275 anos do aniversário de Antonio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho – um dos maiores escultores do Brasil. Mas sua historia não é um fato isolado. Existiram durante o período de Escravidão Negra, muitos escultores afro-brasileiros, mas perversamente escondidos das paginas oficiais da Historia do Brasil.
Segundo relato de Thomas Ewbank no livro “A Vida no Brasil”, foi notado muitas esculturas em pedra e imagens de santos em madeira, confeccionadas por negros livres. O destaque vai para João Vermelho, escultor negro, morador de Caetés, estado do Rio de Janeiro. Ele era considerado um dos maiores artistas plásticos do período, tendo suas obras expostas na igreja de Nossa senhora do Rosário do Rio de Janeiro.
Aleijadinho nasceu em 1730, em Ouro Preto. Mas seu talento foi passado por seu pai, o escultor e projetista de igrejas Manuel Francisco Lisboa – autor do risco da Igreja da Ordem Terceira do Carmo. Também é creditado como mentor de Aleijadinho o desenhista e pintor João Gomes Batista e o entalhador José Coelho de Noronha.
A mãe de Aleijadinho era Isabel, uma afro-brasileira escravizada, de propriedade do pai dele. Foi batizado pelo Padre João de Brito na Igreja de nossa senhora da Conceição e por essa razão conseguiu a alforria de pia, ou seja, aquela obtida por concessão do pai. Em alguns casos os padrinhos da criança é que concediam esse beneficio, mediante o pagamento de uma quantia.
O apogeu da extração do ouro propiciou um clima excelente para as Artes Plásticas. E logo Aleijadinho passou a ser um dos artistas mais requisitados em Minas Gerais. Há obras dele nas cidades de Ouro Preto, Sabará, São João Del Rei, Mariana, Caeté, Barão dos Cocais, Tiradentes e Congonhas.
No estilo artístico do escultor é notado: Barroco, Rococó, Clássico e o Gótico. Um dos materiais mais usados por ele é a pedra sabão. Como entalhador disputado fez igrejas e residências, confeccionado inclusive utensílios domésticos.

Mas a partir dos 47 anos, uma doença começou a afeta-lo. Há quem diga que era resultado de enfermidades venéreas mal tratadas, apesar de não haver exatidão nesses dados. A endemia passou a afetar sua mobilidade, até que só pode trabalhar de joelhos.
A partir dessa época o escultor se envergonhou de sua condição e passou se isolar. Num ritual rotineiro passar usar um, sobretudo negro, com mangas e golas altas e usa um chapéu de lã parda de abas larga. Tudo para se esconder. Era raramente visto durante o dia, para esconder suas feições. Para subir grandes escadas para esculpir nas igrejas usava um apetrecho adaptado aos joelhos.
Aleijadinho morreu aos 76 anos de idade, mas depois de passar por dois anos finais de agonia devido o agravamento da doença e impossibilitado de trabalhar. Apesar de falecer solteiro, tinha um filho com Narcisa da Conceição, negra, moradora do Rio de Janeiro. O filho, Manuel Francisco Lisboa Neto e sua nora e neto, viveram sob sua proteção econômica.
O escultor, segundo pesquisas realizadas pelo escritor Mário de Andrade, teve uma ótima condição financeira em vida, mas terminado de forma humilde, pois tinha ajudava muitas pessoas, não acumulando assim fortuna. Serve de atestado de boa condição econômica de Aleijadinho a posse de três negros escravizados.
O reconhecimento nacional de Aleijadinho foi só no século XX, pois em seu tempo sofreu inclusive o preconceito de ser negro e ser brasileiro, infligindo por artistas europeus que subestimavam a arte do escultor. Uma das polemica é que ele nunca tinha visto um leão e em suas esculturas eles serem mais parecidos com cães. Mas isso é puro preconceito!

OBRAS DE CLOVIS MOURA


Livros como Rebeliões da Senzala, Os Quilombolas e a Rebelião Negra e Historia do Negro Brasileiro fazem o professor Clovis Moura ser leitura para quem quer entender a situação da população afro-brasileira no país.
Sua ultima obra, Dicionário da Escravidão Negra no Brasil, escrito com auxilio de Soraya Silva Moura. Ex-militante do PC do B, Moura é o melhor historiador sobre o assunto, que infelizmente ao falecer em dezembro de 2003, não deixou discípulos.

MUSICA PARA UMA LINDA NEGRA!


