quinta-feira, julho 14, 2005

SIMONAL – PRIMEIRO IDOLO BLACK DO BRASIL



Meu limão, meu limoeiro
Meu pé de jacarandá
Uma vez skindô lelê,
outra vez, skindô lalá





O Brasil que hoje assiste e aplaude Netinha de Paula como apresentador de TV, pouco se lembra que nos anos 60 teve um artista negro também famoso e muito injustiçado em seu fim de vida: Wilson Simonal. Ele foi o primeiro ídolo negro com consciência negra e antenado com o Movimento Black Power que ocorria nos Estados Unidos.
Simonal nasceu no mês de fevereiro, em 1938, no dia 23 – quarta-feira de cinzas. Cidade: Rio de Janeiro. Seu nome verdadeiro é Wilson Simonal de Castro. O pai era um radiotécnico que abandonou a esposa, uma simples cozinheira, Simonal e seu irmão José Roberto.
A infância de Simonal foi difícil. A mãe trabalhando em casas de ricas famílias da zona sul do Rio alimentava os filhos com restos das refeições delas. Mas houve uma época que até isso secou e ela foi obrigada a deixar os meninos em colégio interno – onde teriam comida e estudo garantidos.
Mesmo assim, desde menino alimentava sonho de se tornar um artista. E a primeira oportunidade que apareceu, ele não jogou fora: programa clube do Rock, na extinta TV Continental, apresentado por Carlos Imperial. Mesmo com duas horas de atraso, conseguiu comover Imperial, que tornou Simonal seu secretário. Juntos vieram criar um estilo musical que o consagrou: a “pilantragem”.
E para homenagear sua namorada, Teresa Pugliesi, compôs a musica que viria a ser seu primeiro sucesso gravado – “Teresinha”, feita em parceria com Imperial. Além de virar hit, a canção conquistou de vez o coração da amada e eles casaram. Frutos desse casamento são os músicos Max de Castro, Simoninha e única menina – Patrícia.
Outra parceria que lhe impulsionou a carreira foi com a dupla Carlos Miéli e Ronaldo Bôscoli, que produziram seu famoso show no Maracanãzinho, que lotou com mais de 30 mil pessoas cantando suas musicas. A partir daí estouraram convites para participar de festivais nacionais e internacionais.
Até que surgiu a proposta de apresentar um programa de televisão. O canal era a extinta TV Tupi, e o programa de nome “Spotlight”. Foi um tremendo sucesso, que logo foi oferecida uma outra chance. Foi na TV Record e com um programa só seu e com seu nome: “Si Monal”.
Tanto na TV, quanto nos shows, Simonal conseguiu um feito para época – conseguiu patrocinadores sensacionais e de multinacionais. Entre eles a Rhodia e a Shell. Era enfim um símbolo sexual e um ícone negro. Cantava musicas em homenagem a Martin Luther King e exaltação ao orgulho e a beleza afro brasileira. Canções como “Meu Limão, Meu Limoeiro”, “Patropi”.
Mas em 1971 a carreira de Simonal foi destruída. Desconfiado da atuação de seu contador, suspeito de desviar dinheiro, o cantor o demite. O ex-funcionário se vinga acusando sem prova de ser um informante do Serviço Nacional de Informação – SNI. O fato vai para o jornal de oposição ao Regime Militar – o Pasquim, sem ser devidamente checado. E ainda foi jogada nas costas de Simonal a fama de delator de outros músicos, simpáticos à esquerda.
Mesmo que falando o contrario, o clima político da época não deu tempo para que pudesse se defender e não demorou que as portas se fechassem. Ele ainda conseguiu na Redemocratização do país, ter acesso a documentos oficiais através de um “Hábeas Data” que provava que ele nunca tinha colaborado com os ditadores. Percorreu as redações dos jornais solicitando o mesmo espaço que foi usado para difamá-lo para se retratar. Poucos o atenderam.
Há pouco tempo atrás, o jornal Folha de São Paulo, fez uma reportagem comprovando que Simonal dizia a verdade, mas foi tarde. O ídolo negro morreu em 2000, no dia 25 de junho. No atestado de óbito consta que a causa morte foram derivados a cirrose. Mas seus familiares justificam que ele morreu mesmo foi de desgosto

Nem vem que não tem
Pra virar cinza minha brasa demora!
Michô meu papo, mas já vamos'imbora!
Eu nesse embalo vou botar pra quebrar
Sacudim, sacundá, sacundim, gundim, gundá

3 comentários:

Anônimo disse...

Otimo Marco, o Simonal foi uns dos meus idolos na minha juventude, sua vida foi um grande exemplo de luta e persistencia. Que Deus o tenha.

jessie navajas disse...

Hoje estou lendo o livro "Nem vem que não tem", após ter me emocionado com o documentário sobre o maior cantor brasileiro de todos os tempos: Wilson Simonal.
No meu carro só toca "hits" do Simonal.É preciso homenagear a quem merece por talento e por criatividade.
Jessie Navajas

Anônimo disse...

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