Unconditional Love
Tu Pac
Composição: Desconhecido
{What y'all want?)
Unconditional Love (no doubt)
Talking bout the stuff that don't wear off
It don't fade
It'll last for all these crazy days
These crazy nights
Whether you wrong or you right
I'm a still love you
Still feel you
Still there for you
No matter what (hehe)
You will always be in my heart
With unconditional love

Come listen to my truest thoughts, my truest feelings
All my peers doing years beyond drug dealing
How many caskets can we witness
Before we see it's hard to live
This life without God, so we must ask forgiveness
Ask mama why God deserved to die
Witness the tears falling free from my eyes
Before she could reply
Though we were born without a silver spoon
My broken down TV, show cartoons in my living room (hey)
One day I hope to make it
A player in this game
Mama don't cry, long as we try
Maybe things change
Perhaps it's just a fantasy
A life where we don't need no welfare
Shit with our whole family
Maybe it's me that caused it
The fighting and the hurting
In my room crying cause I didn't want to be a burden
Watch mama open up her arms to hugging
And I ain't worried bout a damn thang, with unconditionl love

sexta-feira, agosto 19, 2005

Gonzaguinha


É
a gente quer valer o nosso amor
a gente quer valer nosso suor
a gente quer valer o nosso humor
a gente quer do bom e do melhor
a gente quer carinho e atenção
a gente quer calor no coração
a gente quer suar mas de prazer
a gente quer é ter muita saúde
a gente quer viver a liberdade
a gente quer viver felicidade

É
a gente não tem cara de panaca
a gente não tem jeito de babaca
a gente não está com a bunda exposta na janela pra passar a mãonela

É
a gente quer viver pleno direito
a gente quer viver todo respeito
a gente quer viver uma nação
a gente quer é ser um cidadão

É...

Esta letra foi retirada do site Letras.mus.br

segunda-feira, agosto 15, 2005

42 ANOS DA MARCHA DE WASHINGTON


Data: 28 De Agosto de 1963. Local: Washington – Capital Federal dos Estados Unidos. Personagem: um pastor afro-americano de apenas 34 anos de idade, discursando para uma multidão estimada em 250 mil de pessoas. Resultado: um ano depois foi aprovada a Lei dos Direitos Civis – o primeiro passo no Combate ao Racismo dado pelo Governo Federal Norte-Americano. Efeito Colateral: no dia 4 de abril de 1968, com apenas 39 anos, o mesmo orador foi assassinado.
O jovem pastor era Martin Luther King Junior – um dos principais lideres na luta contra a discriminação racial nos Estados Unidos. A Marcha de Washington foi um marco histórico da militância negra que mostrou sua força e organização.
Os coordenadores da passeata estimavam que conseguissem no máximo colocar 100 mil pessoas nas ruas. Igrejas e organizações não governamentais estavam auxiliando nesse transporte. A TV tinha uma visão mais tímida, falava de apenas 25 mil manifestantes.
O começo do evento estava marcado para as 13 horas e 30 minutos. O trajeto seria sair com a passeata atrás da Casa Branca, cruzar as principais vias de Washington, terminando defronte ao Lincoln Memorial. Mas uma bela surpresa animou os organizadores – antes da passeata já tinham conseguido reunir 250 mil pessoas.

Quem eram esses participantes da Marcha de Washington? Não eram só negros e militantes. O movimento de luta pelos Direitos Civis foi abraçado por fazendeiros, advogados, estudantes, operários, até brancos e estrelas de cinema.
Com alguns minutos de atraso começou o ato político, com a cantora afro-americana Camila Willians, cantou o hino nacional norte-americano, acompanhada em coro por todos os presentes. Em seguida falaram as lideranças, que tinham cada um não mais que 8 minutos.
Já eram 3 horas da tarde de um forte verão americano. O publico aguardam ansiosamente a fala do maior orador do dia. Quando o sindicalista Philip Randolph
– respeitável em seus 79 anos de idade. Ele tinha sido o maior idealizador da Marcha, há mais de 20 anos atrás. Randolph presidia a Associação dos Cabineiros de Vagões-Dormitórios. Ele anunciou a fala de Martin Luther King Junior, o publico foi ao delírio. Era o líder moral dos Estados Unidos.
Antes de falar, uma estrondosa salva de palmas recebeu Luther King. Ele iniciou sua fala explicando a realização da Marcha e o porquê do palanque estar daquele local – o Monumento em homenagem ao ex-presidente Abraham Lincoln. Ele foi o presidente que assinou a promulgação da Abolição da Escravidão e p0or isso teve que enfrentar uma Guerra Civil.
Luther King lembrou, porém que o negro ainda não era um cidadão livre. Falou da luta pela garantia dentro da Constituição dos direitos a vida, liberdade e a busca da felicidade. Respondendo as alas radicais do movimento negro representada por Malcolm X, ele disse que o povo negro não deveria matar a sede de liberdade na taça do ódio e da revolta, apesar de argumentar que não deveria ficar satisfeitos com meias-verdades dada pelas elites do país.
Emocionado o reverendo batista largou o discurso e começou a improvisar num trecho muito conhecido hoje “... eu tenho um sonho, que um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos de ex-escravos e os filhos de ex-senhores de escravos possam se sentar juntos à mesa da fraternidade”. Foram minutos de silencio, acompanhado pela multidão em lagrimas, como narra o escritor negro James Balwin.
Luther King terminou seu discurso pedindo que todos desses as mãos e cantassem um velho canto religioso dos tempos da escravidão “ livres finalmente! Livres finalmente! Graças a Deus Todo-Poderoso, estamos livres finalmente!”.
No período da tarde, o então presidente John Kennedy recebeu uma comissão de lideranças da Marcha em seu gabinete de governo, declarando apoio à pauta de reivindicação. Mas não foi ele que colocou a proposta em aprovação pelo Congresso Americano, pois menos de 3 meses depois, ele foi assassinado numa visita oficial a Dallas, no estado do Texas.

“Has anybody here
Seen my old friend Martin
Can you tell me?
Where he has gone

'Coos he freed a lot of people
But it seems the good die young
I just looked around
And he was gone” Canção - Abraham Martin and John –
cantada por Marvin Gaye

OS BASTIDORES DA MARCHA SEGUNDO MALCOLM X

A Marcha teve uma analise acida por Malcolm X, que a apelidou de “Farsa de Washington". Ele reconhece que houve uma adesão de pessoas que antes comportavam de uma forma passiva contra o racismo. Ele critica a participação de negros burgueses ao movimento, fretando trens com ar condicionado e indo para o evento em aviões, enquanto a imensa maioria viajava para a capital federal com carros caindo aos pedaços ou de carona.
O líder do grupo Mulçumano Pretos denunciava que a NAACP – National Association for the Advancement of Colored People (Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor) por angariar boa parte dos donativos causando inclusive uma divergência séria durante a preparação do evento.
A causa disso foi a doação de mais de 800 mil dólares de organização não governamentais não negras, para organização da Marcha. O dinheiro teria vindo, pois as lideranças brancas seriam as verdadeiras articuladoras da Marcha, que deveria ser de protesto e raiva.
Malcolm também criticava a ingenuidade das lideranças que serviram de instrumentos para o marketing político internacional ao deixar que Kennedy passasse a imagem de grande aprovador das reivindicações, quando na verdade , ele tinha resistência aos pedidos.
Em seu livro autobiográfico, Malcolm dizia que era inimaginável ter revolucionários numa marcha onde a única canção era We Shall Overcome (Nós Venceremos), onde os negros oprimidos davam as mãos aos seus opressores. Ele era contrario a tática de Luther King de dar a outra face – modo cristão de fazer militância negra.
Há que indique um pouco de ciúme nas palavras de Malcolm por não ser chamado a discursar. Ele cita que uma pesquisa do jornal New York Times o colocava em segundo lugar como o orador mais procurado nos meios estudantis, perdendo só para o senador Barry Goldwater.
Mas suas palavras são verdadeiras, quando a grande Marcha de Randolph imaginada para pressionar o Governo em Washington foi manipulada e transformou-se num enorme espetáculo cinematográfico e inofensivo.
Essa era a diferença entre Martin Luther King e Malcolm X – um queria uma reforma pró negros dentro do sistema americano e o outro desejava mesmo a revolução popular, destruindo o que existia. Os dois foram barbaramente mortos, onde os mandantes dos crimes são obscuros. Há quem diga que o FBI matinha vigilância ininterrupta nos dois

quarta-feira, agosto 10, 2005

MAIS JORNALISTAS NEGROS NA TV GLOBO


“Mas da metade do país é negra e se esquece
Que tem acesso apenas ao resto que ele oferece
Tão pouco para tanta gente
Tanta gente
Tanta gente na mão de tão pouco
Pode crer
Geração iludida uma massa falida
De informações distorcidas
subtraídas da televisão”
VOZ ATIVA- RACIONAIS MCs
Um dado que aparece despercebido é o aumento significativo de jornalistas afro-brasileiros na Rede Globo. Antes o setor só tinha a presença da pioneira Gloria Maria
, hoje apresentadora do programa Fantástico. Depois veio Zileide Silva e outros numa diversidade étnica na telinha que nos alegra.
Destaca-se também a contratação de repórteres negros para matérias de política e não para as áreas de Esportivas, Entretenimento ou Comportamento. Uma dessas caras novas é a de Andréia Vieira que cobre as reuniões das CPIs em Brasília. Também segue essa linha, embora timidamente a TV Cultura.
Estão defendo sua participação na valorização do profissional afro-descendente as redes de televisão: Bandeirantes, Record e Rede TV. O SBT não conta ainda pois o que tem hoje, não podem chamar de Núcleo de Jornalismo. Na estréia de Ana Paula Padrão – reinaugurando o Departamento de Jornalismo da TV do Silvio Santos, iremos saber se o homem do baú contribui na promoção da igualdade racial.
Se formos falar de novelas a coisa fica meio por igual por todas emissoras. Os atores e atrizes negros estão lá, mas são minoria absoluta e em papeis de pouco destaque.
Exceto no folhetim eletrônico Chica da Silva – exibida em 1996 pela extinta Rede Manchete e agora reaproveitada pelo SBT. Mas assim como aconteceu na novela global “A Cor do Pecado” o problema persiste – é a linda mulher negra amando o homem branco.
O professor Edson Cardoso - Coordenador da Marcha Zumbi Mais Dez, diz que um dos sinais de que o racismo está recuando no Brasil é ver uma novela onde um homem negro disputa o amor de uma mulher negra, como casal principal da trama e após todos os percalços fiquem juntos. É... Parece que isso vai demorar ainda!

Ninguém fala, mas desde o aparecimento da Revista Raça – a coisa tem melhorado. Há criticas sobre o conteúdo dela hoje, mas o empreendimento de Aroldo Macedo – o primeiro editor – deu resultados. Pena que o “pai da criança” não está na publicação hoje para colher os frutos. Mas a atual editora – Conceição Lourenço é competente, mas precisa melhorar as matérias da Raça que repete muito os entrevistados. Falta pauta.

Netinho de Paula continua na luta por sua TV que deve entrar no ar até dia 20 de novembro deste ano. Nos bastidores ele garante ter recursos para mantê-la no ar por pelo menos 5 anos. Torço para isso. Fico agora esperando a atitude de nosso povo negro em dar audiência para ela e assim consequentemente trazer anunciantes. Na verdade é esse o problema que afetou a Raça há anos atrás – a Comunidade Negra não comprava a revista e só queriam tê-la de graça!
Esse é a principal questão – diferente do Povo Preto Americano – Black People

– a Nação Negra do Brasil prestigia muito pouco seus representantes na Mídia. Quantas cartas um Rocco
Pitanga
ou uma Tais Araújorecebem por dia? Mas eu sei quantas cartas e e-mails? Mas eu sei quantas recebem Thiago Lacerda e Débora Secco.
Brasil é um país estranho, que não estranha que todas as ultimas ganhadoras do Miss Brasil sejam brancas e muitas louras – a exemplo da Grazi, ex Big Brother que recheia a edição da Playboy desse mês. Pretas e Pardas são quase 50% da população, mas por incrível que pareça nem são escolhidas para competir. Como diz Mano Brown – racionais Mcs – É ... Negro Drama!

MUSICA DO DIA!!!


Tu Pac - Until The End Of Time

Verse One

Perhaps I was addicted to tha dark side
Some where inside my childhood I missed my heart die
And even though we both came from tha same places
Tha money and tha fame made us all change places
Could it be through tha misery
That can't get past the hard times
Made a true friend afraid to ask my currency
But you could run to me when you need it
I'll never leave honestly someone to believe in
As you can see this is our thang through and true
What can I do real homies help you get through
And comin' new he'd do tha same thang if he could
Cuz in tha hood true homies make you feel good
And happy times we be actin' up call tha cops
Bringin' tha cease to tha peace that was on my block
It never stop, when my mama ask me will I change
I tell her yeah but it's clear I'll always be tha same
Until tha end of time

Chorus:
Take these broken wings, i need ur handles to come
and heal me once again.
So i can fly untill the end of time.

terça-feira, agosto 09, 2005

30 ANOS SEM CANDEIA


Deixe-me ir, preciso andar,
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Deixe-me ir, preciso andar,
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Outro registro sensacional da letra de candeia está no CD “Casa de Samba” Volume 1, quando Leci Brandão e Sombrinha cantam “Testamento de uma Partideiro”.
“Pra minha mulher deixo amor, sentimento, na paz do Senhor
E para os meus filhos deixo um bom exemplo, na paz do Senhor
Deixo como herança, força de vontade, na paz do Senhor
Quem semeia amor, deixa sempre saudade, na paz do Senhor”
Candeia faz falta hoje porque como compositor sempre defendeu a Comunidade Negra e teve uma Militância forte, traduzida em suas canções. Hoje os sambistas apesar de vencer e lucrar muito com o estilo musical são omissos na defesa do povo afro-brasileiro e seus valores.

MANDELA – UM GRITO DE VITÓRIA!


O Documentarista Jo Menell lançou em 1997 um filme imperdível para todos que agora estão meio pasmos a situação política: Mandela – Um Grito de Vitória. Foi indicado ao Oscar de melhor documentário no mesmo ano.
Ele conta a historia de Nelson Mandela com farto material fotográfico e cinematográfico desde sua infância, educação, militância e eleição para a presidência daquele país. O Documentário é ótimo, pois não deixa de mostrar a vida sentimental do líder, que foi complicada, principalmente com Winnie Mandela – acusada de assassinato.

Mandela é um líder único, pois mesmo após 27 anos de prisão injusta, como governante, não fez um mandato de vingança e sim trabalhou para um país para todos – brancos negros e imigrantes.
O “Mandela” tem uma bela trilha sonora, coordenada por Cedric Samson e Hugh Masekela, com canções executadas por músicos sul-africanos.
Pessoalmente Mandela é meu modelo de militante político, que ocupou o poder e mesmo com tantas pressões, não desviou-se um só milímetro de projeto coletivo de seu partido – CNA- Congresso Nacional Africano.
Assistam! Pena que ainda não saiu em DVD, pois a cópia que tenho é em VHS e já está se deteriorando.

MAE MENINHA DO GANTOIS


Dia 13 de agosto de 1986 o Mundo perdeu a mãe de santo mais querida do Brasil, Mãe Menininha do Gantois. Ela que nasceu no século XIX, em 1894, no dia 10 de fevereiro.
Mãe Menininha era da uma grande linhagem no Candomblé. Sua família era do Terreiro de Axé La Mas Se, que foi aberto por sua bisavó, Maria Júlia, da nação kerere, da Nigéria.
Já com 28 anos de idade Mãe Menininha se tornou Ialorixa e com anos foi ganhando respeito de todos. Políticos e artistas freqüentavam seu terreiro: senador Antonio Carlos Magalhães; os cantores Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Gilberto Gil, o escritor Jorge Amado, artista plástico Caribe, estudioso e fotografo Pierre Verge.
É importante a lembrança dela nesse momento quando programas de televisão, principalmente nas Redes Mulher e Record atacam estrategicamente as religiões de matriz africana. Outra que ajuda nessa distribuição é a equivocada Luciana Gimenez da Rede TV, que volta e meia no seu programa SUPERPOP – promove pseudos debates sobre as praticas no candomblé ou no umbanda. Mas a culpa é também dos babalorixas e ialorixas que se prestam a participar desse programa.
É um momento crucial para as religiões de Matriz Africana. 19 anos após a morte de Mãe Menininha é preciso uma liderança respeitada quanto ela, para unir a todos para organizar a resistência a destruição da única coisa que povos africanos escravizados puderam trazer nos navios negreiros – a fé.

segunda-feira, agosto 08, 2005

ECONOMISTA QUENIANO DÁ ENTREVISTA NA VEJA


Não percam na Revista Veja dessa semana, a entrevista do economista queniano James Shikwati. Formado pela Universidade de Nairóbi e diretor da Rede Econômica Inter-Regional.
A entrevista tem o titulo “A Ajuda Atrapalha” – onde Shikwati defende o auto desenvolvimento da África. E diz que as doações internacionais só atrapalham.

BUENA VISTA SOCIAL CLUB PERDE IBRAHIM FERRER


Faleceu com 78 anos de idade no ultimo sábado, dia 6 de agosto, o cantor cubano, Ibrahim Ferrer, em Havana. Segundo informações oficiais ele morreu devido a complicações de uma gastroenterite. Ele ficou mais conhecido do mundo através do filme e disco Buena Vista Social Club – produzido pelo musico norte-americano Ry Cooder. O enterro era previsto para está segunda feira.
Ferrer nasceu no dia 20 de fevereiro de 1927 na cidade de San Luis, na província de Santiago de Cuba. Teve uma infância difícil, perdendo a mãe, com 12 anos foi obrigado a vender pipoca e balas nas ruas para ajudar em casa. Sua oportunidade musical surgiu com ajuda de um primo que o convidou para participar do grupo Jovenes del Son.
Em 1956 foi seu melhor ano, quando consegue gravar o disco El- Plantanar de Bartolo, gravado com a OrquestraChepin-Choven, de Santiago – Cuba. Foi um sucesso. No ano seguinte foi convidado pela Orquestra Ritmo Oriental, onde se apresentava com os grupos Pancho Alonso e Los Boculos. Mas desiludido pela falta de retorno financeiro, aposentou-se em 1993.
Foi redescoberto em 1996, por Cooder para o projeto Buena Vista Social Club, que reunia todos os grandes cantores e instrumentistas cubanos em um álbum musical. O reconhecimento mundial foi conseguido. O que causou a edição do disco Buena Vista Social Club Apresenta Ibrahim Ferrer, em 1999, chegando à cifra de 1,5 milhões de cópias vendidas em todo o mundo, obtendo inclusive o premio da indústria fonográfica norte-americana Grammy.
Já estava no terceiro disco solo com sucesso, o Mi Sueno. Quando chegou sábado em Cuba, estava vindo de uma turnê na Europa de divulgação do disco. Mas o sucesso com os boleros não foram saboreados até o fim, vindo a morrer neste dia 6 de agosto de 2005, no Centro Medico Cirúrgico de Havana.
Também já faleceram no Buena Vista Social Clube, Ruben Gonzáles e Company Segundo

REVOLTA DOS ALFAIATES – LIBERDADE, FRATERNIDADE E IGUALDADE



No dia 12 de agosto de 1798 tinha inicio um dos movimentos abolicionista e de independência, menos conhecidos do Brasil – A revolta dos Alfaiates ou dos Búzios. Comparado a Inconfidência Mineira, a articulação na Bahia era mais arrojada, pois propunha a libertação das pessoas escravizadas – coisa que Tiradentes e companhia limitada não pensaram. A revolta foi inspirada na Revolução Francesa, 1792 – nos ideais: Fraternidade, Liberdade e Igualdade.
As autoridades portuguesas até que tentaram evitar que as idéias francesas chegassem à colônia brasileira, mas a vinda em 1796 de um francês de nome Larcher acabou pondo por terra a estratégia. Cientes da presença do partidário da revolução na França, o colocaram sob vigilância, mas os soldados encarregados terminaram apaixonados pelos fatos que aconteciam na Europa. Não era difícil isso acontecer, pois eles eram brasileiros e não concordavam com a situação que estava sendo submetido o Brasil.
Outro influenciado pelas idéias do francês, foi o farmacêutico o João Ladislau Figueiredo e Mello, que cedia sua residência para reuniões, que participavam membros da elite baiana, mais ligados aos setores liberais. Entre eles o padre Francisco Agostinho Gomes e até um senhor de engenho – Inácio Siqueira Bulcão. Inclusive livros de pensadores iluministas eram lidos e distribuídos, apesar da forte fiscalização portuguesa contra esse material.
Nesse período os senhores de engenhos estão beneficiados pelo aumento da produção da cana-de-açúcar, que substitui no mercado internacional o mesmo produto cultivado em São Domingos, palco da revolta dos escravos. Mas a recusa desses produtores em cultivar gêneros alimentícios aumentou a inflação sobre a comida, criando descontentamento na população pobre.
Também chamada de Inconfidência Baiana, a Revolta teve efetivo inicio com a divulgação de panfletos feitos por Luis Gonzaga das Virgens, com as seguintes idéias: 1º - Independência da Capitania; 2º Governo Republicano; 3º Liberdade de comercio e abertura de todos os portos; 4º Cada soldado receberia soldo de duzentos réis por dia; 5º Libertação das pessoas escravizadas. O material foi afixado e distribuídos nas ruas de Salvador. Delatado, Luis, foi preso no dia 24 de agosto de 1798.
No texto dos panfletos constava a seguinte frase: "Povo que viveis flagelados com o pleno poder do indigno coroado, esse mesmo rei que vós criastes; esse mesmo rei tirano é o que se firma no trono para vos veixar, para vos roubar e para vos maltratar." E outro se lia: "Animai-vos Povo Bahiense que está por chegar o tempo feliz da nossa liberdade: o tempo em que todos seremos iguais".
Das Virgens era um soldado do 2º Regimento, ligado à ala mais radical e popular do movimento, formada por negros livres. Faziam parte desse grupo o soldado Lucas Dantas de Amorim e os alfaiates João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino de Santos Lira. Estes ainda tentaram libertar Luis Gonzaga da cadeia, mas sem sucesso.
João de Deus foi motivado a participar da Revolta, por tomar conhecimento das noticias sobre a Revolução Francesa e a luta pela Independência do Haiti, liderada por Toussaint Breda. João tinha 37 anos, era alfaiate renomado e pai de cinco filhos. Foi imediatamente preso após a distribuição dos panfletos por sua fama de apaixonado pelos ideais revolucionários. Enfim: era tido pelas Forças Repressoras da Coroa Portuguesa como subversivo.
Também participaram dessa ala Cosme Damião, pardo escravo; Felipe e Luís, escravos; José do Sacramento, pardo alfaiate; José Félix, pardo escravo; Joaquim Machado Peçanha, pardo livre; Luís Leal, pardo escravo; Inácio Pires, Manuel José e João Pires, pardos escravos; José de Freitas Sacoto, pardo livre; José Roberto de Santana, pardo livre; Vicente, escravo; Fortunato da Veiga Sampaio, pardo forro; Domingos Pedro Ribeiro, pardo; o preto Gege Vicente, escravo; Gonçalves Gonçalo de Oliveira, pardo forro; José Francisco de Paulo, pardo livre e Félix Martins dos Santos, pardo.
Não podemos deixar de destacar a participação feminina na elaboração da revolta, entre elas Ana Romana e Domingas Maria do Nascimento, que ajudaram na distribuição e divulgação dos ideais da revolta.
A ala mais abastada da Revolta era formada por integrantes da Loja Maçônica, que se denominavam – Cavaleiros da Luz. É importante citar que nos paises colonizados na América, as Lojas Maçônicas foram responsáveis pelo incentivo à independência das nações européias. Entre os integrantes desse grupo se destacavam quatro brancos, todos intelectuais, Cipriano Barata, Aguilar Pantoja; Oliveira Borges e Moniz Barreto. Este ultimo de primeiro nome Francisco, era professor e foi autor do Hino da Independência Baiana. No julgamento dos acusados de insurreição ela foi recitada por eles em nome da própria defesa.
Mas todos os componentes dessa ala do movimento foram covardes, ao negarem a participação na preparação da revolta, sendo inclusive todos absolvidos. Eles arrumaram testemunhas pagas que juraram inocência ou deram álibis falsos para os afastarem da condenação.

Cipriano Barata
Cipriano Barata, medico formado em Medicina na França, e apelidado de médico dos pobres veio a se destacar em outro movimento de emancipação brasileira, a Inconfidência Pernambucana em 1817. Foi ainda deputado pela Bahia, pelas Cortes Constituintes de Lisboa. Declarado opositor da Monarquia foi preso por várias vezes, morrendo aos 70 anos em 1838, como um dos maiores críticos de Dom João VI e Dom Pedro I. Ele teria sido o responsável pela adesão de negros ao movimento por consultar a população de baixa renda e não cobrar, sendo próximo a Luiz Gonzaga das Virgens. Ao divulgar a idéia de uma republica sem discriminação racial e sem escravidão rapidamente conseguiu adeptos.
Assim como aconteceu na Inconfidência Mineira, em 1789, os intelectuais eram entusiasmados nos discursos das reuniões as portas fechadas, mas incapazes de organizar o movimento de forma objetiva, ficando em intermináveis planejamentos e analises. Os negros por fazem parte da camada mais sofrida durante a Monarquia, foram os mais ativos e acabaram tomando a coordenação da Revolta. A possibilidade de abolição da escravidão trouxe muitos adeptos.
Os panfletos de Luiz Gonzaga chegaram até a mesa do governador da Bahia, que imediatamente ordenou que o chefe da policia prendesse os envolvidos. O primeiro detido foi o escrevente Domingos da Silva Lisboa, por ter sua letra reconhecida no material apreendido, mas era inocente. A suspeita recaiu depois sobre Luiz que tinha for fama afrontar as autoridades locais com os mesmos argumentos contidos nos panfletos. No ato da detenção foi também feita uma busca e apreensão de material e foram encontrados livros de filósofos iluministas e boletins franceses favoráveis à revolução francesa. Ele foi barbaramente torturado para divulgar outros envolvidos, mas não delatou ninguém.
Por ordem da rainha portuguesa Dona Maria I - 59 pessoas foram investigadas e até torturadas, sendo 34 processadas e apenas 4 negros sentenciados a morte pela forca. . Os pobres: Inácio da Silva Pimentel, Romão Pinheiro, José Félix, Inácio Pires, Manuel José e Luiz de França Pires, foram acusados de envolvimento "grave", recebendo pena de prisão perpétua ou degredo na África.
João de Deus, um dos condenados, durante o processo, tentou-se passar por demente, mas uma junta médica acabou derrubando o argumento. Junto com ele foi condenado Manuel Faustino, Lucas Dantas e Luiz Gonzaga das Virgens. Isso apesar dos advogados de defesas argumentarem que os textos estavam acima de suas capacidades intelectuais, para tirar deles a qualificação de mentores da revolta.
Também foi condenado a morte Romão Pinheiro e seus parentes considerados infames, mas apelou e sua pena seria atenuada para degredo. Os escravos Cosme Damião e Luís da França Pires também foram sentenciados. Damião foi enviado para a África e Pires, que conseguira fugir, foi condenado à morte a revelia.
Enforcamento dos líderes negros da revolta
No dia 8 de novembro de 1799, os quatro condenados foram levados num cortejo triste pelas vias publicas de Salvador, sendo assistidos pela população local, formada em 80% por negros, que fazia silenciosa reverencia aos seus heróis. Na execução Manuel Faustino e Lucas Dantas recusaram a extrema unção oferecida por um frei franciscano, que lhes oferecida desde que se arrependessem de seus pecados. Eles responderam que não tinha nenhum pecado, ao contrario de seus acusadores e da rainha portuguesa.
Próximo ao dia da execução em seus últimos contatos com parentes, eles lamentavam a covardia da elite que não tomou parte da revolta e se miraram no exemplo dos negros haitianos que estavam fazendo sua revolução dirigida por eles mesmos e matando todos os colaboradores com os brancos. Tinham se inspirados na Revolução da França, mas tarde descobriram que sua motivação e estratégia deveriam ter sido a mesma do Haiti.
 Na seria difícil que uma revolução nos moldes do Haiti tivesse sucesso no Brasil. O exercito era composto em sua maioria absoluta de negros e apenas chefiado por oficiais brancos. Situação semelhante dos haitianos. Mas a confiança nas lideranças não afro-brasileira se mostrou uma atitude errada, pois elas negociaram suas condenações, assim como aconteceu em Minas Gerais.
Os quatro acusados foram enforcados na Praça da Piedade e tiveram as suas cabeças cortadas e demais partes do corpo espalhadas pela cidade, penduradas em varas de pau. Mas o exemplo deles foi assistido por futuros participantes de novas insurreições baianas. Inclusive aqueles que tiveram papel fundamental na Revolta dos Malês, em 1835.

domingo, agosto 07, 2005

Nilo Peçanha, o presidente mulato


Você sabia que o Brasil já teve um presidente afro-descendente e que era pobre e tinha apenas 41 anos de idade? Com certeza não, pois os livros escolares omitem o fato. Foi o carioca Nilo Peçanha, que governo o país de 1908 a 1910. Foi há quase 100 anos atrás, mas é verdade!
Peçanha substituiu o então presidente Afonso Pena que morreu durante o mandato, pois os dois foram eleitos juntos. Nilo nasceu em 1867 em Campos, Rio de Janeiro, estado em que chegou a ser presidente(governador) em 1903, com apenas 36 anos. Republicano, foi ainda deputado e senador. Em 1917 foi ainda Ministro de Relações Exteriores do país e como chanceler colocou o Brasil ao lado dos Aliados na Primeira Grande Guerra Mundial.
É lógico que olhando as imagens dele, não dá para perceber isso, pois tanto Nilo Peçanha e o escritor Machado de Assis são retratados sem traços negros e sua etnia nem citada em suas biografias. E eles infelizmente nunca fizeram questão de se declararem afro-brasileiros.
Outro fato que escapa a população negra é que por um breve período, tiveram antes que qualquer país na América, o primeiro partido negro. Em 1931 foi fundada em setembro a entidade Frente Negra Brasileira, na cidade de São Paulo destinada a lutar pelos direitos do povo afro-brasileiro. Mas a consciência política adquirida durante a militância fez com a ONG torna-se um 1936 – um partido político.
Entretanto a experiência durou pouco. O ditador Getúlio Vargas no ato para extinguir legendas como o Partido Comunista do Brasil, colocou junto a Frente Negra – a tornando ilegal. Foi em 1937. Mesmo com a redemocratização do país em 1945, nunca mais os negros conseguiram organizar de tal forma.
Hoje há poucos negros envolvidos na política. Somos a metade da população brasileira, mas não temos coesão política para elegermos nossos representantes. Mas isso não é culpa dos afro-descendentes e sim da situação sócio econômica. Não temos dinheiro para campanhas políticas muitas vezes financiadas a base do caixa dois. O que temos mal dá para o caixa um e único.
E o pior de tudo é que o povo negro é vitima da compra de votos. E o candidato que faz isso é justamente aquele que se elege sem proposta de promoção da igualdade racial. Esse político não é bobo, pois o racismo, a miséria e a má distribuição de renda são suas fontes de renda. Para ele, combater isso é se desempregar. 

terça-feira, agosto 02, 2005

HÁ 561 COMEÇAVA A ESCRAVIDÃO NEGRA!


E não importa se os olhos do mundo inteiro
Possam estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque um batuque
Com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária
Em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula
HAITI- Caetano Veloso e Gilberto Gil


No próximo dia 8 de agosto, fará exatos 561 tinha inicio o mais perverso sistema de escravidão que a humanidade já registrou. Foi neste dia, em 1444, partido de Lagos, Portugal, a primeira expedição em direção a África com a única finalidade de capturar pessoas e escraviza-las. Era chefiada por Lançarote de Freitas – que fundou uma empresa especializada nesse objetivo.
Lançarote chefiou uma expedição de seis navios, que chegou a ilha de Zaar, próximo a Nigéria. 165 pessoas foram capturadas num ato de barbárie. As pessoas se escondiam em suas simples cabanas, fugindo dos portugueses, que as incendiavam, matando idosos, crianças e mulheres.
A expedição ainda passou pela ilha de Tider, onde mais 60 pessoas foram seqüestradas e 14 pescadores da Ilha de Cabo Branco também sofreram a captura pelos portugueses.
Os fatos são narrados por Gomes Eanes de Zurara, em “Crônicas do Descobrimento e Conquista da Guiné”.